DOCUMENTOS DA IGREJA E ECUMÊNICOS

  • BULA PATRIARCAL N. 128/1983
    • “Verificamos que a V. Emª. não estaria criando algo novo. Ao contrário, estão devolvendo a Santa Igreja no Brasil, sua vitalidade e a originalidade de sua missão, que nada contradiz os nossos princípios, aperfeiçoando-a, isso sim e lhe devolve seus horizontes internacionais”


       
      Sua Eminência Metropolita Mar Crisóstomo Moussa Salama, nosso irmão no Senhor, Delegado Patriarcal da Evangelização no Brasil.
      Orações e paz no Senhor!!!.
      Em nosso Sínodo Antioquino de 1983, que contou com a sua participação, abordamos os assuntos relativos ao presente e futuro da nossa Igreja no Brasil, no que diz respeito às comunidades que a compõem, tanto de origem oriental como de origem brasileira.
      Tomamos conhecimento de um movimento, em nível local, de expor os tesouros da nossa Santa Igreja em países novos e numa grande nação, que o ocupa lugar de destaque, no mundo de hoje e no futuro. Verificamos que a V. Emª. não estaria criando algo novo. Ao contrário, estão devolvendo a Santa Igreja no Brasil, sua vitalidade e a originalidade de sua missão, que nada contradiz os nossos princípios, aperfeiçoando-a, isso sim e lhe devolve seus horizontes internacionais. Estamos, pois, certos de que a sua empreitada é obra do Espírito Santo, realizando, assim, a continuidade da missão da Igreja Antioquina e da visão antioquino-siriana, nas regiões do Brasil.
      Assim, sem dúvida, demanda grandes esforços, imensos sacrifícios e profunda compreensão da parte de todos, de certos conservadores entre nossos filhos e responsável prudência por sua parte. Trata-se de um estágio de transição, de um ambiente estreito para outros mais amplos. Até que todos se convençam de que “Deus concedeu, também aos povos, o privilégio de voltar para Ele e receberam a vida eterna”. Atos 11, 18.
      Viemos, portanto, através dessa Bula Patriarcal e Apostólica, colocando as duas Igrejas de Santa Maria, em São Paulo, e a de São Jorge, em Campo Grande, MS, sob direta administração de nossa Sé Apostólica, até outra ordem. Renovamos, ao mesmo tempo, a sua designação Metropolita Delegado Patriarcal para a evangelização no Brasil. Outorgamos-lhe jurisdição sobre a Igreja de São Pedro, em Belo Horizonte, MG, e sobre as demais Igrejas e comunidades que já se integraram ou venham integrar à nossa Igreja Ortodoxa Siriana. Isso, no entanto, em nada impedirá a cooperação de ambos os lados, visando à glória de Deus e à grandeza de sua santa Igreja. Recomendamos, assim, que V.Emª. adote um critério minucioso junto aos que desejarem retornar ao Credo da Santa Igreja, conforme o Santo evangelho, a fé da nossa Santa Igreja e nossas ordens apostólicas. Reafirmamos os seguintes princípios:
      1º – aceitação do Credo Niceno, sua interpretação e abrangência, conforme o abordamento da nossa Igreja Ortodoxa Siriana, isto é, a insistência sobre a unidade de Cristo Deus.
      2º – a fidelidade canônica a nossa Sé Apostólica Antioquina, a exemplo de suas igrejas.
      3º – registro das igrejas, instituições, obras pias e estatutos em nome da Delegacia Patriarcal Siriana Ortodoxa de Evangelição no Brasil, filiadas ao patriarca de Antioquia e todo o oriente dos ortodoxos sirianos e a constatação do nome pessoal do patriarca em todos os registros oficiais.
      4º – o uso da liturgia e demais ritos da Igreja Ortodoxa Siriana, mesmo traduzindo no idioma do povo fiel.
      Ao tecermos elogios aos seus esforços e abraçar suas obras boas, redobramos-lhe a bênção apostólica e auguramos toda prosperidade, ventura e grandeza, para a delegacia patriarcal ortodoxa siriana de evangelização no Brasil… Damasco, aos oito de março de 1983, (a) Ignatius Zaqueu I Iwas, Patriarca de Antioquia e todo o oriente supremo, Hierarca da Igreja Católica Ortodoxa Siriana.
      Publicada originalmente em:
      Tradução: Dom Crisóstomos Moussa M. Salama
      FILHO, José Faustino. Coletânea de textos teológicos sobre a Igreja Cristã Ortodoxa. Tomo I, 2001, pp.65-66.aaaa

  • BULA PATRIARCAL N. 245/1988
    • “S. Emª. Arcebispo e nosso irmão nos convidou com insistência, para visitar o Brasil e ver de perto o avanço desta obra apostólica. Prometemos-lhe tentar o possível, para atender o convite, a fim de apreciar o trabalho missionário e o vosso bem-estar espiritual”
        
      Em nome de Deus Eterno, Auto-existente e Onipotente, Ignatius Zaqueu I Iwas, Patriarca da Sé Apostólica Antioquina e todo Oriente e supremo dignitário da Igreja Católica Ortodoxa Siriana (carimbo).
      Aos nossos filhos espirituais: Presbíteros, Diáconos, membros dos Conselhos Paroquiais, Sociedades e demais fiéis da nossa Igreja Siriana Ortodoxa. Que a Providência Divina vos proteja, com a intercessão da Virgem Maria e demais Santos, Amém.
      Enviamos a benção apostólica, munida de orações, indagando por vosso bem-estar e comunicando o seguinte: Sua Emª. Nosso irmão Crisóstomos Moussa Matamos Salama, nosso Delegado Patriarcal de Evangelização no Brasil, acaba de nos visitar em nossa sede patriarcal de Damasco, renovando sua fidelidade canônica à nossa Catedral Petrina. Alegramo-nos pela notícia de expansão da Evangelização na América do Sul, havendo Deus aberto novos horizontes, para a glória do seu santo nome.
      S.Emª. Arcebispo e nosso irmão nos convidou com insistência, para visitar o Brasil e ver de perto o avanço desta obra apostólica. Prometemos-lhe tentar o possível, para atender o convite, a fim de apreciar o trabalho missionário e o vosso bem-estar espiritual. Isto será, querendo Deus, nos fins de abril ou no início de maio do próximo ano.
      Enviamo-lhes esta nossa ordem Patriarcal, pelas mãos de S.Emª., o Arcebispo Moussa Matamos Salama, para ter a certeza de nosso amor paterno a todos vós. Ao mesmo tempo, esclarecermos uma verdade, que jamais esquecereis. Mesmo que estais sob direta jurisdição patriarcal em vossa administração eclesial, vós tendes, junto a vós, nosso irmão o Arcebispo Moussa Matamos Salama, Arcebispo da Evangelização na América do Sul. É, pois, muito justo que colaboreis com ele, em tudo aquilo que faça prosperar a nossa Igreja Ortodoxa Siriana no Brasil, convidando-o para vossas Igrejas, nas oportunidades, prestando-lhes as devidas honras, como a um Arcebispo da Sé Apostólica Antioquina e se aproveitando de sua vasta sabedoria e de sua valiosa experiência, no serviço da Igreja.
      Nós vos exortamos a cooperar com ele, na organização da programação de nossa visita a vós, se concretizar, pela vontade divina.
      É o que se nos apresenta no momento. Que a graça de Deus esteja convosco. Pai Nosso… Damasco, 27 de setembro de 1988.
      Publicado originalmente em:
      Tradução: Dom Crisóstomos Moussa M. Salama
      FILHO, José Faustino. Coletânea de textos teológicos sobre a Igreja Cristã Ortodoxa. Tomo I, 2001, pp. 67-68.

  • BULA PATRIARCAL N. 246/1988
    • “E agora, por nossa autoridade apostólica, nós vos outorgamos a jurisdição sobre toda a AMÉRICA LATINA, para estender a missão evangelizadora, a base dos nossos princípios que haveríamos estabelecidos para a Evangelização no Brasil, no ano de 1983″

      S. Emª., nosso irmão Mar Crisóstomos Moussa Matamos Salama, nosso Delegado Patriarcal de Evangelização, saúde e paz no Senhor!

      Em resposta a vossa missiva datada de 27 do mês em curso, apraz-nos manifestar a nossa imensa satisfação pelas noticias de expansão da Fé cristã em certos cantos do Brasil. Agradecemos a Deus, que faz a semente da vida crescer. E agora, por nossa autoridade apostólica, nós vos outorgamos a jurisdição sobre toda a AMÉRICA LATINA, para estender a missão evangelizadora, a base dos nossos princípios que haveríamos estabelecidos para a Evangelização no Brasil, no ano de 1983.

      É o que se nos apresenta no momento. Que a graça de Deus esteja convosco. Pai Nosso… (a) Ignatius Zaqueu I Iwas, Patriarca de Antioquia e todo o Oriente. (carimbo), Damasco, aos 28 de setembro de 1988.

      publicado originalmente em:

      Tradução: Dom Crisóstomos Moussa M. Salama

      FILHO, José Faustino. Coletânea de textos teológicos sobre a Igreja Cristã Ortodoxa. Tomo I. Gráfica Venâncio & Andrade: Goiânia, 2001, pp. 68-69.

      Enviado em 10/08/2002
  • BULA PATRIARCAL - NÚMERO: 300/2009
    • Número: 300/2009
      Data: 24/05/2009
      EM NOME DE DEUS ETERNO E ONIPOTENTE.
      IGNÁTIUS 1° IWAS. PATRIARCA DE ANTIÓQUIA, TODO
      ORIENTE E SUPREMO CHEFE DA IGREJA SÍRIAN ORTODOXA.
      Enviamos aos nossos amados e estimados filhos espirituais, clero e demais
      membros leigos da nossa Igreja ( missionária ) Sírian Ortodoxa no Brasil, a nossa
      bênção Apostólica, munida de preces, pela paz e bem-estar de todos. Que a
      Providência Divina vos proteja, pela Santa intercessão da nossa Senhora Virgem
      Maria, São Pedro o líder dos apóstolos, com os demais Santos e Mártires. Amém.

      Com imensa alegria recebemos nos dias 15 e 16 de Maio do ano 2009, na nossa Sede
      apostólica e patriarcal. No Mosteiro do Santo Afrém Sírio, em Maarat Saydanaia, uma delegação da
      nossa Igreja Missionária no Brasil, formada por dezoito pessoas entre religiosos e leigos, liderada
      pelas Eminências: Dom Leolino Gomes Neto e Dom José Faustino Filho, acompanhada pelo nosso
      Delegado Patriarcal da Igreja no Brasil, o Mons. Antonio Nakkoud, e o nosso Legado Apostólico para
      a nossa Igreja Missionária do Brasil.
      Neste encontro tratamos a expansão da Igreja Missionária no Brasil, desde o ano de sua
      fundação 1983 até o presente momento, seu zelo pelas tradições da nossa Igreja Sírian Ortodoxa, sua
      fidelidade canônica a nossa Cátedra Petrina e seu amor a nossa língua oficial da igreja o Aramaico.
      E Declaramos pela nossa autoridade Apostólica, na qualidade de Patriarca de Antioquia,
      todo Oriente, supremo chefe da Igreja Sírian Ortodoxa e Pai de todos os siríacos Ortodoxos no
      mundo, a legitimidade da nossa Igreja Missionária no Brasil, aprovamos a sua caminhada de fé, e
      nomeamos os nossos bispos Dom Leolino Gomes Neto e Dom José Faustino Filho para pastorear, e
      administrar a nossa Igreja Missionária Sírian Ortodoxa no Brasil, com o apoio e ajuda do nosso
      Legado Apostólico o Mons. Antônio Nakkoud
      Todos devem estar ligados com obediência total a mim, Mar Ignátius Zakka 1º Iwas, o atual
      Patriarca da Sede Antioquina e com meus sucessores, nos assuntos que dizem respeito aos assuntos
      espirituais, Eclesiásticos e administrativos da nossa Igreja Missionária do Brasil
      Que Deus vos ajude a cumprirem os seus deveres, de zelarem pelas nossas tradições e de
      respeitarem a nossa hierarquia, nossas Leis e nossa organização. Vos recomendamos ainda que
      sejam unidos para a glória de Deus, e para o bem estar da nossa Igreja Missionária no Brasil. Ao
      finalizar, oremos para que Deus conceda ao Brasil a paz e a prosperidade.
      Nada mais a tratar. Que a graça de Deus esteja convosco. Pai Nosso
      Emitida na nossa Sede Patriarcal.
      24 de Maio de 2009, Damasco-Síria.

  • IGREJAS CRISTÃS RECONHECEM MUTUAMENTE BATISMO
    • SÃO PAULO, segunda-feira, 19 de novembro de 2007 (ZENIT.org).- As Igrejas Católica, Anglicana do Brasil, Luterana no Brasil, Presbiteriana Unida do Brasil e a Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia assinaram no dia 15 de novembro uma declaração de Reconhecimento mútuo da Administração do Sacramento do Batismo.
      A cerimônia de assinatura da declaração realizou-se em São Paulo, no Mosteiro de São Bento, no contexto das comemorações dos 25 anos do Conic (Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil). Representando a Igreja Católica, participou Dom Geraldo Lyrio Rocha, presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil).
      No documento, as Igrejas afirmam que aceitam que "o Batismo foi instituído por Jesus Cristo e é fundamentalmente dádiva gratuita de Deus ao batizando, vinculando-o com a morte e a ressurreição de Cristo (Rm 6,3-6), para perdão dos pecados e uma nova vida. Essa dádiva de Deus é recebida em Fé".
      Assinalam também: "ensinamos que o Espírito Santo desceu sobre Jesus no seu Batismo, desceu e desce também hoje sobre a Igreja, tornando-a comunidade do Espírito Santo que, em testemunho, serviço e comunhão fraterna proclama o seu Reino".
      "Aceitamos o Batismo como vínculo básico da unidade que nos é dada pela fé no mesmo Senhor."
      "Aceitamos o Batismo na dimensão irrepetível da nossa consagração em Cristo para a edificação do seu Corpo, tendo em vista o nosso crescimento à perfeita maturidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo (Ef 4,13)."
      O texto conjunto reconhece ainda: "Administramos o Batismo com água e em nome do Pai do Filho e do Espírito Santo, para remissão dos pecados, de acordo com a intenção e a ordem de Cristo (Mt 28, 18-20). Com este mútuo reconhecimento excluímos a possibilidade de re-batismo, em caso de passagem de membros de uma Confissão para outra".
      "Damos graças a Deus por este vínculo básico de unidade que nos é dado e pedimos a assistência do Espírito Santo para vencermos as divisões e nos comprometemos a prosseguir na jornada em prol da perfeita unidade cristã", encerra a declaração, difundida pelo Conic.
      Além de Dom Geraldo Lyrio, assinaram o documento Dom Maurício de Andrade, da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil; Pr. Dr. Walter Altmann, da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil; Pr. Manoel de Souza Miranda, da Igreja Presbiteriana Unida do Brasil; Mons. Antônio Nakkoud, da Igreja Sirian Ortododoxa de Antioquia.

  • DECLARAÇÃO DA IGREJA ORTODOXA DE ANTIOQUIA SOBRE O DIÁLOGO TEOLÓGICO
    • Declaração da Igreja Ortodoxa de Antioquia sobre o Diálogo Teológico
      Sobre as relações entre o Leste eo sírio Igrejas Ortodoxas, novembro de 1991
      Uma carta sinodal e Patriarcal
      A todas as crianças, protegidos por Deus, da Santa Sé de Antioquia
      Amado:
      Você deve ter ouvido falar dos esforços contínuos por décadas por nossa Igreja com a irmã Igreja Ortodoxa Síria de promover um melhor conhecimento e compreensão de ambas as Igrejas, quer a nível dogmáticas ou pastorais. Estas tentativas são nada, mas uma expressão natural que as Igrejas Ortodoxas, e especialmente aqueles dentro da Santa Sé de Antioquia, são chamados a articular a vontade do Senhor para que todos sejam obe, assim como o Filho é um com o Pai Celestial (João 10:30).
      É nosso dever e dos nossos irmãos na Igreja Ortodoxa Síria de dar testemunho de Cristo em nossa região Leste, onde nasceu, pregou, sofreu, foi sepultado e ressuscitou dentre os mortos, ascendeu aos céus, e enviou o Seu Santo e da Vida Espírito que dá em cima de seus santos apóstolos.
      Todas as reuniões, o companheirismo, as declarações orais e escritas significou que nós pertencemos a uma fé, embora a história tinha manifestado a nossa divisão mais do que os aspectos da nossa unidade.
      Tudo isso tem chamado a nossa Santa Sínodo de Antioquia para testemunhar o progresso de nossa Igreja na Sé de Antioquia para a unidade que preserva a cada Igreja a sua herança oriental autêntico pelo qual a Igreja de Antioquia benefícios da sua Igreja irmã e é enriquecido no seu tradições, a literatura e os rituais sagrados.
      Todo esforço e busca na direção da aproximação entre as duas Igrejas é baseada na convicção de que esta orientação é do Espírito Santo, e dará a luz a mais ortodoxa oriental imagem e esplendor, que faltou ao longo de séculos antes.
      Tendo reconhecido os esforços feitos no sentido de unidade entre as duas Igrejas, e convencidos de que nesse sentido foi inspirado pelo Espírito Santo e projeta uma imagem radiante do Leste Christanity ofuscada durante séculos, o Santo Sínodo da Igreja de Antioquia viu a necessidade para dar uma expressão concreta da comunhão estreita entre as duas Igrejas, a Igreja Ortodoxa Síria e Ortodoxa Oriental, para a edificação dos seus fiéis.
      Assim, as seguintes decisões foram tomadas:
      1. Afirmamos o respeito mútuo e total da espiritualidade, do património e dos santos Padres de ambas as Igrejas. A integridade de ambas as liturgias bizantina e siríaco é para ser preservado.
      2. A herança dos Padres, em ambas as Igrejas e as suas tradições como um todo deve ser integrada nos currículos de educação cristã e estudos teológicos. O intercâmbio de professores e alunos estão a ser reforçadas.
      3. Ambas as Igrejas devem abster-se de aceitar qualquer fiéis de aceitar qualquer fiéis de uma igreja para os membros da outra, independentemente de todas as motivações e razões.
      4. Os encontros entre as duas Igrejas, a nível de seus Sínodos, de acordo com a vontade das duas Igrejas, será realizada sempre que o arsies necessidade.
      5. Cada Igreja continuará a ser a referência e autoridade para seus fiéis, relacionadas com questões de status persoanl (casamento, divórcio, adoção, etc.)
      6. Se os bispos das duas Igrejas, participar em santo batismo ou serviço fúnebre, a pertença à Igreja dos baptizados ou falecido a presidir. No caso de um serviço sagrado matrimônio, o bispo da Igreja do noivo vai presidir.
      7. O acima mencionado não é aplicável à concelebração na Divina Liturgia.
      8. O que se aplica aos bispos aplica-se igualmente aos sacerdotes de ambas as Igrejas.
      9. Em localidades onde há apenas um padre, de qualquer igreja, ele vai celebrar os serviços para os fiéis de ambas as Igrejas, inclusive a Liturgia Divien, deveres pastorais e sagrado matrimônio. Ele manterá um registro independente para cada Igreja e transmitir de que a Igreja irmã de suas autoridades.
      10. Se dois padres das duas Igrejas acontecer de estar em uma localidade onde existe apenas uma Igreja, eles se revezam no uso de suas instalações.
      11. Se um bispo de uma igreja e um padre da Igreja irmã acontecer a concelebrar um serviço, o primeiro irá presidir mesmo quando ela é paroquial do padre.
      12. Ordenações nas ordens sagradas são executadas pelas autoridades de cada Igreja, para seus próprios membros. Seria aconselhável convidar os fiéis da Igreja irmã para assistir.
      13. Padrinhos, madrinhas (no batismo) e testemunhas no sagrado matrimônio pode ser escolhido entre os membros da Igreja irmã.
      14. Ambas as Igrejas trocam visitas e vai cooperar nas diversas áreas do trabalho social, cultural e educacional.
      Pedimos a ajuda de Deus para continuar a fortalecer as nossas relações com a irmã da Igreja, e com as outras Igrejas, para que todos nos tornamos uma comunidade sob um único Pastor.
      12.11.1991
      Patriarca Ignatios IV
      Damasco
      Fonte: https://www.orthodoxunity.org/state13.php

  • DECLARAÇÃO CONJUNTA DO PAPA PAULOVI E DO PATRIARCA IGNATIUS JACOUB III
    • Após os discursos, o Cardeal Willebrands, Presidente do Secretariado para a Unidade dos Cristãos, leu a "Declaração Comum" que foi então assinada pelo Santo Padre e por Sua Santidade o Patriarca Inácio Jacoub III. No final do encontro solene que marca uma nova etapa nas relações entre a Igreja Católica Romana e a Igreja Ortodoxa Síria, Sua Santidade Papa Paulo VI e Sua Santidade Mar Inácio Jacoub III, humildemente agradecem a Deus Todo-Poderoso por ter permitido, graças a esta ocasião histórica para rezar juntos, para iniciar uma troca fraterna de pontos de vista sobre as necessidades da Igreja de Deus e para testemunhar o desejo comum de que todos os cristãos intensifiquem o seu serviço ao mundo com humildade e plena devoção. O Papa e o Patriarca reconheceram a profunda comunhão espiritual que já existe entre suas Igrejas. A celebração dos sacramentos do Senhor, a comum profissão de fé no Senhor Jesus Cristo, a Palavra de Deus feita homem para a salvação dos homens, as tradições apostólicas que fazem parte do património comum das duas Igrejas, os grandes Padres e Médicos, incluindo São Cirilo de Alexandria, que são seus mestres comuns na fé - tudo isso testemunha uma ação do Espírito Santo que continuou a trabalhar em suas igrejas, mesmo quando houve fraquezas e falhas humanas. O período de recriminação e condenação mútuas deu lugar à disposição de lutarmos juntos, sinceramente, para diminuir e possivelmente remover o fardo da história que ainda pesa sobre os cristãos. Já se avançou, e o Papa Paulo VI e o Patriarca Mar Inácio Jacoub III concordam que não há diferenças na fé que professam, no que diz respeito ao mistério da Palavra de Deus, que se fez carne e se fez homem verdadeiramente, ainda que ao longo dos séculos. , as dificuldades surgiram das diferentes expressões teológicas pelas quais esta fé foi expressa. Por isso, encorajam o clero e os fiéis das suas Igrejas a se empenharem cada vez mais para remover os obstáculos que ainda impedem a plena comunhão entre eles. Isso deve ser feito com amor, docilidade às inspirações do Espírito Santo, respeito mútuo por cada Igreja. Em particular, exortam os estudiosos das suas Igrejas e de todas as comunidades cristãs a aprofundar o mistério de Cristo com humildade e fidelidade às tradições apostólicas, para que o fruto das suas reflexões ajude a Igreja no seu serviço ao mundo que a Filho de Deus encarnado redimido. Este mundo, que Deus amou a ponto de enviar-lhe o seu Filho único, está dilacerado pelas lutas, pela injustiça e pela desumanidade do homem para com o homem. Como pastores cristãos, o Papa e o Patriarca lançam um apelo comum aos líderes dos povos para que aumentem os esforços para estabelecer uma paz duradoura entre as nações e para remover os obstáculos que impedem tantas pessoas de gozar dos frutos da paz. Justiça e liberdade religiosa . Seu chamado é feito para todas as partes do mundo e em particular para esta terra santificada pela pregação, morte e ressurreição de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

  • DECLARAÇÃO CONJUNTA DO PAPA JOÃO PAULO II E DO PATRIARCA IGNACIOS ZAKKA I IWAS
    • 1. Sua Santidade João Paulo II, Bispo de Roma e Papa da Igreja Católica, e Sua Santidade Moran Mar Ignatius Zakka I Iwas, Patriarca de Antioquia e Todo o Oriente e Chefe Supremo da Igreja Ortodoxa Síria Universal, ajoelham-se com plena humildade diante do exaltado e exaltado trono celestial de nosso Senhor Jesus Cristo, dando graças por esta gloriosa oportunidade que lhes foi concedida de se encontrarem em Seu amor, a fim de fortalecer ainda mais o relacionamento entre suas duas Igrejas irmãs, a Igreja de Roma e a Igreja Ortodoxa Síria de Antioquia - o relacionamento já é excelente por meio da iniciativa conjunta de Suas Santidades de abençoada memória Papa Paulo VI e o Patriarca Moran Mar Ignatius Jacoub III. 2. Suas Santidades o Papa João Paulo II e o Patriarca Zakka Desejo solenemente alargar o horizonte da sua fraternidade e afirmar com isto os termos da profunda comunhão espiritual que já os une e os prelados, clérigos e fiéis de ambas as suas Igrejas, para consolidar estes laços de fé, esperança e amor, e avançar na busca de uma vida eclesial totalmente comum. 3. Em primeiro lugar, Suas Santidades confessam a fé de suas duas Igrejas, formulada pelo Concílio de Nicéia de 325 d.C. e geralmente conhecida como "o Credo Niceno". As confusões e cismas que ocorreram entre suas Igrejas nos séculos posteriores, eles percebem hoje, de forma alguma afetam ou tocam a substância de sua fé, uma vez que estas surgiram apenas por causa de diferenças na terminologia e cultura e nas várias fórmulas adotadas por diferentes teológicos. escolas para expressar o mesmo assunto. Consequentemente, não encontramos hoje nenhuma base real para as tristes divisões e cismas que subsequentemente surgiram entre nós a respeito da doutrina da Encarnação. Com palavras e com vida, confessamos a verdadeira doutrina a respeito de Cristo nosso Senhor, não obstante as diferenças de interpretação de tal doutrina que surgiram na época do Concílio de Calcedônia. 4. Por isso, desejamos reafirmar solenemente nossa profissão de fé comum na Encarnação de nosso Senhor Jesus Cristo, como fizeram o Papa Paulo VI e o Patriarca Moran Mar Inácio Jacoub III em 1971. Eles negaram que houvesse qualquer diferença na fé que confessaram. o mistério da Palavra de Deus que se fez carne e se tornou verdadeiramente homem. Por nossa vez, confessamos que Ele se encarnou por nós, tomando para si um corpo real com uma alma racional. Ele compartilhou nossa humanidade em todas as coisas, exceto no pecado. Confessamos que nosso Senhor e nosso Deus, nosso Salvador e Rei de todos, Jesus Cristo, é Deus perfeito quanto à Sua divindade e homem perfeito quanto à Sua humanidade. Nele, Sua divindade está unida à Sua humanidade. Esta união é real, perfeita, sem fusão ou mesclagem, sem confusão, sem alteração, sem divisão, sem a menor separação. Aquele que é Deus eterno e indivisível, tornou-se visível na carne e assumiu a forma de servo. Nele estão unidas, de modo real, perfeito, indivisível e inseparável, a divindade e a humanidade, e Nele todas as suas propriedades estão presentes e ativas. 5. Tendo a mesma concepção de Cristo, confessamos também a mesma concepção do Seu mistério. Encarnado, morto e ressuscitado, nosso Senhor, Deus e Salvador, venceu o pecado e a morte. Por meio dele, durante o tempo entre o Pentecostes e a segunda vinda, período que é também a última fase do tempo, é dado ao homem experimentar a nova criação, o reino de Deus, o fermento transformador (Mt 13,33). presente em nosso meio. Para isso, Deus escolheu um novo povo, Sua santa Igreja, que é o corpo de Cristo. Pela Palavra e pelos Sacramentos o Espírito Santo atua na Igreja para chamar a todos e torná-los membros deste Corpo de Cristo. Aqueles que creem são batizados no Espírito Santo em nome da Santíssima Trindade para formar um só corpo e através do Santo Sacramento da unção da Confirmação sua fé é aperfeiçoada e fortalecida pelo mesmo Espírito. 6. A vida sacramental encontra na Sagrada Eucaristia o seu cumprimento e o seu ápice, de modo que é através da Eucaristia que a Igreja mais profundamente realiza e revela a sua natureza. Por meio da Sagrada Eucaristia, o evento da Páscoa de Cristo se expande por toda a Igreja. Por meio do Santo Batismo e da Confirmação, de fato, os membros de Cristo são ungidos pelo Espírito Santo, enxertados em Cristo; e através da Sagrada Eucaristia a Igreja torna-se o que está destinada a ser através do Baptismo e da Confirmação. Pela comunhão com o corpo e sangue de Cristo, os fiéis crescem naquela misteriosa divinização que pelo Espírito Santo os faz habitar no Filho como filhos do Pai. 7. Os outros sacramentos, que a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa Síria de Antioquia mantêm juntas em uma mesma sucessão de ministério apostólico, i. e. As Sagradas Ordens, o Matrimônio, a Reconciliação dos penitentes e a Unção dos Enfermos, são ordenadas àquela celebração da Sagrada Eucaristia que é o centro da vida sacramental e a principal expressão visível do e comunhão eclesial. Esta comunhão de cristãos uns com os outros e de Igrejas locais unidas em torno de seus bispos legítimos realiza-se na comunidade reunida que confessa a mesma fé, que avança na esperança do mundo vindouro e na expectativa do retorno do Salvador e é ungida pelo Espírito Santo, que nele habita com uma caridade que nunca falha. 8. Sendo a principal expressão da unidade cristã entre os fiéis e entre os Bispos e os sacerdotes, a Sagrada Eucaristia ainda não pode ser concelebrada por nós. Tal celebração supõe uma identidade completa de fé, que ainda não existe entre nós. Certas questões, de fato, ainda precisam ser resolvidas com relação à vontade do Senhor para Sua Igreja, como também as implicações doutrinárias e detalhes canônicos das tradições próprias de nossas comunidades que foram separadas por muito tempo. 9. A nossa identidade de fé, embora ainda não completa, dá-nos o direito de prever a colaboração entre as nossas Igrejas na pastoral, em situações que hoje são frequentes, tanto pela dispersão dos nossos fiéis pelo mundo, como pelas precárias condições destes difíceis. vezes. De fato, não é raro que nossos fiéis achem o acesso a um sacerdote de sua própria Igreja material ou moralmente impossível. Preocupados em suprir suas necessidades e com o benefício espiritual em mente, nós os autorizamos, em tais casos, a pedir os sacramentos da Penitência, Eucaristia e Unção dos Enfermos aos padres legítimos de qualquer uma de nossas duas Igrejas irmãs, quando precisarem. Seria um corolário lógico da colaboração na pastoral para cooperar na formação sacerdotal e na educação teológica. Os bispos são incentivados a promover a partilha de instalações para a educação teológica onde julgarem aconselhável. Enquanto fazemos isso, não esquecemos que ainda devemos fazer tudo ao nosso alcance para alcançar a plena comunhão visível entre a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa Síria de Antioquia e imploramos incessantemente a nosso Senhor que nos conceda aquela unidade que nos permitirá dar para o mundo um testemunho do Evangelho totalmente unânime. 10. Agradecer ao Senhor que nos permitiu encontrar e desfrutar da consolação da fé que temos em comum (Rm 1, 12) e de proclamar ao mundo o mistério da Pessoa do Mundo encarnada e da sua obra salvadora, alicerce inabalável dessa fé comum, comprometemo-nos solenemente a fazer tudo o que nos resta para remover os últimos obstáculos que ainda impedem a plena comunhão entre a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa Síria de Antioquia, para que com um só coração e voz possamos pregar a palavra: "A verdadeira luz que ilumina todo homem" e "para que todos os que creem em seu nome se tornem filhos de Deus" (Jó. 1, 9-12). Roma, 23 de junho de 1984.

  • A EUCARISTIA
    • Na EUCARISTIA a ação do Espírito Santo é mais destacada ainda: É Ele que, por sua descida sobre os dons sagrados, torna-os fonte de graça e de santificação e transforma-os no Corpo e Sangue de Cristo.

      Os Sacramentos, principalmente a Eucaristia, constituem o núcleo central da Liturgia Ortodoxa Siriana.
      O Mistério de Deus não se reduz aos parâmetros da ciência humana. Para penetrar em seu íntimo, é preciso a sabedoria que vem do alto e que se fundamenta na fé.
      Tendo uma compreensão clara e objetiva da doutrina ortodoxa, seremos cada vez mais livres para seguir o Cristo das Escrituras e nosso Salvador.
      O preparo para a Santa Comunhão (Pe. Alexander)
      Quando nós pensamos na grandeza da Comunhão, uma questão natural assoma à nossa cabeça: somos merecedores de receber Cristo em nós? Os Padres da Igreja dos primeiros tempos nunca sugeriram que um Cristão deveria refrear-se em tomar a Santa Comunhão por conta de seus sentimentos de não merecimento. Um dos documentos Cristãos mais antigos, a Didaqué, diz, “se qualquer um for santo, que ele vinha receber [a Comunhão]; se ele não é, que se arrependa e venha.” Nós precisamos nos dar conta que nunca seremos merecedores de receber Jesus Cristo. A Comunhão não é uma questão de merecimento mas sim de misericórdia de Deus. Não é uma recompensa mas um presente de Deus! É adequado que nos sintamos não merecedores para que venhamos sempre a permanecer humildes e agradecidos a Deus.
      No entanto, alguma preparação para participar da Eucaristia é necessária, pois ela nos ajuda a adquirir a atitude correta para com esse grande Sacramento. São Paulo escreve, “Examine-se pois o homem a si mesmo, e assim coma deste Pão e beba deste Cálice” (1 Cor. 11:28). Seguem algumas sugestões específicas para aqueles que desejam participar da Comunhão.
      1. Autoanálise é algo a ser praticado regularmente por todo Cristão durante suas orações diárias e enquanto lê as palavras de Deu, e torna-se especialmente importante antes de alguém se aproximar do Cálice para receber a Comunhão. O propósito da autoanálise é nos conduzir a termos consciência de nossas faltas. Essa consciência leva-nos ao arrependimento e a uma melhoria.
      2.Os Cristãos Ortodoxos fazem abstinência de carne e laticínios em praticamente todas as Quartas e Sextas feiras do ano(as exceções são as poucas semanas que se seguem a algumas grandes festas da Igreja). Durante um período de quaresma dever-se-ia abster-se desses produtos todos os dias. Quando se vai comungar, na noite anterior, não se come carne e com uma antecedência de doze horas não se ingere nenhum alimento sólido nem nenhum líquido. No entanto, devemos lembrar que não existe conexão rígida entre jejum e Comunhão. Não devemos nunca permitir que uma ênfase exagerada no jejum venha a se constituir num muro que nos separe de Cristo Que deseja nos renovar. Não devemos nunca permitir que uma ênfase própria ainda que justa nas chamadas “regras do jejum” venham a destruir a importantíssima relação com Jesus Cristo. Os Padres da Igreja enfatizaram que o verdadeiro jejum é se abster do pecado e da malignidade.
      3. O Livro de Orações Ortodoxo contém algumas orações escritas pelos Padres da Igreja que são designadas a serem lidas antes e depois da Comunhão. Todas essas belas orações contém o grito de humildade, indignidade e penitência, como expresso nesse exemplo: “…Mestre e Senhor, não sou digno que entres sob o teto da minha alma, mas porque amas a humanidade, ouso aproximar-me de Ti: vem e habita em mim. Tu ordenaste: devo abrir as portas que Tu criaste de maneira a que Tu entres e ilumines o meu pensamento obscurecido. Creio ser este o Teu desejo…” Essas orações nos dão a atitude própria para a recepção da Comunhão.
      4. Arrependimento. Devemos nos aproximar de Jesus Cristo com uma súplica por misericórdia e perdão. É a fé sincera e o arrependimento, e não a perfeição, que nos fazem dignos de Comunhão frequente. Apesar de não ser necessário confessar-se antes de cada Comunhão, se se recebe a comunhão frequentemente, é necessário no entanto que se procure o perdão através das orações. Cabe ao nosso padre confessor decidir com qual frequência cada um deve confessar.
      5. Perdão daqueles a quem nós ferimos de alguma forma deve ser procurado antes da Comunhão. Nós devemos nos aproximar do Altar “com temor de Deus, com fé e com AMOR.” Nós somos obrigados a compartilhar com outros o amor que perdoa que recebemos de Jesus Cristo. Amor é a única coisa que nós devemos orar por antes de chegar perto do Altar. Nenhuma hostilidade, ou rancor ou dissensão devem ser levadas para perto do Altar. Deve existir penitência por falta de amor. Assim, nós nos preparamos para a Comunhão com autoanálise, jejum, oração, arrependimento e perdão.
      A coisa mais maravilhosa sobre o homem é que ele foi criado para conter Deus. Esse é o milagre dos milagres! Cada um de nós foi feito para ser um templo de Deus, um cálice dourado, um tabernáculo da presença de Deus. O Deus infinitamente grande Que Se revelou em Jesus Cristo como o grande Deus do amor espera por tomar residência em nós. Ele se posta na porta de nossa alma e bate até que ouçamos Sua voz e Suas batidas para abrirmos e deixar Ele vir e cear conosco no banquete celeste (Ap. 3:20). Ele não descansará enquanto não invadir nosso coração e dele fizer o Seu trono.
      Portanto o Pão e o Vinho da Eucaristia não são simples sinais ou símbolos relembrando-nos a Última Ceia, como os protestantes pensam, mas são os verdadeiros Corpo e Sangue de Cristo, como o Salvador disse, “Porque a Minha carne verdadeiramente é comida, e Meu sangue verdadeiramente é bebida,” e, “Quem come a Minha carne e bebe o Meu sangue permanece em Mim e Eu nele.”
      O sacrifício Eucarístico não é uma repetição do Sacrifício do Salvador na Cruz, mas é uma oferta do Corpo e Sangue sacrificados uma vez oferecido por nosso Redentor na Cruz. O sacrifício no Gólgota e o sacrifício na Eucaristia são inseparáveis, compreendendo um único sacrifício. Quando um Cristão recebe a Santa Comunhão, ele assimila o ato redentor que Jesus Cristo cumpriu na Cruz.
      Na Comunhão nos unimos da maneira mais íntima com o Senhor. A Santa Comunhão nutre nossa alma e nosso corpo e ajuda nosso fortalecimento e crescimento da vida espiritual. Ela serve para nós como uma promessa da futura ressurreição e da vida eternamente bendita. Tudo isso nos lembra da necessidade de nos aproximarmos da Santa Comunhão com temor de Deus, fé e amor. Amém.


ARTIGOS PASTORAIS

  • SEMELHANÇAS ENTRE CATÓLICOS ROMANOS E ORTODOXOS
    • Eis aí uma forma mais cristã de ver as coisas e procurar o que une e não o que separa:
       
      SEMELHANÇAS ENTRE AS VENERÁVEIS IGREJAS ORIENTAIS ORTODOXAS E A IGREJA CATÓLICA ROMANA
       
      Antes de qualquer preocupação com as coisas que possam separar católicos-ortodoxos e católicos- romanos, melhor será buscar os pontos que lhes sejam comuns e possam contribuir para uma melhor convivência entre uns e outros. Procurar o que une sempre é melhor do que acentuar o que separa. Afinal, é por isso que a igreja é UNA, SANTA, CATÓLICA E APOSTÓLICA.
       
      1. Os católicos ortodoxos e os católicos romanos aceitam os Concílios Ecumênicos como definidores doutrinários em matéria de fé e de moral. Assim, as Igrejas Orientais Antigas aceitam os três primeiros Concílios, nos quais atuaram; as Igrejas Bizantinas aceitam oito em que tiveram participação e a Igreja Latina (Romana) aceita 21 concílios de que fizeram parte. Mas os três primeiros Concílios, que definiram o Credo como base da fé cristã, são aceitos integralmente pelos três grupos.
       
      2. Ambas as Igrejas aceitam as Escrituras e a Tradição como fontes de revelação cristã. As doutrinas aceitas pelas duas Igrejas se baseiam sempre numa ou noutra fonte.
       
      3. Para consagração do pão e do vinho, durante a Divina Liturgia (Missa), ambas as Igrejas exigem dois procedimentos: a narrativa evangélica e a invocação do Espírito Santo. Uma coisa pode acontecer antes ou depois da outra.
       
      4. As duas Igrejas admitem que a infalibilidade é prerrogativa da Hierarquia Eclesial, reunida em Concílio Ecumênico. Na Igreja Latina, contudo, em casos específicos e apenas sob rígidas condições, esse privilégio é estendido ao Papa.
       
      5. As duas Igrejas entendem que o Bispo de Roma goza de primazia dentre os demais Bispos. Ele é o primeiro, conforme a tradição cristã, entre os iguais. Administrativamente, entretanto, ele restringe sua atuação apenas sobre sua comunidade eclesial.
      6. As duas Igrejas consideram Maria como Mãe de Deus e atribuem à Virgem uma veneração muito especial. Qualquer definição de uma Igreja, isoladamente, não atinge a outra e vale, apenas, para cada jurisdição individualmente. Um exemplo é o dogma da Conceição Imaculada, bem recente (séc. XIX) que é uma devoção exclusiva da Igreja Latina, não atingindo as Orientais.
       
      7. Ambas as Igrejas professam uma santidade progressiva após a morte, conforme consta, aliás, do cânon das Igrejas Orientais Antigas. Na Igreja Latina, essa santidade é adquirida em locais chamados, para entendimento de seus fies, de Purgatório ou similar.
       
      8. As duas Igrejas admitem o Juízo Final como regra de fé. Todavia, ambas canonizam santos, isto é, declaram que um fiel que guardou a fé já está salvo e vive na presença do Pai, podendo interceder por nós. Isso pressupõe, quando nada, um juízo particular, ainda que realizado pela autoridade de cada Igreja.
       
      9. As duas Igrejas admitem o sacramento da Santa Unção como utilizável por todos os fiéis, em caso de doenças. Na Igreja Latina, é chamado de Unção dos Enfermos; e nas Igrejas Ortodoxas, Unção de Cura. A antiga designação de extrema-unção está prescrita.
       
      10. Padres e Bispos são ministros do sacramento da Crisma, quer na Igreja Ortodoxa, quer na Igreja Católica Romana. Nesta última, o bispo tanto pode reservar a si essa prerrogativa, quanto pode deixa-la a cargo também dos padres, de acordo com a necessidade.
       
      11. No Matrimônio, exige-se o SIM dos noivos para a validade do sacramento, sempre diante de um celebrante. Numa igreja , ele é chamado de oficiante; noutra, de testemunha, sendo, contudo, indispensável sua participação em ambas.
       
      12. Em casos excepcionais ou por graves razões, a Igreja Ortodoxa admite o divórcio. Na Igreja Latina pode-se declarar a nulidade do matrimônio, variando, apenas, a burocracia dos processos.
       
      13. Ambas as Igrejas admitem imagens sagradas em seus cultos, diferindo quanto à apresentação, que, nas Igrejas Ortodoxas é plana (estampas) e na Igreja Latina, pode ser também em terceira dimensão (estátuas). Os chamados ícones são venerados em ambas as Igrejas.
       
      14. As Duas Igrejas impõem o celibato a seu clero. Na Igreja Ortodoxa, essa exigência é reservada aos bispos, estes escolhidos entre os monges, sempre solteiros. Na Igreja Latina, atinge também os padres. Nas duas, os diáconos podem ser casados.
       
      15. As duas Igrejas aceitam e praticam o batismo por imersão. Na Igreja Latina, contudo, pode ser realizado também por aspersão, a critério do celebrante ou da necessidade.


      16. O pão de trigo é usado, invariavelmente, nas duas Igrejas para a celebração da Eucaristia. A tradição Ortodoxa fermenta o pão. A Igreja Latina permite (mas não obriga) o pão ázimo , ou seja, sem fermento.


      17. Ambas as Igrejas estabeleceram calendários próprios para a celebração de suas festas litúrgicas. Um Sínodo Pan-ortodoxo realizado em 1952 unificou a data do Natal para 25 de dezembro, não obrigando algumas Igrejas de rito eslavo. A data da Páscoa ainda não foi unificada, coincidindo, entretanto, a data da Paixão sempre numa sexta-feira.
       
      18. Nas duas Igrejas admite-se a comunhão sob as duas espécies para os fiéis. No caso das multidões, a Igreja Latina autoriza a comunhão sob uma espécie, costume que se arraigou e hoje pode ser realizado tanto com relação ao pão, quanto ao vinho, indistintamente, a critério do celebrante.


      19. As duas Igrejas mantém devoções próprias e especiais, derivadas de suas tradições, seus milagres e seus santos. De lado a lado, há devoções variadas: no Ocidente, há, por exemplo, o Coração de Jesus e títulos diversos da Virgem Maria, além de outros santos e festas. No Oriente, igualmente, há a Dormição da Virgem, Nossa Senhora do Cinto e outros títulos evangélicos marianos, além de seus santos próprios.
       
      20. As duas Igrejas admitem o uso do rosário. Entre os latinos, é uma devoção Mariana. No Oriente, é dirigido à Trindade, uma espécie de refrão meditativo, igualmente repetitivo. É conhecido o chamado terço bizantino.
       
      21. Ambas as Igrejas canonizam seus santos. Os latinos deixam esse cuidado às hierarquias, a partir da manifestação popular , como no recente caso do Papa João Paulo II). No Oriente, a participação popular é mais intensa, concluindo-se, igualmente, pela hierarquia.
       
      22. As duas Igrejas conferem aos clérigos as chamadas Ordens Menores. Na Igreja Latina, elas são o Leitorato, o Acolitato, o Exorcitato e o Ostiriato. Na Igreja do Oriente coincidem o Leitorato e o Acolitato. O Exorcitato e o Ostiriato são absorvidos pelo Sub-diaconato. O Diaconato é Ordem maior para as duas.
       
      23. Ambas as Igrejas exigem formas especiais para o ministério dos Sacramentos. Na Igreja Oriental, o ministro usa a expressão “Recebamos de Deus”, etc... Na Igreja Latina o ministro diz “Eu, por Sua autoridade” (de Deus), etc... Mas todas agem em NOME do Pai, do Filho e do Espírito Santo e nunca em seu próprio nome.
       
      24. O Poder Temporal é próprio das tradições das duas Igrejas, uma e outra podendo ser religião oficial em qualquer país e influir em decisões políticas, quer no Ocidente, quer no Oriente.
       
      25. Em ambas as Igrejas o batismo é dado também às crianças e é considerado como porta de entrada para a iniciação cristã, permitindo-se aos batizados, a recepção dos demais sacramentos. No caso específico das crianças, a Igreja Latina espera, primeiro, que elas atinjam a idade da razão para, então, administrar os outros sacramentos.
       
      26. As duas Igrejas se originaram do Primado Petrino, estendido aos apóstolos de Jesus e a seus sucessores, com a promessa de que “as portas do inferno não prevalecerão” sobre elas, além da assistência diária “até à consumação dos séculos”. Essa assistência garante a todas que NENHUM ERRO fundamental poderá ocorrer numa ou noutra Igreja. De outro modo, teria falhado miseravelmente a promessa de Jesus. E, como diz Paulo, “Nós sabemos em quem temos crido”.
       
      27. Por fim, os diálogos inter-religiosos de aproximação entre Oriente e |Ocidente projetam, para brevemente, a realização da oração sacerdotal de Jesus, “para que todos sejam Um”, já com alguns resultados animadores.
       
      28. A mão de Deus vem cosendo, amorosa e pacientemente, durante os séculos, o lamentável rasgão que seus filhos, por intolerância ou soberba, produziram em Seu Santo Corpo Místico. Cumpre-nos ajudá-Lo, nessa costura, fazendo tudo o que estiver ao nosso alcance.
       
      29. E, se aos renitentes míopes tudo parece em desordem, é bom lembrar que nada se assemelha mais com uma casa desarrumada, do que uma casa EM ARRUMAÇÃO.
       
      Amém. (Outubro/2006).
       
      Fonte: Monsenhor Eneas

  • SEMELHANÇAS ENTRE A IGREJA SIRIAN ORTODOXA E A IGREJA CATÓLICA ROMANA
    • Antes de qualquer preocupação com as coisas que possam separar católicos-ortodoxos e católicos- romanos, melhor será buscar os pontos que lhes sejam comuns e possam contribuir para uma melhor convivência entre uns e outros. Procurar o que une sempre é melhor do que acentuar o que separa. Afinal, é por isso que a igreja é UNA, SANTA, CATÓLICA E APOSTÓLICA.
      1. Os católicos ortodoxos e os católicos romanos aceitam os Concílios Ecumênicos como definidores doutrinários em matéria de fé e de moral. Assim, as Igrejas Orientais Antigas aceitam os três primeiros Concílios, nos quais atuaram; as Igrejas Bizantinas aceitam oito em que tiveram participação e a Igreja Latina (Romana) aceita 21 concílios de que fizeram parte. Mas os três primeiros Concílios, que definiram o Credo como base da fé cristã, são aceitos integralmente pelos três grupos.
      2. Ambas as Igrejas aceitam as Escrituras e a Tradição como fontes de revelação cristã. As doutrinas aceitas pelas duas Igrejas se baseiam sempre numa ou noutra fonte.
      3. Para consagração do pão e do vinho, durante a Divina Liturgia (Missa), ambas as Igrejas exigem dois procedimentos: a narrativa evangélica e a invocação do Espírito Santo. Uma coisa pode acontecer antes ou depois da outra.
      4. As duas Igrejas admitem que a infalibilidade é prerrogativa da Hierarquia Eclesial, reunida em Concílio Ecumênico. Na Igreja Latina, contudo, em casos específicos e apenas sob rígidas condições, esse privilégio é estendido ao Papa.
      5. As duas Igrejas entendem que o Bispo de Roma goza de primazia dentre os demais Bispos. Ele é o primeiro, conforme a tradição cristã, entre os iguais. Administrativamente, entretanto, ele restringe sua atuação apenas sobre sua comunidade eclesial.
      6. As duas Igrejas consideram Maria como Mãe de Deus e atribuem à Virgem uma veneração muito especial. Qualquer definição de uma Igreja, isoladamente, não atinge a outra e vale, apenas, para cada jurisdição individualmente. Um exemplo é o dogma da Conceição Imaculada, bem recente (séc. XIX) que é uma devoção exclusiva da Igreja Latina, não atingindo as Orientais.
      7. Ambas as Igrejas professam uma santidade progressiva após a morte, conforme consta, aliás, do cânon das Igrejas Orientais Antigas. Na Igreja Latina, essa santidade é adquirida em locais chamados, para entendimento de seus fies, de Purgatório ou similar.
      8. As duas Igrejas admitem o Juízo Final como regra de fé. Todavia, ambas canonizam santos, isto é, declaram que um fiel que guardou a fé já está salvo e vive na presença do Pai, podendo interceder por nós. Isso pressupõe, quando nada, um juízo particular, ainda que realizado pela autoridade de cada Igreja.
      9. As duas Igrejas admitem o sacramento da Santa Unção como utilizável por todos os fiéis, em caso de doenças. Na Igreja Latina, é chamado de Unção dos Enfermos; e nas Igrejas Ortodoxas, Unção de Cura. A antiga designação de extrema-unção está prescrita.
      10. Padres e Bispos são ministros do sacramento da Crisma, quer na Igreja Ortodoxa, quer na Igreja Católica Romana. Nesta última, o bispo tanto pode reservar a si essa prerrogativa, quanto pode deixa-la a cargo também dos padres, de acordo com a necessidade.
      11. No Matrimônio, exige-se o SIM dos noivos para a validade do sacramento, sempre diante de um celebrante. Numa igreja , ele é chamado de oficiante; noutra, de testemunha, sendo, contudo, indispensável sua participação em ambas.
      12. Em casos excepcionais ou por graves razões, a Igreja Ortodoxa admite o divórcio. Na Igreja Latina pode-se declarar a nulidade do matrimônio, variando, apenas, a burocracia dos processos.
      13. Ambas as Igrejas admitem imagens sagradas em seus cultos, diferindo quanto à apresentação, que, nas Igrejas Ortodoxas é plana (estampas) e na Igreja Latina, pode ser também em terceira dimensão (estátuas). Os chamados ícones são venerados em ambas as Igrejas.
      14. As Duas Igrejas impõem o celibato a seu clero. Na Igreja Ortodoxa, essa exigência é reservada aos bispos, estes escolhidos entre os monges, sempre solteiros. Na Igreja Latina, atinge também os padres. Nas duas, os diáconos podem ser casados.
      15. As duas Igrejas aceitam e praticam o batismo por imersão. Na Igreja Latina, contudo, pode ser realizado também por aspersão, a critério do celebrante ou da necessidade.
      16. O pão de trigo é usado, invariavelmente, nas duas Igrejas para a celebração da Eucaristia. A tradição Ortodoxa fermenta o pão. A Igreja Latina permite (mas não obriga) o pão ázimo , ou seja, sem fermento.
      17. Ambas as Igrejas estabeleceram calendários próprios para a celebração de suas festas litúrgicas. Um Sínodo Pan-ortodoxo realizado em 1952 unificou a data do Natal para 25 de dezembro, não obrigando algumas Igrejas de rito eslavo. A data da Páscoa ainda não foi unificada, coincidindo, entretanto, a data da Paixão sempre numa sexta-feira.
      18. Nas duas Igrejas admite-se a comunhão sob as duas espécies para os fiéis. No caso das multidões, a Igreja Latina autoriza a comunhão sob uma espécie, costume que se arraigou e hoje pode ser realizado tanto com relação ao pão, quanto ao vinho, indistintamente, a critério do celebrante.
      19. As duas Igrejas mantém devoções próprias e especiais, derivadas de suas tradições, seus milagres e seus santos. De lado a lado, há devoções variadas: no Ocidente, há, por exemplo, o Coração de Jesus e títulos diversos da Virgem Maria, além de outros santos e festas. No Oriente, igualmente, há a Dormição da Virgem, Nossa Senhora do Cinto e outros títulos evangélicos marianos, além de seus santos próprios.
      20. As duas Igrejas admitem o uso do rosário. Entre os latinos, é uma devoção Mariana. No Oriente, é dirigido à Trindade, uma espécie de refrão meditativo, igualmente repetitivo. É conhecido o chamado terço bizantino.
      21. Ambas as Igrejas canonizam seus santos. Os latinos deixam esse cuidado às hierarquias, a partir da manifestação popular , como no recente caso do Papa João Paulo II). No Oriente, a participação popular é mais intensa, concluindo-se, igualmente, pela hierarquia.
      22. As duas Igrejas conferem aos clérigos as chamadas Ordens Menores. Na Igreja Latina, elas são o Leitorato, o Acolitato, o Exorcitato e o Ostiriato. Na Igreja do Oriente coincidem o Leitorato e o Acolitato. O Exorcitato e o Ostiriato são absorvidos pelo Sub-diaconato. O Diaconato é Ordem maior para as duas.
      23. Ambas as Igrejas exigem formas especiais para o ministério dos Sacramentos. Na Igreja Oriental, o ministro usa a expressão “Recebamos de Deus”, etc... Na Igreja Latina o ministro diz “Eu, por Sua autoridade” (de Deus), etc... Mas todas agem em NOME do Pai, do Filho e do Espírito Santo e nunca em seu próprio nome.
      24. O Poder Temporal é próprio das tradições das duas Igrejas, uma e outra podendo ser religião oficial em qualquer país e influir em decisões políticas, quer no Ocidente, quer no Oriente.
      25. Em ambas as Igrejas o batismo é dado também às crianças e é considerado como porta de entrada para a iniciação cristã, permitindo-se aos batizados, a recepção dos demais sacramentos. No caso específico das crianças, a Igreja Latina espera, primeiro, que elas atinjam a idade da razão para, então, administrar os outros sacramentos.
      26. As duas Igrejas se originaram do Primado Petrino, estendido aos apóstolos de Jesus e a seus sucessores, com a promessa de que “as portas do inferno não prevalecerão” sobre elas, além da assistência diária “até à consumação dos séculos”. Essa assistência garante a todas que NENHUM ERRO fundamental poderá ocorrer numa ou noutra Igreja. De outro modo, teria falhado miseravelmente a promessa de Jesus. E, como diz Paulo, “Nós sabemos em quem temos crido”.
      27. Por fim, os diálogos inter-religiosos de aproximação entre Oriente e
      Ocidente projetam, para brevemente, a realização da oração sacerdotal de Jesus, “para que todos sejam Um”, já com alguns resultados animadores.
      28. A mão de Deus vem cosendo, amorosa e pacientemente, durante os séculos, o lamentável rasgão que seus filhos, por intolerância ou soberba, produziram em Seu Santo Corpo Místico. Cumpre-nos ajudá-Lo, nessa costura, fazendo tudo o que estiver ao nosso alcance.
      29. E, se aos renitentes míopes tudo parece em desordem, é bom lembrar que nada se assemelha mais com uma casa desarrumada, do que uma casa EM ARRUMAÇÃO.
      Referências Bibliográficas: ALVARES, Mons. Eneas. Semelhanças entre as veneráveis Igrejas Orientais Ortodoxas e a Igreja Católica Romana. Recife, PE, 2008.

  • O LÍDER CRISTÃO: SERVO DE CRISTO OU FUNCIONÁRIO DA IGREJA?
    • No livro “O Monge e o Executivo”, de John Daily, o autor nos conta a história de um homem que busca rever o seu caminho, uma vez que sua história de chefe, marido e pai estava em crise. Como pano de fundo, esse autor desenvolve a seguinte mensagem: a base da liderança não está no poder, mas numa autoridade exercida com amor, dedicação e, principalmente, sacrifício. Devemos conquistar as pessoas por inteiro, inspirá-las a agir. Além disso, o respeito, o cuidado, a atenção para com as pessoas são atitudes indispensáveis na vida de um grande líder. Liderar, nesse caso, está relacionado a servir. Em outras palavras, quem não está disposto a servir, jamais poderá ser um grande líder, talvez não passará de um funcionário da Igreja.
       
      A nosso ver, essa mensagem não é nova. A bíblia já nos ensina a esse respeito: “Pois bem, se eu, sendo Senhor e Mestre de vocês, lavei-lhes os pés, vocês também devem lavar os pés uns dos outros” (Jo 13, 14). Quando você busca desenvolver sua missão com autoridade e não poder (autoritarismo) as pessoas fazem, voluntariamente, a sua vontade por causa da influência que você exerceu sobre elas porque liderança é, sobretudo, influência. O papel do líder é ajudar os seus liderados (pessoas da sua equipe/grupo/Igreja) a ser melhor que elas podem ser.
      O ritual da Eucaristia nunca deve estar separado dos gestos concretos do lava-pés. Na cultura japonesa, é costume o visitante tirar o calçado para entrar numa casa. No cristianismo, lavar os pés foi reinterpretado, significando atitude de serviço, isto é, gesto de hospitalidade para com quem chega. O evangelho nos ensina que, embora sejamos líderes, devemos lavar os pés uns dos outros. Esse gesto revela-nos concretamente humildade. Humilhar-se, nesse caso, torna-se atitude de pessoas inteligentes porque quando nos fazemos pequenos, reconhecendo nossas fraquezas e limitações humanas, deixamos Deus se revelar em nós. Não podemos agir como Judas. Ser fiel ao seu líder é ser fiel ao evangelho e, consequentemente, ser fiel a Cristo.
      Jesus, sendo Mestre e Senhor, lava os pés dos seus discípulos. Esse ensinamento prático marcou profundamente a vida daqueles discípulos, principalmente a vida de Pedro que, a princípio, resistiu porque não havia entendido o significado daquele gesto, não permitindo que Jesus lavasse-lhe os pés. Lavar os pés uns dos outros significa que não devemos ser arrogantes, autossuficientes, soberbos, orgulhosos, mas que dependemos uns dos outros. A nossa Missão Evangelizadora só marcará verdadeiramente presença no Brasil quando vivenciarmos, em conjunto, a graça do amor e da partilha numa comunidade fiel, fraterna e acolhedora.
      No evangelho, vemos que Maria de Betânia ungiu com perfume de nardo puro os pés de Jesus e os enxugou com seus cabelos (Jo 12, 3). Não era preciso somente lavar os pés do Mestre, mas ungi-los com perfume valioso, isto é, com fé e amor. Essa atitude revela-nos que quando existe amor sincero, desvencilhado de conveniências, abrimo-nos ao outro, não nos importando com o preço porque, na doação com alegria (justamente quando procuramos o bem do outro), vencemos a mesquinhez, os ressentimentos, o ódio, as disputas e saímos do nosso casulo.
      Esse gesto de Maria (colocar-se aos pés de Jesus) demonstra-nos uma atitude humilde de serviço, comparando-se com Jesus que - ao se levantar da mesa, tirar suas vestes e pegar uma toalha -, começou a lavar os pés dos seus discípulos e a enxugá-los (Jo 13, 4-5). A exemplo de Jesus, nós também devemos, não simbolicamente, assim agir (v 15). Esta é a regra da comunidade cristã ortodoxa: servir com amor verdadeiro o autor da vida.
      O gesto de Maria é a resposta sincera ao infinito amor de Deus que não deve permanecer isolado, pessoal, mas deve afetar toda a Igreja de Cristo, infundindo amor, alegria e luz divina como o aroma do perfume que se espalha por toda a casa. Partilha (Eucaristia) e Serviço (lavar o pés) devem estar concatenados num mesmo objetivo, qual seja: tornar o Reino de Deus presente e visível ao mundo para que os homens creiam ao ver em nós as mesmas maravilhas anunciadas nos evangelhos.
      Em nossa missão, torna-se preciso desenvolver bastante o sentimento de humildade. Não devemos ser funcionário, pagos apenas para desenvolver tarefas, mas servos que fazem o que deveríamos ter feito. Saber que Deus está acima de todas as coisas, de todo o nosso desempenho pessoal, quando nos sujeitamos ao seu senhorio, é Ele que nos capacita com seus dons (I Cor. 12, 4-11; Rm 12, 6-8) e está sempre no controle. Em nossos relacionamentos, devemos nos dedicar uns aos outros com amor fraternal, honrando aos outros mais do que a si próprio (Rm, 12, 10). “Tenham uma mesma atitude uns para com os outros. Não sejam orgulhosos, mas estejam dispostos a associar-se a pessoas de posição inferior. Não sejam sábios aos seus próprios olhos” (Rm 12, 16).
      No entanto, não podemos simplesmente esperar que caia do céu toda inspiração e resolução dos nossos problemas diários. Capacitar é a melhor solução. Líderes e liderados precisam se reciclar intelectual e espiritualmente. De acordo com o apóstolo Paulo, “Nunca lhes falte o zelo, sejam fervorosos no espírito, sirvam pacientes na tribulação, perseverem na oração. Compartilhem o que vocês têm com os santos em suas necessidades. Pratiquem a hospitalidade” (Rm 12, 11-13).
      Não estamos prontos, somos inacabados, imperfeitos e, por isso, precisamos trabalhar com zelo, amor, determinação e, constantemente, planejar nossas ações de modo que nossos obstáculos não sejam barreiras para atingir nossos objetivos. Problemas sempre teremos em qualquer organização, o importante é buscar a unidade com maturidade e priorizar, em nossa administração, aquilo que entendemos ser mais importante. Se quisermos ser mestres, aprendamos com Jesus. O mestre difere-se do professor porque este não precisa obrigatoriamente articular sua vida pessoal e moral à sua arte de ensinar. O mestre é aquele que, antes de ensinar seus discípulos, vive na prática seus ensinamentos, tornando-se ele mesmo modelo para os seus seguidores. Nesse caso, a teoria nada mais é do que consequência do exercício prático daquilo que deu certo: “Eu lhes dei o exemplo, para que vocês façam como lhes fiz” (Jo 13, 15).
      Autor: Padre Celso Kallarrari, C.Ss.M.
      Comunicação proferida no SON (Sínodo Ortodoxo Nacional, jul./2010)

  • O CELIBATO E O CASAMENTO DOS PADRES: LEI VERSUS CARISMA
    • "E, em muitos casos, o seminarista assume o sacerdócio célibe, isto é, não significa que ele não tenha vivido alguma experiência sexual, mas TENDO OU NÃO O CARISMA, confia na graça de viver com alegria a disciplina do celibato. Todavia, esquece-se de que A GRAÇA SUPÕE A NATUREZA e de que confiar na GRAÇA sem a NATUREZA se chama presunção."
      1. O CASAMENTO DOS PADRES
      1.2 Na bíblia e na Igreja Primitiva
      Biblicamente falando, a base de argumentação ao celibato pela Igreja Católica sustenta-se no exemplo de Paulo I Cor 7, 1-9, onde ele afirma que o celibato é a melhor forma para dedicar-se totalmente à evangelização. Entretanto, em outra passagem, o mesmo apóstolo Paulo, reivindica o direito de levar consigo uma esposa (uxores), traduzido por Jerônimo (383, Adv. Helvidium) por “levar esposas” (uxores circumducere). Este termo mais tarde vai ser traduzido, intencionalmente, por “mulheres” na bíblia católica e não por “esposas” como corretamente a exegese do texto o apresenta: “Não temos nós o direito de levar conosco uma esposa crente como fazem os outros apóstolos, os irmãos do Senhor e Pedro?” (I Cor 9, 5). Ora, sabemos que o apóstolo Pedro (Mc 1, 29-31) e todos os demais, exceto João, casaram-se. Afinal, conforme a tradição da Igreja nos ensina, o celibato não deve ser uma lei, mas uma opção livre daquele candidato ao sacerdote que, realmente, sente-se vocacionado para o celibato. O celibato obrigatório passa a ser, portanto, lei dos homens e não divina.
      Noutras passagens do Novo Testamento, fica mais clara ainda a tradição bíblica dos cristãos primitivos: “O diácono deve ser marido de uma só mulher e governar bem seus filhos e sua própria casa. Os que servirem bem alcançarão uma excelente posição e grande determinação na fé em Cristo Jesus” (I Tm 3, 12-13). Recentemente, percebe-se uma volta, um resgate (a depender do bispo local) do ministério tradicional e bíblico dos diáconos, esquecidos, por muito tempo, pela Igreja Romana. Em relação ao sacerdote: “É preciso que o presbítero (sacerdote) seja irrepreensível, marido de uma só mulher e tenha filhos crentes que não sejam acusados de libertinagem ou de insubmissão” (Tt 1, 6).
      1.2 Na Igreja Católica Romana
      O que muitas pessoas não sabem (inclusive os próprios fiéis) é que, na Igreja Católica Romana, os padres podem casar-se. Na Igreja Romana, existem duas grandes divisões de ritos: o latino, adotado na Europa, África e nas Américas (do norte, central e do sul) e o rito oriental, somando um total de 22 Igrejas, subordinadas ao Vaticano, onde os padres podem casar. Todavia, somente aqueles padres católicos romanos orientais que optarem pelo casamento antes de ser ordenado sacerdote, assim como nas Igrejas Ortodoxas e Anglicana.
      De acordo com o Catecismo da Igreja Católica Romana,
      Nas Igrejas orientais, está em vigor, há séculos, uma disciplina diferente: enquanto os bispos só são escolhidos entre os celibatários, homens casados podem ser ordenados diáconos e padres. Esta praxe é considerada legítima há muito tempo; esses padres exercem um minstério muito útil no seio de suas comunidades (CIC, P. 374, n. 1580).
      No Líbano, a Igreja Católica Maronita é um desses exemplos. Lá como em todo o oriente, os religiosos podem (livremente) optar pelo celibato ou pelo casamento e, por isso, não há nenhum impedimento legal para o exercício do sacerdócio. No mundo oriental, os católicos romanos, apesar de ser minoria, somam um total de 16 milhões.
      No Brasil, os bispos das Igrejas Católicas Orientais (maronita, melquita e ucraniana) enviaram, nos anos 90, um documento a Roma solicitando a liberação do matrimônio para seus futuros padres. Até hoje, não obtiveram resposta. Fares Maakaroun, arcebispo Greco-Melquita da Igreja Católica no Brasil, é a favor do celibato opcional e da ordenação de homens casados. Ele é filho de um padre casado e espera que o Vaticano possa um dia deixar livre ao candidato ao ministério fazer opção pelo celibato ou casamento. De acordo com Dom Faris, “Se estamos interessados na comunhão com os ortodoxos, por que não preparar desde já homens casados, no interior da Igreja Católica Romana para assumir o sacerdócio?”.
      Na verdade, no pontificado de João Paulo II, por mais contrário que esse papa fora ao casamento dos padres, já havia declarado, (apud The Oxford Dictionary  of Popes), em julho de 1993, que “O celibato não é essencial ao sacerdócio; não foi uma lei promulgada por Jesus Cristo”. E, historicamente, bem sabemos que afirmar outra coisa seria incoerência com os dados históricos porque contradiz a história da própria Igreja Ocidental. Por questões proselitistas, outra grande incoerência é a Igreja Católica receber padres casados com suas respectivas esposas e filhos da Igreja Anglicana e não permitir que aqueles padres que contraíram casamento e vivem uma vida exemplar possam celebrar a santa missa.
      Afinal, desde o século I, Pedro (considerado o primeiro papa somente no século V e VI) era casado, juntamente com todos os apóstolos que Jesus escolheu, exceto João, conforme documentos históricos registram. E, ainda, os documentos indicam que até as mulheres dos padres presidiam à ceia eucarística na Igreja primitiva e que, na história da Igreja, 39 papas se casaram e alguns tiveram filhos. O papa Alexandre VI teve vários filhos, o papa Sérgio III (898) se apaixonou por uma italiana chamada Marozia e teve um filho com ela. Este filho (o papa João XI) foi papa aos 22 anos de idade.
      Não há dúvidas, portanto, de que o poder papal cresceu e se auto afirmou com o Imperador Romano Valentiniano II, no ano de 445. Este imperador reconheceu, oficialmente, o poder do papa no exercício de autoridade sobre as demais Igrejas. Em termos históricos, o primeiro papa, oficialmente falando, seria Gregório (600 d. C.) porque o termo “papa” significa “pai” e era usado até o ano 500 d. C. por todos os bispos ocidentais.
      A Igreja Maronita foi fundada por São Marun quem permitiu (conforme a tradição oriental) o casamento dos seus sacerdotes. Ele não quis se desviar dos costumes e tradições herdadas desde o início do cristianismo primitivo quando era comum a ordenação de homens casados, cuja opção (não imposição) deveria ser adotada por toda a Igreja Católica. Principalmente nesses novos tempos onde o inimigo (satanás) tenta astutamente destruir a Igreja de Cristo e, por isso, utiliza-se dos meios de comunicação de massa para descobrir a vida desregrada de alguns sacerdotes, divulgando, sobretudo, escândalos relacionados ao homossexualismo, a vida conjugal e o que é pior, pedofilia no seio da Igreja.
      Com o advento da Internet, muita coisa veio à tona. Por exemplo, não dá para esconder que, atualmente, na Igreja Católica Maronita do Líbano há 1.200 sacerdotes. Destes, metade do clero (600 padres) pertence a ordens religiosas e fazem livremente a opção pelo celibato. A outra metade, isto é, 600 padres diocesanos são casados. De acordo com o bispo católico El Hage, esses sacerdotes não criam problemas e são excelentes sacerdotes. Só para ter uma idéia, no oriente, não se tem problemas com homossexualismo ou pedofilia entre esses padres. Nos últimos dois anos, somente dois sacerdotes abandonaram a batina.
      2.     A PROIBIÇÃO DO CASAMENTO NA HISTÓRIA DA IGREJA
      De fato, não há como negar que, nos primeiros séculos do cristianismo, não havia quaisquer proibição em relação à ordenação de padres casados. No século V, por exemplo, os 300 bispos dos que participaram do Concílio de Rímini eram casados. Entretanto, as proibições só começaram a ocorrer (em algumas dioceses) somente a partir dos séculos IV e V, por questões administrativas e econômicas. Em outros termos, um padre casado e com filhos significava que para a Igreja teria que dividir os seus bens com os futuros herdeiros do sacerdote. Para quem fica a herança do padre? Para os filhos e esposa ou para a Igreja?
      Entre os católicos orientais e ortodoxos, a tese é de que se a Igreja manter seus ministros como celibatários (solteiros) e, aparentemente, viver como São Paulo a castidade, estaria (I Cor 7, 1-9) podando as vocações de homens casados que, evidentemente, fazem a opção pelo sacerdote, conforme os conselhos do próprio Paulo que diz que “é bom que o homem não toque em mulher, mas, por causa da imoralidade, cada um deve ter sua esposa, e cada mulher o seu próprio marido (...). [...] Gostaria que todos os homens fossem como eu; mas cada um tem o seu próprio dom da parte de Deus; um de um modo, outro de outro. Digo, porém, aos solteiros e às viúvas: É bom que permaneçam como eu. Mas, se não conseguem controlar-se, devem casar-se, pois é melhor casar-se do que ficar ardendo de desejo” (I Cor 7, 1-9).  
      Somente no Concílio de Latrão, em 1123, é que o celibato passou a ser (somente no Ocidente) uma imposição disciplinar aos futuros padres. Mas somente no século XVI no Concílio de Trento (1545 a 1563) que, oficialmente, a Igreja Católica do Ocidente instituiu lei, norma interna, proibindo o casamento dos padres e exigindo o celibato. No Oriente Cristão, sejam para Católicos ou para Ortodoxos, os homens casados mantêm o direito de ser ordenado conforme o estado que se encontre (casado ou solteiro) e, somente os bispos e patriarcas devem ser celibatários como sempre foi na tradição da Igreja. E o mais bonito: não faltam padres, há muitas vocações, diferentemente do mundo ocidental. Em suma, o celibato não tem nada a ver com dogma, mas é uma questão disciplinar, isto é, uma estratégia política e econômica da Igreja, podendo ser revogado por qualquer papa quando quiser. 
      3.     A LEI (IMPOSIÇÃO) OU O DIREITO (ESCOLHA)?
      De acordo com nosso saudoso Dom Moussa Matanos Salama, "A Igreja ainda balanceia entre Moisés e Jesus, entre a Lei e o Espírito, entre Sábado e Domingo, entre César e Deus, entre a Filosofia  o Escândalo da Cruz, entre Celibato e Matrimônio" (SOUZA, 2009).
      Gostaria de finalizar, comentando sobre um excelente livro de um sacerdote católico romano, o americano Donald Cozzens (2007) que também é psicólogo, professor e reitor de teologia pastoral em seminário e que, inclusive, trabalhou por muitos anos na orientação de sacerdotes, principalmente aqueles envolvidos nos escândalos de pedofilia e suas vítimas nas últimas décadas. Segundo o autor, o cerne de tal questão do celibato obrigatório o acompanha desde quando sentiu, ainda no curso primário, a vocação ao sacerdócio. Segundo o referido padre, a problemática do celibato consiste na seguinte questão: ele é um carisma e, por isso, torna-se então problemático obrigá-lo.
      Na visão desse autor, a crise do celibato acontece justamente porque a Igreja Católica regulamentou um carisma. E, em muitos casos, o seminarista assume o sacerdócio célibe, isto é, não significa que ele não tenha vivido alguma experiência sexual, mas TENDO OU NÃO O CARISMA, confia na graça de viver com alegria a disciplina do celibato. Todavia, esquece-se de que A GRAÇA SUPÕE A NATUREZA e de que confiar na GRAÇA sem a NATUREZA se chama presunção. De acordo com o padre católico João Batista Libânio, doutor em Teologia Greco-romana, “Não cabe a menor dúvida de que o celibato, embora seja um dom para alguns, para outros se converte em terrível carga que conduz à solidão, ao álcool e ao abuso de drogas, assim como a condutas sexuais inapropriadas...uma carga que requer seguir sendo estudada” (LIBÂNIO, 2007).
      Autor: Padre Celso Kallarrari, C.Ss.M.
      Originalmente publicado em:
      Jornal Regional, 2010 e
      https://www.abiblia.org/ver.phpid=1504&id_autor=59&id_utente=&caso=artigos

  • DIDAQUÉ
    • A Instrução dos Doze Apóstolos
      O CAMINHO DA VIDA E O CAMINHO DA MORTE
      CAPÍTULO I
      1 Existem dois caminhos: o caminho da vida e o caminho da morte. Há uma grande diferença entre os dois.
      2 Este é o caminho da vida: primeiro, ame a Deus que o criou; segundo, ame a seu próximo como a si mesmo. Não faça ao outro aquilo que você não quer que façam a você.
      3 Este é o ensinamento derivado dessas palavras: bendiga aqueles que o amaldiçoam, reze por seus inimigos e jejue por aqueles que o perseguem. Ora, se você ama aqueles que o amam, que graça você merece? Os pagãos também não fazem o mesmo? Quanto a você, ame aqueles que o odeiam e assim você não terá nenhum inimigo.
      4 Não se deixe levar pelo instinto. Se alguém lhe bofeteia na face direita, ofereça-lhe também a outra face e assim você será perfeito. Se alguém o obriga a acompanhá-lo por um quilometro, acompanhe-o por dois. Se alguém lhe tira o manto, ofereça-lhe também a túnica. Se alguém toma alguma coisa que lhe pertence, não a peça de volta porque não é direito.
      5 Dê a quem lhe pede e não peças de volta pois o Pai quer que os seus bens sejam dados a todos. Bem-aventurado aquele que dá conforme o mandamento pois será considerado inocente. Ai daquele que recebe: se pede por estar necessitado, será considerado inocente; mas se recebeu sem necessidade, prestará contas do motivo e da finalidade. Será posto na prisão e será interrogado sobre o que fez… e daí não sairá até que devolva o último centavo. 6Sobre isso também foi dito: que a sua esmola fique suando nas suas mãos até que você saiba para quem a está dando.
      CAPÍTULO II
      1 O segundo mandamento da instrução é:
      2 Não mate, não cometa adultério, não corrompa os jovens, não fornique, não roube, não pratique a magia nem a feitiçaria. Não mate a criança no seio de sua mãe e nem depois que ela tenha nascido.
      3 Não cobice os bens alheios, não cometa falso juramento, nem preste falso testemunho, não seja maldoso, nem vingativo.
      4 Não tenha duplo pensamento ou linguajar pois o duplo sentido é armadilha fatal.
      5 A sua palavra não deve ser em vão, mas comprovada na prática.
      6 Não seja avarento, nem ladrão, nem fingido, nem malicioso, nem soberbo. Não planeje o mal contra o seu próximo.
      7 Não odeie a ninguém, mas corrija alguns, reze por outros e ame ainda aos outros, mais até do que a si mesmo.
      CAPÍTULO III
      1 Filho, procure evitar tudo aquilo que é mau e tudo que se parece com o mal.
      2 Não seja colérico porque a ira conduz à morte. Não seja ciumento também, nem briguento ou violento, pois o homicídio nasce de todas essas coisas.
      3 Filho, não cobice as mulheres pois a cobiça leva à fornicação. Evite falar palavras obscenas e olhar maliciosamente já que os adultérios surgem dessas coisas.
      4 Filho, não se aproxime da adivinhação porque ela leva à idolatria. Não pratique encantamentos, astrologia ou purificações, nem queira ver ou ouvir sobre isso, pois disso tudo nasce a idolatria.
      5 Filho, não seja mentiroso pois a mentira leva ao roubo. Não persiga o dinheiro nem cobice a fama porque os roubos nascem dessas coisas.
      6 Filho, não fale demais pois falar muito leva à blasfêmia. Não seja insolente, nem tenha mente perversa porque as blasfêmias nascem dessas coisas.
      7 Seja manso pois os mansos herdarão a terra.
      8 Seja paciente, misericordioso, sem maldade, tranquilo e bondoso. Respeite sempre as palavras que você escutou.
      9 Não louve a si mesmo, nem se entregue à insolência. Não se junte com os poderosos, mas aproxima dos justos e pobres.
      10 Aceite tudo o que acontece contigo como coisa boa e saiba que nada acontece sem a permissão de Deus.
      CAPÍTULO IV
      1 Filho, lembre-se dia e noite daquele que prega a Palavra de Deus para você. Honre-o como se fosse o próprio Senhor, pois Ele está presente onde a soberania do Senhor é anunciada.
      2 Procure estar todos os dias na companhia dos fiéis para encontrar forças em suas palavras.
      3 Não provoque divisão. Ao contrário, reconcilia aqueles que brigam entre si. Julgue de forma justa e corrija as culpas sem distinguir as pessoas.
      4 Não hesite sobre o que vai acontecer.
      5 Não te pareças com aqueles que dão a mão quando precisam e a retiram quando devem dar.
      6 Se o trabalho de suas mãos te rendem algo, as ofereça como reparação pelos seus pecados.
      7 Não hesite em dar, nem dê reclamando porque, na verdade, você sabe quem realmente pagou sua recompensa. reverência, como à própria imagem de Deus.
      12 Deteste toda a hipocrisia e tudo aquilo que não agrada o Senhor.
      13 Não viole os mandamentos dos Senhor. Guarde tudo aquilo que você recebeu: não acrescente ou retire nada.
      14 Confesse seus pecados na reunião dos fiéis e não comece a orar estando com má consciência. Este é o caminho da vida.
      CAPÍTULO V
      1 Este é o caminho da morte: primeiro, é mau e cheio de maldições homicídios, adultérios, paixões, fornicações, roubos, idolatria, magias, feitiçarias, rapinas, falsos testemunhos, hipocrisias, coração com duplo sentido, fraudes, orgulho, maldades, arrogância, avareza, palavras obscenas, ciúmes, insolência, altivez, ostentação e falta de temor de Deus.
      2 Nesse caminho trilham os perseguidores dos justos, os inimigos da verdade, os amantes da mentira, os ignorantes da justiça, os que não desejam o bem nem o justo julgamento, os que não praticam o bem mas o mal. A calma e a paciência estão longe deles. Estes amam as coisas vãs, são ávidos por recompensas, não se compadecem com os pobres, não se importam com os perseguidos, não reconhecem o Criador. São também assassinos de crianças, corruptores da imagem de Deus, desprezam os necessitados, oprimem os aflitos, defendem os ricos, julgam injustamente os pobres e, finalmente, são pecadores consumados. Filho, afaste-se disso tudo.
      CAPÍTULO VI
      1 Fique atento para que ninguém o afaste do caminho da instrução, pois quem faz isso ensina coisas que não pertencem a Deus.
      2 Você será perfeito se conseguir carregar todo o jugo do Senhor. Se isso não for possível, faça o que puder.
      3 A respeito da comida, observe o que puder. Não coma nada do que é sacrificado aos ídolos pois esse culto é destinado a deuses mortos.
      A CELEBRAÇÃO LITÚRGICA
      CAPÍTULO VII
      1 Quanto ao batismo, faça assim: depois de ditas todas essas coisas, batize em água corrente, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
      2 Se você não tiver água corrente, batize em outra água. Se não puder batizar com água fria, faça com água quente.
      3 Na falta de uma ou outra, derrame água três vezes sobre a cabeça, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
      4 Antes de batizar, tanto aquele que batiza como o batizando, bem como aqueles que puderem, devem observar o jejum. Você deve ordenar ao batizando um jejum de um ou dois dias.
      CAPÍTULO VIII
      1 Os seus jejuns não devem coincidir com os dos hipócritas. Eles jejuam no segundo e no quinto dia da semana. Porém, você deve jejuar no quarto dia e no dia da preparação.
      2 Não reze como os hipócritas, mas como o Senhor ordenou em seu Evangelho. Reze assim: "Pai nosso que estás no céu, santificado seja o teu nome, venha o teu Reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu; o pão nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai nossa dívida, assim como também perdoamos os nossos devedores e não nos deixes cair em tentação, mas livrai-nos do mal porque teu é o poder e a glória para sempre".
      3 Rezem assim três vezes ao dia.
      CAPÍTULO IX
      1 Celebre a Eucaristia assim:
      2 Diga primeiro sobre o cálice: "Nós te agradecemos, Pai nosso, por causa da santa vinha do teu servo Davi, que nos revelaste através do teu servo Jesus. A ti, glória para sempre".
      3 Depois diga sobre o pão partido: Nós te agradecemos, Pai nosso, por causa da vida e do conhecimento que nos revelaste através do teu servo Jesus. A ti, glória para sempre.
      4 "Da mesma forma como este pão partido havia sido semeado sobre as colinas e depois foi recolhido para se tornar um, assim também seja reunida a tua Igreja desde os confins da terra no teu Reino, porque teu é o poder e a glória, por Jesus Cristo, para sempre".
      5 Que ninguém coma nem beba da Eucaristia sem antes ter sido batizado em nome do Senhor pois sobre isso o Senhor disse: "Não deem as coisas santas aos cães".
      CAPÍTULO X
      1 Após ser saciado, agradeça assim:
      2 "Nós te agradecemos, Pai santo, por teu santo nome que fizeste habitar em nossos corações e pelo conhecimento, pela fé e imortalidade que nos revelaste através do teu servo Jesus. A ti, glória para sempre".
      3 Tu, Senhor onipotente, criaste todas as coisas por causa do teu nome e deste aos homens o prazer do alimento e da bebida, para que te agradeçam. A nós, porem, deste uma comida e uma bebida espirituais e uma vida eterna através do teu servo.
      4 Antes de tudo, te agradecemos porque és poderoso. A ti, glória para sempre.
      5 Lembra-te, Senhor, da tua Igreja, livrando-a de todo o mal e aperfeiçoando-a no teu amor. Reúne dos quatro ventos esta Igreja santificada para o teu Reino que lhe preparaste, porque teu é o poder e a glória para sempre.
      6 "Que a tua graça venha e este mundo passe. Hosana ao Deus de Davi. Venha quem é fiel, converta-se quem é infiel. Maranatha. Amém."
      7 Deixe os profetas agradecerem à vontade.
      A VIDA EM COMUNIDADE
      CAPÍTULO XI
      1 Se vier alguém até você e ensinar tudo o que foi dito anteriormente, deve ser acolhido.
      2 Mas se aquele que ensina é perverso e ensinar outra doutrina para te destruir, não lhe dê atenção. No entanto, se ele ensina para estabelecer a justiça e conhecimento do Senhor, você deve acolhê-lo como se fosse o Senhor.
      3 Já quanto aos apóstolos e profetas, faça conforme o princípio do Evangelho.
      4 Todo apóstolo que vem até você deve ser recebido como o próprio Senhor.
      5 Ele não deve ficar mais que um dia ou, se necessário, mais outro. Se ficar três dias é um falso profeta.
      6 Ao partir, o apóstolo não deve levar nada a não ser o pão necessário para chegar ao lugar onde deve parar. Se pedir dinheiro é um falso profeta.
      7 Não ponha à prova nem julgue um profeta que fala tudo sob inspiração, pois todo pecado será perdoado, mas esse não será perdoado.
      8 Nem todo aquele que fala inspirado é profeta, a não ser que viva como o Senhor. É desse modo que você reconhece o falso e o verdadeiro profeta.
      9 Todo profeta que, sob inspiração, manda preparar a mesa não deve comer dela. Caso contrário, é um falso profeta.
      10 Todo profeta que ensina a verdade mas não pratica o que ensina é um falso profeta.
      11 Todo profeta comprovado e verdadeiro, que age pelo mistério terreno da Igreja, mas que não ensina a fazer como ele faz não deverá ser julgado por você; ele será julgado por Deus. Assim fizeram também os antigos profetas.
      12 Se alguém disser sob inspiração: "Dê-me dinheiro" ou qualquer outra coisa, não o escutem. Porém, se ele pedir para dar a outros necessitados, então ninguém o julgue.
      CAPÍTULO XII
      1 Acolha toda aquele que vier em nome do Senhor. Depois, examine para conhecê-lo, pois você tem discernimento para distinguir a esquerda da direita.
      2 Se o hóspede estiver de passagem, dê-lhe ajuda no que puder. Entretanto, ele não deve permanecer com você mais que dois ou três dias, se necessário.
      3 Se quiser se estabelecer e tiver uma profissão, então que trabalhe para se sustentar.
      4 Porém, se ele não tiver profissão, proceda de acordo com a prudência, para que um cristão não viva ociosamente em seu meio.
      5 Se ele não aceitar isso, trata-se de um comerciante de Cristo. Tenha cuidado com essa gente!
      CAPÍTULO XIII
      1 Todo verdadeiro profeta que queira estabelecer-se em seu meio é digno do alimento.
      2 Assim também o verdadeiro mestre é digno do seu alimento, como qualquer operário.
      3 Assim, tome os primeiros frutos de todos os produtos da vinha e da eira, dos bois e das ovelhas, e os dê aos profetas, pois são eles os seus sumos-sacerdotes.
      4 Porém, se você não tiver profetas, dê aos pobres.
      5 Se você fizer pão, tome os primeiros e os dê conforme o preceito.
      6 Da mesma maneira, ao abrir um recipiente de vinho ou óleo, tome a primeira parte e a dê aos profetas.
      7 Tome uma parte de seu dinheiro, da sua roupa e de todas as suas posses, conforme lhe parecer oportuno, e os dê de acordo com o preceito.
      CAPÍTULO XIV
      1 Reúna-se no dia do Senhor para partir o pão e agradecer após ter confessado seus pecados, para que o sacrifício seja puro.
      2 Aquele que está brigado com seu companheiro não pode juntar-se antes de se reconciliar, para que o sacrifício oferecido não seja profanado.
      3 Esse é o sacrifício do qual o Senhor disse: "Em todo lugar e em todo tempo, seja oferecido um sacrifício puro porque sou um grande rei" diz o Senhor "e o meu nome é admirável entre as nações".
      CAPÍTULO XV
      1 Escolha bispos e diáconos dignos do Senhor. Eles devem ser homens mansos, desprendidos do dinheiro, verazes e provados pois também exercem para vocês o ministério dos profetas e dos mestres.
      2 Não os despreze porque eles têm a mesma dignidade que os profetas e os mestres.
      3 Corrija uns aos outros, não com ódio, mas com paz, como você tem no Evangelho. E ninguém fale com uma pessoa que tenha ofendido o próximo; que essa pessoa não escute uma só palavra sua até que tenha se arrependido. 4Faça suas orações, esmolas e ações da forma que você tem no Evangelho de nosso Senhor.
      O FIM DOS TEMPOS
      CAPÍTULO XVI
      1 Vigie sobre a vida uns dos outros. Não deixe que sua lâmpada se apague, nem afrouxe o cinto dos rins. Fique preparado porque você não sabe a que horas nosso Senhor chegará.
      2 Reúna-se com frequência para que, juntos, procurem o que convém a vocês; porque de nada lhe servirá todo o tempo que viveu a fé se no último instante não estiver perfeito.
      3 De fato, nos últimos dias se multiplicarão os falsos profetas e os corruptores, as ovelhas se transformarão em lobos e o amor se converterá em ódio.
      4 Aumentando a injustiça, os homens se odiarão, se perseguirão e se trairão mutuamente. Então o sedutor do mundo aparecerá, como se fosse o Filho de Deus, e fará sinais e prodígios. A terra será entregue em suas mãos e cometerá crimes como jamais foram cometidos desde o começo do mundo.
      5 Então toda criatura humana passará pela prova de fogo e muitos, escandalizados, perecerão. No entanto, aqueles que permanecerem firmes na fé serão salvos por aquele que os outros amaldiçoam.
      6 Então aparecerão os sinais da verdade: primeiro, o sinal da abertura no céu; depois, o sinal do toque da trombeta; e, em terceiro, a ressurreição dos mortos. 7 Sim, a ressurreição, mas não de todos, conforme foi dito: "O Senhor virá e todos os santos estarão com ele". 8 Então o mundo assistirá o Senhor chegando sobre as nuvens do céu.

  • OS SACRAMENTOS SÃO OPORTUNIDADE DE CURA
    • OS SACRAMENTOS NOS SANTIFICAM PARA ASSUMIR O COOMPROMISSO COM O SENHOR JESUS
      O lugar principal na Liturgia Ortodoxa Oriental pertence aos SACRAMENTOS nos quais é classificado pelos padres latinos ou, como ele é chamado em grego aos MISTÉRIOS (MYSTERION). Em siríaco ou aramaico a palavra “ROZO” – “MISTÉRIO” – é usada no Evangelho na forma, como nós a entendemos, quando usada para os Sete Sacramentos. Os SACRAMENTOS, como a IGREJA, são ambos visíveis e invisíveis; em todo o sacramento existe a combinação de um sinal visível no exterior com uma graça espiritual interior.
      O termo “SACRAMENTO” ou “SACRAMENTAL” não é termo bíblico e também não é encontrado no Novo Testamento, embora existam ideias e realidades que indicam aquilo que esse termo quer designar como: BATISMO (Mt.3,6; 20,19; Lc.3,21; 2Cor.5,17); CONFIRMAÇÃO (Is.11,12; At.2,38; 10,38); CONFISSÃO (Mc.1,15; 2,1-12; 2Cor.5,20); EUCARISTIA (Mt.26,26-28; Mc.14,22-24; Lc.22,14-20; 1Cor.11,23-25); ORDEM (Mc.10,43-45; Jo.10,36; Hb.5,1-10; 7,24); MATRIMÔNIO (Mt.19,1-9; Ef.5,21-33): UNÇÃO (Mc.5,34-36; 7,32-36; Tg.5,14-15). Originalmente, designava um juramento ou compromisso solene, como o juramento militar do soldado romano. Visto que, na Igreja Primitiva, cristãos adultos renunciavam, por ocasião de seu Batismo, a todos os ídolos e juravam fidelidade a Cristo, voto que realmente era seu SACRAMENTUM, o termo pouco a pouco foi sendo aplicado ao próprio Batismo, e, mais tarde, também à Ceia do Senhor (Eucaristia).
      Isso significa que o conceito “SACRAMENTO” veio depois, mas a realidade já estava em ação na Igreja. Nas comunidades neotestamentárias, essas ideias e realidades eram designadas pelo termo grego “MYSTERION” e na igreja primitiva pelo termo latino “SACRAMENTUM”. Sacramentum conferia um sentido religioso às ações da Igreja, unindo as dimensões visível e invisível, sendo um sinal externo e visível de uma graça interna e invisível, uma realidade que indica algo que está além dela mesma. O Novo Testamento usava o termo MISTÉRIO (MYSTERION) para expressar a idéia de um “SEGREDO ABERTO”. Denota a verdade revelada, mas, assim mesmo, fora de nossa compreensão. Tais verdades incluem o ser de Deus (revelado por meio de seus atos), Jesus Cristo, Logos e Filho de Deus, que se fez homem sem deixar de ser divino; a salvação alcançada por Cristo e experimentada pelos cristãos, e a identidade da Igreja ao mesmo tempo divino-humana.
      MISTÉRIO, portanto, é ato sagrado ordenado por Deus e no qual Ele, por certos meios externos ligados com sua palavra, oferece, dá e sela aos seres humanos a graça merecida por Cristo. Em distinção do Evangelho, os Mistérios são atos e a Igreja faz uso destas coisas materiais na prática destes rituais litúrgicos, pois para haver um verdadeiro sacramento é necessário que ocorra três etapas subsequentes, a saber: MATÉRIA (água), FORMA (a fórmula que o sacerdote profere durante o Batismo) e o SERVO DO SACRAMENTO (sacerdote canonicamente autorizado [At.3,13]). No Batismo se aplica água, na Ceia do Senhor se come pão e se bebe vinho, na Crisma se unge com óleo e faz-se dela um veículo eficaz do Espírito em sua mais alta elevação espiritual; no Matrimônio se coroa os esponsais, na Ordem Sagrada se apresenta o eleito ao sacerdócio ministerial, na Unção dos Enfermos se impõe as mãos sobre os doentes e se ora, na Confissão há a reapropriação do Batismo. Tudo isto, se dá, no plano sobrenatural de santificação dos fiéis. Somente estes sete enunciados, teológica e estritamente são os Sacramentos da Igreja. Para os padres orientais, Mistério expressa uma “realidade invisível, impenetrável, que coloca Deus em relação com os homens, quando Ele se revela, sempre em ordem ao plano salvifica”. O próprio Deus que se revela é Mistério; enquanto entre os padres latinos, Sacramento, foi uma palavra usada “para exprimir coisa sagrada e estritamente oculta”. Esta classificação substancial entre estes dois conceitos é fundamental para nossa compreensão sobre a “Matéria de Fé”. A Igreja Ortodoxa costumeiramente fala de Sete Sacramentos, basicamente os mesmos Sete da teologia dos padres latinos. Somente no século XVII, quando a influência estava no auge a Lista tornou-se fixa e definitiva. Antes dessa data os Escritores Ortodoxos variavam consideravelmente quanto ao número de sacramentos: S. João Damasceno fala de dois sacramentos; Dinis, o Aeropagita de seis sacramentos; Jeasaph, Metropolita de Éfeso (século XV), de dez sacramentos; e aqueles teólogos bizantinos que de fato falam de Sete Sacramentos diferem quanto aos itens que eles incluem em suas listas. Ainda hoje o número sete não tem significado absoluto para a teologia ortodoxa, mas é usada primeiramente como uma conveniência para o ensino.
      Existe uma divisão didática, a saber: o Batismo, Penitência e Unção dos Enfermos são chamadas de SACRAMENTOS DE MORTOS, ou seja, dons que estão mortos para a vida divina. E a Eucaristia, Crisma, Matrimônio e Ordem Sagrada como SACRAMENTOS DE VIVOS, isto é, vivos pela vida na graça. Em linguagem eclesiástica são meios visíveis de bênçãos espirituais, ritos religiosos instituídos por Cristo. Cremos que todos os fiéis podem receber todos os sacramentos exceto o do sacerdócio que é ministrado apenas aos homens, mas na igreja primitiva, houve registros de ordenações de mulheres que logo desapareceu. Alguns dos sacramentos são ministrados uma única vez na vida como Batismo, Confirmação-Crisma (santo óleo MURON) e Sacerdócio. Os demais sacramentos podem ser ministrados mais de uma vez como o Casamento-Matrimônio e a Unção dos Doentes. Outro como Arrependimento-Confissão e a Santa Eucaristia são continuamente ministrados até o último suspiro. Consideramos os quatro sacramentos: Batismo, Crisma, Confissão e Eucaristia como essenciais à salvação humana. Os demais sacramentos: Matrimônio, Sacerdócio e Unção dos Enfermos não são essenciais à salvação humana. Mas são importantes e dignos de valor para o crescimento espiritual dos fiéis na comunhão eclesial.
      Toda via, quando nós falamos de sete sacramentos, nós nunca devemos isolar esses sete de muitas outras ações da igreja que também possuem um caráter SACRAMENTAL, e que são convenientemente chamados de SACRAMENTAIS. Entre o mais abrangente e o mais estreito sentido do termo “SACRAMENTO”, não existe uma divisão rígida: a completa vida cristã deve ser vista como uma unidade, como um único MISTÉRIO ou um grande SACRAMENTO, cujos diferentes aspectos são expressões em uma grande variedade de atos, alguns acontecidos de uma só vez na vida de um homem ou uma mulher, outras talvez diariamente. Fica, portanto, claro que “MISTÉRIO” – “ROZO” em siríaco tem um conceito mais profundo do que a palavra “ESCONDIDO” ou “SECRETO”.
      Os padres orientais siríacos, assim como S. Paulo, distinguem entre “MISTÉRIO” e “SECRETO” nos seus ensinamentos. Hoje a palavra “ROZO” – “MISTÉRIO” – na terminologia da Igreja significa um santo rito que produz uma graça invisível na alma da pessoa a que é ministrado e do qual ele ou ela recebe força espiritual, portanto, a palavra “ROZO” é usada para os dois sacramentos que não incluem ordenações proveitosas. Na validade dos sacramentos a NATUREZA e ESSÊNCIA do MISTÉRIO são determinadas pela Palavra de Deus e realmente é o que Deus quer que seja, quando administro de acordo com as palavras da instituição.
      O sentido divinamente intentado das palavras da instituição pode ser aprendido apenas na Escritura Sagrada, mas o sentido em que as igrejas cristãs entendem e usam essas palavras deve ser estudado em suas famílias confessionais. É, portanto, a igreja, ou denominação, que determina o sentido em que os MISTÉRIOS devem ser administrados em seu meio. Em uma de suas cartas contra aqueles que diziam que os homens penitentes que uniram ao Sínodo de Calcedônia e anatemizou todos os que chamam o nosso único Senhor, Jesus Cristo, de duas naturezas depois da inefável união e voltam à fé ortodoxa devem ser novamente ungidos, S. Severius, escreve que os padres fizeram uma distinção quando falavam do Batismo: “dizem aqueles que o que foi Batizado em nome das três substâncias, o Pai, o Filho e o Espírito Santo, mesmo tendo sido Batizado pelos heréticos, mas mesmo assim confesse as três substâncias, não deve ser rebatizado, mas converso das outras heresias, certamente deve ser aperfeiçoado (NEXTALMUN) pelo Batismo da Igreja. Esta opinião, os 318 padres reunidos em Nicéia seguiram e todos os que nutriram as Igrejas depois deles”. Na tradição da nossa Igreja cremos no Batismo da criança quando pequenina, e, portanto, não esperamos até que o fiel atinja certa idade antes de receber os sacramentos do Batismo, Crisma e Eucaristia.
      Os sacramentos ministrados uma única vez na vida, Batismo, Crisma e Sacerdócio não devem ser repetidos. Isto é feito de acordo com os ensinamentos de S. Paulo: “agora é Deus que vos confirmou conosco em Cristo e que nos indicou, ungiu e firmou seu espírito em nossos corações” (II Cor.1,21-22).
      Se esse sentido não concordar com o sentido em que Cristo os instituiu e quer que os entendamos, é evidente que tal igreja não tem os MISTÉRIOS instituídos por Cristo. Deve notar-se que aqui falamos da Validade, Natureza e Essência dos Mistérios, não de Benefícios e Bênçãos que é particular de cada família cristã. Toda vez, onde e como Deus entra em contato com os homens, Ele o faz em ordem ao Plano da Salvação. E aí está o MISTÉRIO. A Santíssima Trindade é Mistério, enquanto Deus entra em relação com os homens, revelando-se como “Pai, Filho e Espírito Santo”. A Encarnação é Mistério enquanto nela. Deus entra em relação com os homens assumindo o próprio ser humano, que se une substancialmente ao VERBO (LOGOS). “O verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo.1,14). A IGREJA é MISTÉRIO porque, nela, Deus entra em revelação com os homens, tornando-O Povo Eleito, Santo, Sacerdócio Real, capaz de cultivá-Lo dignamente (1Pd.2,9). Os Mistérios, e (modos impenetráveis de Deus se comunicar com os homens, e os unira) são numerosíssimos. Sua lista é quase infinita. Entre eles se incluem também os SACRAMENTOS, os sete sacramentos, os quais a igreja oferece. E que nos põe em comunicação com Deus e realizam o Plano Salvífico-Redentor de Cristo. Mas, se os Sacramentos são Mistérios não são, estritamente, Sacramentos, é o que dilucidaremos em seguida.
      Específico do Sacramento é que seja um sinal sensível e significativo da realidade invisível de comunicação com Deus. Assim, o sacramento é sempre palpável, visível, externo. Tais são os Sete Sacramentos: Batismo, Confirmação ou Crisma, Penitência, Eucaristia, Matrimônio, Unção dos Enfermos e Ordem Sagrada.
      Todos são sinais sensíveis, concretos, da realidade invisível e misteriosos da união dos homens com Deus. Os Mistérios, a saber, a Trindade, a Vida de Deus (Encarnação), a Graça (Santificante) não são em si mesmos sinais sensíveis, da comunicação com Deus. E, quando se tornam sensíveis, palpáveis como a Encarnação e a Redenção podem dizer-se também SACRAMENTOS. Resumindo: Os MISTÉRIOS convidam-nos a FÉ em Deus; Os SACRAMENTOS conferem-nos a GRAÇA de Deus. Os Sete Sacramentos são sinais repletos de conteúdo misterioso, de participação da vida salvifica, Cristo nos trouxe por sua graça.
      Aprofundando a temática, analisemos como outras famílias confessionais assumem os sacramentos em suas comunidades cristãs:
      Os sacramentos no Protestantismo são apenas dois aceitos em relação aos Ortodoxos e Católicos, o Batismo e a Eucaristia, sendo que esta é considerada de modo distinto.
      Os sacramentos no Anglicanismo são também dois principais: batismo e Eucaristia. No entanto, os outros cinco ritos que são chamados de sacramentos menores e também foram incorporados pela doutrina. Em relação à Ordem Sagrada: na Igreja Ortodoxa ordenam-se somente homens como na Católica, mas os clérigos (Diáconos e Presbíteros) podem ser casados ou não. Os Bispos e os Patriarcas são sempre monásticos. Há ordenações de diaconisas, mas não corresponde à mesma dignidade clerical. No Protestantismo, os pastores podem casar-se. A igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, um dos dois ramos existentes no País, ordena mulheres.
      No Anglicanismo, como os demais protestantes, permite o casamento de padres e bispos. Mulheres são ordenadas também. No Brasil, dos 165 clérigos ordenados, 33 são mulheres.
      Enfim, na administração dos sacramentos na Igreja Ortodoxa, a EPICLESE (invocação ao Espírito Santo) é uma oração dirigida ao Pai, para que envie o Espírito Santo. Cada sacramento tem sua epiclese pela qual se pede o envio do Espírito Santo sobre aquele que vai recebê-lo e sobre a matéria por meio da qual vai ser administrado. A Igreja Ortodoxa é Pneumatológica.
      Vejamos suas respectivas correspondências nos sete sacramentos:
      No BATISMO somos “regenerados pela água e pelo Espírito Santo”. O sacerdote pede a Deus que santifique a água e o óleo pela “virtude, a ação e vinda do Espírito Santo”; pede-lhe também para “encher o candidato ao Batismo da força do Espírito Santo”, e o “ilumine pela luz do conhecimento, e da piedade provenientes da vinda do Espírito Santo”.
      Na CONFIRMAÇÃO pede-se para o recém-batizado “o selo do Dom do Espírito Santo, todo-poderoso e adorável”. E, ao ungi-lo com o óleo da crisma, o ministro usa a seguinte fórmula: “Com o óleo santo – aroma santíssimo do Cristo, selo da fé, sinal do poder, da graça e das energias do Espírito Santo, para membro autêntico da Santa Igreja, seja N., selado (a), ungido (a) e confirmado (a): em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém”.
      Na ORDEM SAGRADA o bispo pede a Deus: “para encher o futuro sacerdote da grande graça de seu Espírito Santo”.
      Na PENINTÊNCIA o confessor absorve em virtude do poder recebido do Salvador, quando, depois da sua ressurreição, soprou sobre os apóstolos e lhes disse: “Recebei o Espírito Santo, os pecados serão retidos àqueles a quem os retiverdes”.
      No MATRIMÔNIO é a graça do Espírito Santo que une os nubentes por um vínculo de amor mútuo que só a morte pode desatar.
      Na UNÇÃO DOS ENFERMOS pede-se que sobre o enfermo “desça a graça do Espírito Santo”. Benze-se o azeite, implorando o Deus que “envie seu Espírito Santo e o Santifique”.
      Na EUCARISTIA a ação do Espírito Santo é mais destacada ainda: É Ele que, por sua descida sobre os dons sagrados, torna-os fonte de graça e de santificação e transforma-os no Corpo e Sangue de Cristo. Os Sacramentos, principalmente a Eucaristia, constituem o núcleo central da Liturgia Ortodoxa Siriana.
      O Mistério de Deus não se reduz aos parâmetros da ciência humana. Para penetrar em seu íntimo, é preciso a sabedoria que vem do alto e que se fundamenta na fé. Tendo uma compreensão clara e objetiva da doutrina ortodoxa, seremos cada vez mais livres para seguir o Cristo das Escrituras e nosso Salvador.
      https://www.conexaoortodoxa.com/blog/?p=576

  • O USO DO VÉU NA IGREJA ORTODOXA
    • Igreja Ortodoxa, ou Oriental, como é chamada aqui no Ocidente, preservou tanto a doutrina como o rico ritual litúrgico elaborado durante os primeiros tempos do Cristianismo. Seria este um mero capricho, ou um excessivo apego a um formalismo ritual? Temos aqui exatamente duas posturas, duas visões diferentes do mundo e da própria Igreja, e portanto, do seu ritual. São praticamente duas atitudes básicas diante do Sagrado. Da compreensão deste problema vai depender exatamente a verificação que o ritual ortodoxo é cheio de sentido e significado, visto que o universo simbólico da Sagrada Liturgia é preservado em todos os seus detalhes e em todo o seu rico conteúdo espiritual.
      Neste sentido, podemos afirmar que o véu tem necessariamente um sentido e dimensão que ultrapassam o uso cultural ou qualquer distinção discriminatória para com o sexo feminino.
      Por que reduzir o mistério a simples categoria sociológica, histórica, sexual ou cultural Por que se adotam interpretações racionalistas e materialistas a uma dimensão que ultrapassa o tempo e o espaço? Ou o Sagrado está para além do concreto ou não existe? O Sagrado evidentemente se expressa e manifesta no mundo, mas está além dele! Aqui começa a distinção entre a recusa do véu, numa interpretação simplista e exterior ou a segunda opção apresentada pela Ortodoxia: viver o significado do véu dentro do universo do Rito Litúrgico, cujo sentido está evidentemente para além do uso do objeto “véu”, fazendo deste um mero fim sem sentido.
      O véu seria então um símbolo, portanto um sinal através do qual somos remetidos para um outro significado além dele; é um meio para ir a outra dimensão; chamemo-lo então: o sagrado. Por outro lado, o véu como elemento isolado não tem nenhum atributo especial ou mágico em si mesmo. Isto seria um erro grosseiro. Ele representa muito mais, é uma atitude, uma disposição, uma escolha. Neste ponto se abre uma porta por onde podemos contemplar outra realidade, porque sendo uma atitude, isto significa escolha. Se há escolha, há liberdade, então é possível compreender. Aqui entram em jogo dois atributos dados especialmente ao homem: liberdade (de escolher) e inteligência (para compreender).
      Tem importância para a mulher o uso do véu na Igreja durante a liturgia? A prática ortodoxa afirma que sim. O jogo litúrgico vai depender da liberdade de ir até ele e além dele, como da participação por meio da compreensão. Aqui chegamos à questão principal. Tem importância para a mulher o uso do véu na Igreja durante a liturgia? A prática ortodoxa afirma que sim – como se dá e porque é importante. O primeiro ponto é que reconhecendo o véu como símbolo, não se pretende esgotar todos os seus significados, porque não tem apenas um significado, mas vários, muitos… Podemos aqui sugerir alguns:
      1. Deus criou o Homem e a Mulher, macho e fêmea os criou! 
      Deus criando o mundo como uma coisa unida, integrada; dentro da criação, no entanto, há duas polaridades que vão realizar uma Unidade. O homem complemento da mulher e vice-versa, um precisa do outro. Como pode então um ser superior ao outro, se cada um precisa do outro? Na criação há outras dualidades: céu e terra, dia e noite, que correspondem também ao homem e à mulher numa relação integrada, harmônica. Portanto dentro da criação cósmica, cada polaridade tem seu lugar próprio, o equilíbrio do próprio Universo depende disso!…
      Se a liturgia é uma celebração cósmica, esta vai conter os elementos que o próprio Deus estabeleceu e são chamados à Liturgia da maneira que Deus os criou: Homem e Mulher, cada um na plenitude do seu próprio sexo, porque cada um à sua maneira reflete a própria Unidade da Criação Esta distinção deverá ficar bem clara e estabelecida na Liturgia, onde cada um é chamado a assumir sua posição no mundo como homem ou mulher.
      2. Criou o Céu e a TerraArcipreste 
      Céu e Terra se complementam, o céu está em cima e a terra embaixo, o homem “cobre” a mulher; isto não significa superioridade de um sobre o outro, apenas lugares diferentes. Se a mulher vai representar a própria terra que é fecundada e coberta pelo céu, na Liturgia a mulher vai cobrir sua cabeça pois está diante de Deus, não diante dos homens!
      3. A Virgem Maria
      Na saudação do anjo Gabriel a Maria, para comunicar-lhe que seria a Mãe de Deus na terra, Deus escolhe uma mulher, claro! E aqui fica definido qual é a relação da humanidade, e especialmente da mulher, diante de Deus. O anjo lhe diz: “O Espírito Santo virá sobre ti e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra”. A mulher, portanto, diante de Deus, é receptiva e não passiva, posto que ela aceita, a vontade dela disse sim. “Faça-se em mim conforme sua palavra”. O véu vai significar claramente a aceitação da palavra de Deus.
      A mulher é naturalmente mais receptiva que o homem. Tem já o dom de gerar filhos; isto a torna coparticipe na criação do mundo. Ela recebe o filho, isto não é nada passivo, muito pelo contrário. A mulher portanto é coberta por Deus, é um ser potencialmente mais “espiritual” que o homem.
      4. A Virgem Maria e a Maternidade de Jesus
      Uma mulher e não um homem é a pessoa que vai conhecer melhor o Cristo. Ela já o recebe no sim ao anjo! A partir disto Jesus vai crescendo dentro dela, é no seu interior que vai se desenvolvendo; ela então tem uma relação íntima, estreita como ninguém jamais a teve. O Espírito Santo a cobriu e ela concebeu; tudo se passou dentro dela, no maior mistério. Vemos sua barriga, sabemos que está grávida, mas não sabemos como é. É um mistério, está oculto – o mundo moderno quer descobrir tudo, nada escapa a isso, mesmo o Sagrado tem que ser exposto.
      Na Liturgia Ortodoxa, o Santuário é separado dos fiéis e em dois momentos fecha suas portas aos olhos dos fiéis: na Proskomídia (Preparação das oferendas) que representa a vida oculta ou anterior de Cristo no mundo, e na Comunhão do Clero. O véu nas mulheres é a lembrança permanente dentro da Igreja daquilo que não vemos, que é mistério, está perto mas está encoberto por um véu.
      5. O Véu do Santuário
      O Santuário e sua porta representam a entrada (a Porta, o Cristo) ao Céu, que é coberto por um grande véu. Aqui na terra, portanto, um véu nos separa – do mistério da vida que está para além da porta que é o Cristo. Só o Espírito Santo nos faz enxergar para além do véu e do mistério; é necessária muita fé, a fé que a Virgem Maria nos ensina, a fé da mulher que espera um filho e vê nele um futuro distante. A mulher representa a espiritualidade, ou seja, a receptividade a Deus para entrar com Cristo para além do véu e da porta do Santuário. Portanto, o véu não é impedimento algum, mas confiança, fé e esperança de ir além dele para encontrar o Cristo. A mulher com véu vai representar a fé em algo que não vemos, está simplesmente encoberto!
      6. Maria, a própria Igreja
      Deus escolhendo Maria para Mãe de Cristo e Maria aceitando, se torna ela mesma o modelo de todos os cristãos, homens e mulheres. A Igreja é uma mulher, é o Corpo que recebe o Cristo. Encarnando aqui na terra Cristo se faz [carne]. Ele é concreto. Em Maria, a Mãe-Igreja, é que recebemos o Cristo, gerado pelo Espírito Santo. A Igreja santificada e pura vai conhecer o Cristo intimamente, de dentro. Isto só é possível pelo mistério, não pode ser explicado, analisado, apenas vivido de dentro, como uma Mulher-Mãe-Maria o vive.
      Se Maria é a Igreja onde Cristo nasce, o Cristo é a cabeça da Igreja, dirigida espiritualmente por ele; é a mulher com a cabeça coberta, porque coberta por Cristo, vai nos ensinar a fazer todos a sua santa vontade. O véu será submissão a Cristo, e não aos homens [...] Então a mulher aceita amorosamente se entregar a Cristo, aceitando que ele a cubra.
      Pe. Alexis Peña-Alfaro
      Igreja Ortodoxa Sérvia no Brasil
      Fonte:www.ecclesia.com.br

  • SEXO NÃO É PECADO QUANDO É PRATICADO DENTRO DE UM CONTEXTO SAGRADO
    • Poucos temas são tão suscetíveis de melindres quanto o sexo.
      Simplesmente por inserir no titulo do artigo a palavra "sexo",  isso deve ter melindrado alguém.
      E esse melindre é um bom tema para ser tratado.
      A imagem negativa da sexualidade na cristandade ocidental remonta a pelo menos a Agostinho, que reagiu as suas próprias transgressões na juventude com uma aridez maniqueísta , e esta acabou filtrado as posições latinas sobre o tema, causando um impacto de tal modo abrangente, a ponto de influenciar as doutrinas sobre o pecado original, o celibato clerical e o controle de natalidade.
      O Cristianismo oriental, pelo contrário, não vê o sexo como inerentemente profano.
      Claro, podemos já de antemão determinar, e nisso esclarecer já de pronto para os homossexuais, que quando estamos falando de sexo, devemos lembrar que Deus criou Adão e Eva e não Adão e Steve.
      De todo modo, nós não devemos  ignorar o fato de que Deus não se limitou a criar Adão, pois se o sexo fosse inerentemente contaminado, O Bom Deus nos criaria capazes de  se reproduzir assexuadamente, como ocorre com os caracóis.
      Longe de tal puritanismo, o Gênesis refere-se a obra de Deus por nove vezes como "boa".
      O primeiro item  "não é bom" se refere ao homem  ter de ficar sozinho.
      Deixando pouco espaço para a sutileza, Deus diz ao novo par para "Sede fecundos e multiplicai-vos".
      E Ele diz isso antes da ocorrência do pecado, de modo nenhum argumento honesto pode  reivindicar que o sexo é simplesmente uma manifestação da queda.
      No entanto, desde que o mundo decaiu, o sexo tornou-se sujeito à corrupção.
      Provavelmente a melhor definição de idolatria que eu ouvi é a seguinte : "o culto de algo que é bom e não Ao Deus que fez isso ser bom." 
      Dada a quantidade de tempo, esforço e atenção que dedicamos ao sexo, ele se tornou um dos ídolos mais cultuados em nossa cultura. 
      Tratar o tema como um tabu não corresponde ao ensinamento cristão responsável. Contudo, as "progressistas" tentativas de compensar o puritanismo histórico "afirmando que tudo é permitido desde que haja consentimento mútuo", é uma política igualmente distorcida.
      O Oriente deu ao Cristianismo o monasticismo, mas os nossos párocos são geralmente casados.
      Nós veneramos a Virgem Maria, mas também comemoramos a  Sua Conceição advinda de Joaquim e Ana (No ícone que ilustra esse artigo, temos  uma cama).
      Estas não são contradições, mas sim afirmações coerentes sobre um tema comum : a castidade.
      A sexualidade casta se realiza em um contexto específico, e a Igreja oriental considera e reconhece este apenas no casamento heterossexual monogâmico.
      As mentes iluministas, sem dúvida vão repelir esta percepção, mas tenha em mente que, na tradição oriental, a homossexualidade  é condenada da mesma forma que é o sexo pré-marital ou extraconjugal (fornicação e adultério, para se evitar eufemismos) .
      Na verdade, biblicamente falando, o  adultério é o símbolo por excelência da apostasia e traição de vínculos sagrados. Os defensores do homossexualismo têm razão em apontar que há hipocrisia quando são ignorados como pecado os abusos de crianças e as escapadas extraconjugais  que grassam entre os cristãos.
      Há e sempre houve padres, monges, bispos e até mesmo santos que tiveram que lutar contra a atração por membros do mesmo sexo.
      Contudo, estes homens e mulheres crentes foram mais zelosos do que eu um dia possa vir a ser, dado o grau de dificuldade da sua luta.
      É preciso determinar, que mesmo dentro do casamento, não há livre licença  para fazer o que se quiser e quando quiser.  Daí que qualquer coisa, mesmo no casamento, conquistado pela  força e coação são atos de exploração, que só pode levar à divisão, ao invés de união. Estupro é estupro.
      A monogamia também está relacionada a questão de pensamento,  como  bem determina a Escritura.
      Logo, a  "pornografia mental " viola o leito conjugal, e inclui não só a pornografia convencional, mas as lembranças de uniões com parceiros anteriores também.
      Estas imagens destrutivas podem vir espontaneamente, o que deve  explicar os estudos que indicam que as os virgens têm relações melhores do que aqueles que entram casamento com entalhes já esculpidos em suas mentes.
      Tal como acontece com comer e beber, a temperança sexual não se destina a impedir as pessoas de ter prazer, mas  sim compreender que a  real alegria do sexo está no  libertar-se da escravidão das paixões.
      O sexo então não deve ser meramente lícito. Ele deve ser sagrado.

      Presbítero Barnabas Powell

      https://cetroreal.blogspot.com/2011/02/sexo-nao-e-pecado-quando-e-praticado.html
  • É JUSTO PAGAR O DIZIMO?
    • Essa afirmação é a primeira proclamação de Fé contida no Símbolo de Fé da Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica. A fórmula do Símbolo de Fé da Igreja foi definida nos Concílios Ecumênicos de Nicéia (325) e Constantinopla (381). Há séculos a Igreja guarda, defende, e proclama esta Doutrina Sagrada. Esta Doutrina foi revelada aos homens pelo próprio Deus, o Deus de Abrão, Isaac e Jacó. O conteúdo desta Revelação é fundamento de nossa fé comum. É para nós um tesouro de valor incalculável. Tanto mais não fosse por sua origem Divina. Enquanto Verdade – Verdade revelada – esta Fé é atuante e dinamizadora da Vida no interior da Igreja. Igreja que não é apenas o local do diálogo entre o Deus Criador e a criatura. É o próprio diálogo em si mesmo.
      Trata-se, na verdade, de um diálogo de natureza espiritual, pessoal, entre o Criador e a criatura. Este diálogo, necessariamente, se dá na forma de uma sinergia, um encontro de vontades. Ou seja: a fé que temos – o que no fundo de nosso ser sabemos ser verdadeiro – informa nosso entendimento sobre o mundo, nossas esperanças pelo futuro e consequentemente nosso comportamento presente. Com as atitudes que tomamos, em Igreja, encarnamos – tornamos visível – a Verdade que nos foi revelada. Em contra partida, o exercício de praticar as obras da fé leva o fiel à descoberta da dimensão espiritual de sua pessoa, e o prepara, pela purificação de sua alma, para o encontro definitivo com Deus. Como conclusão imediata, verificamos que é fundamental haver, da parte do homem, um esforço pessoal no sentido de conduzir a sua vida de uma forma coerente com o que acredita ser o fundamento de sua vida. É então o momento de fazermos uma pergunta: o que leva uma pessoa a converter-se à Ortodoxia? Muitos motivos e situações particulares poderão ser utilizados para explicar esta decisão, de suma importância. Cada um há, certamente, de se lembrar como foi este momento tão feliz em sua vida. É capaz até de encontrar nesta lembrança alguns bons motivos que o levaram a querer ser cristão ortodoxo. Mas serão, óbvio, sempre motivos subjetivos. Olhando a questão pela ótica do homem … está tudo certo. Afinal, não se diz: “Deus aproveita-se de tudo”?
      Mas, provavelmente, quase ninguém estará preparado para identificar em si o “algo”, no fundo de sua alma, que o pôs em movimento. Este “algo” tem um nome: é vocação, o chamamento que Deus faz, no fundo do coração, a cada um de nós. “Muitos serão chamados, mas poucos serão escolhidos”. Todos conhecem sobejamente estas palavras das Sagradas Escrituras. De fato, todos (a humanidade inteira) são chamados à salvação. Mas apenas a alguns Deus escolhe para o serviço (construção) da Igreja de Cristo. Igreja esta que, evidentemente, será Porta de Salvação para muitos outros. O surgimento de uma Igreja, encarnada e atuante no mundo, pressupõe a existência: de Amor a Deus, de uma Fé verdadeira, de fidelidade a Tradição, de um território a evangelizar, de fiéis que orem, de sacramentos, de Hierarquia, de clérigos. E o Senhor Nosso Deus vai chamar cada um, de acordo com a sua vocação, para preencher e realizar o seu lugar na Igreja. Portanto, a Igreja é uma sociedade divino-humana, porque feita com os homens. A Igreja é um convite de Cristo aos homens. A Igreja é o lugar do encontro objetivo, através de Cristo, com Deus. A Igreja é a Nova Jerusalém.
      Considerando o estreito vínculo espiritual que existe entre Igreja e Tradição, podemos dizer que, se quisermos levar ao extremo, a Igreja é já anterior ao Dia de Pentecostes. Desde os tempos do Patriarca Abraão Deus dá início ao surgimento de um “Povo eleito”. Povo que deveria estar preparado para viver na presença do Seu Filho Unigênito, quando chegasse a hora do primeiro Advento. Verdadeiramente o Senhor Altíssimo conduziu, amorosamente pelo convite, o Homem, a Sua criatura bem-amada, para a convivência pessoal com o Verbo Encarnado. Exatamente como deveria ter acontecido no Paraíso caso o ser adâmico tivesse concordado com o Plano de Deus. Tal como a legislação da Antiga Aliança, os preceitos, as regras, rubricas, cânones, e até mesmo, os dogmas da Nova Aliança têm o mesmo objetivo: conduzir, de uma forma pedagógica, o homem do seu estado decaído, até a condição de homem salvo e ressuscitado diante de Deus.
      Os relatos contidos nos Livros do Êxodo, Levítico e Números mostram o Deus Altíssimo, libertar uma multidão do cativeiro, conduzi-los pelo deserto, instituí-los como um povo dando-lhes uma Lei e depois ordenar, em minúcias, à este povo que:
      • “Tragam ofertas para a construção de uma Tenda com seu Tabernáculo”.
      • “Façam uma Arca com madeira de cetim”.
      • “Façam um propiciatório, um castiçal e dois querubins de ouro puro”.
      • “Façam uma mesa de madeira de cetim. Costurem 10 cortinas para o Tabernáculo”.
      • “Costurem um véu para o Tabernáculo”.
      • “Construam um Altar para os Holocaustos”.
      • “Construam um Pátio para o Tabernáculo”.
      • “Costurem vestes sacerdotais”.
      • “Façam o Altar do incenso e uma pia de cobre”.
      • “Tragam especiarias, azeite, incenso”.
      Para a feitura de todas estas coisas há uma determinação direta do Altíssimo, referente às medidas e aos formatos e ainda sobre quem deveriam ser os artífices. Também dá ordens específicas do quê, de como e para que, celebrar sacrifícios e holocaustos.
      Deus, além disso, escolhe Aarão e seus filhos para sacerdotes e ordena que se façam os sacrifícios e as cerimônias da consagração. Exclui da partilha de Canaã a tribo dos levitas que doravante não tomarão posse da terra. Viverão exclusivamente para o serviço do Tabernáculo e serão mantidos, unicamente, com parte do que fosse oferecido ao Tabernáculo. E, para Aarão, Deus determinou:
      “Porque o peito movido e a espádua alçada tomei dos filhos de Israel dos seus sacrifícios pacíficos, e os dei a Aarão, o sacerdote, e a seus filhos, por estatuto perpétuo dos filhos de Israel. Esta é a porção de Aarão e a porção de seus filhos das ofertas queimadas do Senhor, no dia em que os apresentou para administrar o sacerdócio ao Senhor” (Lv.7, 34-35).
      O pacto, entre Iahweh e o povo, relativo à Tenda da Congregação reduz-se na prática a que o povo ficaria encarregado de construir, carregar e manter a Tenda da Aliança; e o Deus de Abraão, Isaac e Jacó nela habitaria. Habitando-a, o Senhor conduziria o Seu povo à Terra Prometida:
      “[...] encheu o Tabernáculo… Quando a nuvem levantava de sobre o Tabernáculo, então os filhos de Israel caminhavam em todas as suas jornadas” (Ex.40, 34…).
      Manter a Tenda significava suprir todas as necessidades práticas para a celebração dos sacrifícios que o povo oferecia. Isto incluía farinha, azeite, incenso, água, lenha, sustento dos sacerdotes e tudo mais que fosse necessário para as celebrações dos sacrifícios.
      A Tenda da Congregação, com os sacrifícios nela celebrados será, portanto, o testemunho vivo da Aliança celebrada entre Deus e o Seu povo:
      “Tomarás o dinheiro do resgate dos filhos de Israel e o entregarás para o serviço da Tenda da Reunião; ele será para os filhos de Israel um memorial diante de IAHWEH, para o resgate de vossas pessoas.” (Ex.30, 16).
      Este espírito de participação mútua, entre o Homem e o Sagrado, para a construção de um lugar de encontro e diálogo com Deus permanece em todas as gerações do povo de Deus. Nas Sagradas Escrituras podemos ler:
      “Impusemo-nos como obrigação: dar a terça parte de um ciclo por ano para o culto do Templo do nosso Deus: para o pão da oblação, para a oblação perpétua e o holocausto perpétuo, para os sacrifícios dos sábados, das neomênias, das solenidades, e para as oferendas sagradas, para os sacrifícios pelo pecado que garante a expiação em favor de Israel; em suma, para todo o serviço do Templo do nosso Deus; e levar cada ano ao Templo de IAHWEH as primícias de nosso solo e as primícias de todos os frutos de todas as árvores, bem como os primogênitos de nossos filhos e de nosso rebanho, como está escrito na Lei – os primogênitos de nosso gado graúdo e de nosso gado miúdo, ao Templo de nosso Deus, sendo destinados aos sacerdotes em função no Templo de nosso Deus. Além disso, a melhor parte de nossas moeduras, dos frutos de toda árvore, do vinho novo e do azeite, levaremos aos sacerdotes, nas dependências do Templo de nosso Deus; e o dízimo de nossa terra, aos levitas – são os próprios levitas que recolherão o dízimo em todas as nossas cidades agrícolas; um sacerdote, filho de Aarão, acompanhará os levitas quando forem recolher o dízimo para o Templo de nosso Deus, para as salas do Tesouro”. (Neemias 10, 32-38)”O povo se alegrou com o que haviam feito, pois foi de todo coração que eles assim fizeram ofertas voluntárias a IAHWEH; o próprio rei Davi teve grande alegria”. (I Crôn. 29, 9).
      Natural haver tal alegria, afinal o povo sempre teve a certeza da promessa:
      “Trazei o dízimo integral para o Tesouro, a fim de que haja alimento em minha casa. Provai-me com isso, disse IAHWEH dos Exércitos, para ver se eu não abrirei as janelas do céu e não derramarei sobre vós bênção em abundância”. (Mal. 3, 10).
      “Honra a IAHWEH com a tua riqueza, com as primícias de tudo o que ganhares; e os teus celeiros estarão cheios de trigo, os teus lagares transbordarão de vinho novo.” (Prov. 3, 9-10).
      O Patriarca Abraão acreditou nesta promessa:
      “Melquisedec, rei de Salém, trouxe pão e vinho, ele era sacerdote do Deus Altíssimo. Ele pronunciou esta bênção:’Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo que criou o céu e a terra, e bendito seja o Deus Altíssimo que entregou teus inimigos entre tuas mãos’. E Abrão lhe deu o dízimo de tudo.” (Gên.14, 18-20).
      O Patriarca Jacó fez apelo à esta promessa:
      “Se Deus estiver comigo e me guardar no caminho por onde eu for, se me der pão para comer e roupas para me vestir, se eu voltar são e salvo para casa de meu pai, então IAHWEH será meu Deus e esta pedra que ergui como uma Estela será uma casa de Deus, e de tudo o que me deres eu te pagarei fielmente o dízimo.” (Gên. 28, 20-22).
      Na verdade, acreditar, se alegrar e fazer apelo ao cumprimento desta promessa são comportamentos coerentes com o dado da fé: “Creio em um só Deus, Criador de todas as coisas…”. O verdadeiro cristão, fiel a sua fé, “sente” no fundo de sua alma que, de fato, tudo quanto ele possui na vida, não é unicamente uma conquista individual. Afinal tudo o que existe não foi criado por Deus? Na verdade, não é nem que o Senhor Nosso Deus tenha permitido ao Homem ter alguma coisa, porque de fato não há posse de nada nesta vida. Há apenas participação nos bens da criação. Na Sagrada Liturgia o celebrante exclama:
      “Aquilo que é Teu, recebendo-o de Ti, nós Te oferecemos por todos e por tudo”. (Liturgia de São João Crisóstomo)
      Neste contexto fica mais claro compreender o Apóstolo quando diz: “…Buscai, em primeiro lugar, o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas (comer, beber, vestir) vos serão acrescentadas”. (Mt. 6, 33).
      O cristão ortodoxo, sabe que o Senhor nosso Deus apenas concedeu que o homem usufruísse alguns dos bens presentes em Sua Criação. Portanto quando um filho de Deus aproxima-se do Santuário para fazer uma oferta, de fato, não é oferta nenhuma, é, de legítimo direito, uma partilha. De fato, um momento de comunhão da criatura com o Criador.
      “Precavei-vos cuidadosamente de qualquer cupidez, pois, mesmo na abundância, a vida do homem não é assegurada por seus bens”. (Lc. 12, 15).
      Um exemplo: no momento que o fiel paga o dízimo, está confirmando que se submete a partilha que Deus lhe oferece. Ele, o criador de todas as coisas, oferece ao Homem tudo o que lhe é necessário, e o Homem oferece, como memorial deste estatuto, 10% deste tudo à Deus e sempre terá 90% para desfrutar.
      Com o advento da Encarnação do Verbo a Lei mosaica não foi abolida, foi aperfeiçoada. As ofertas e os dízimos que antes eram resultantes de uma obrigação jurídica; em Cristo tornam-se marcas da concordância (sinergia) entre o amor do crente e o Amor do Senhor seu Deus.
      “Pois sabeis que não foi com coisas perecíveis, isto é, com prata ou com ouro, que fostes resgatados da vida fútil que herdastes dos vossos pais, mas pelo sangue precioso de Cristo, como de um cordeiro sem defeitos e sem mácula”. (I Pd. 1, 18).
      O Amor, em Cristo, torna-se a mola motora da vida do fiel. Não é mais, apenas, o cumprimento ou não da Lei o que verdadeiramente importa. A parábola do fariseu o do publicano nos mostra claramente que o fariseu cumpria toda a Lei, inclusive pagava o dízimo. O outro Apóstolo nos deixa um alerta:
      “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, que pagais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, mas omitis as coisas mais importantes da Lei: a justiça, a misericórdia, e a fidelidade. Importava praticar estas coisas, mas sem omitir aquelas”. (Mt. 23, 23).
      Assim sendo o que é determinante, não é mais a submissão em si. Determinante é o que leva o Homem a submeter-se. O mero cumprimento dos mandamentos não é garantia que haja o Amor, no entanto, a não aceitação dos mandamentos divinos é certeza garantida que não há Amor. É simples: quando “algo”, em Igreja, não está funcionando lá muito bem, é porque a capacidade de amar, também, não está lá muito bem.
      Na Antiga Aliança o Homem estava submetido aos rigores da Lei. A certeza objetiva das bênçãos de IAHWEH era o cumprimento estrito da legislação de Moisés. Na Nova Aliança ele, o Homem, goza e participa no Amor, em Cristo, pela livre concordância e cumprimento dos preceitos e exortações da Igreja de Cristo. Nosso Deus e Salvador Jesus Cristo modificou a forma e a qualidade da submissão aos preceitos da Lei, mas não aboliu o conteúdo da Lei. Nem tampouco aboliu as necessidades que a antiga Lei atendia.
      Nas Sagradas Escrituras vemos nos relatos dos quatros evangelistas (a bolsa de Judas, Marta e Maria, o imposto à César, o jumentinho para a Páscoa, a compra de alimentos para saciar ao povo, a preparação da Ceia, o óleo aromático em seus pés, a compra dos bálsamos para o túmulo, um local para o sepultamento do Mestre etc.) o Mestre ensina aos seus discípulos com qual espírito deveriam resolver algumas das necessidades práticas do dia-a-dia da comunidade.
      O milagre da multiplicação dos pães e dos peixes foi uma exceção que, entre outros motivos, serviu para o Senhor mostrar que, se fosse da vontade do Pai, o Homem seria sempre alimentado miraculosamente, não precisaria trabalhar – o que seria uma contradição com a ordem Divina expressa quando da expulsão do Paraíso. Deus quer participação, quer comunhão e comunhão com El ! Mas, atenção! Participação, partilha e comunhão para atender as necessidades do próprio Homem, não de Deus!
      Na Igreja Ortodoxa, herdeira e guardiã dos ensinamentos do Deus Criador dos Céus e da Terra, hoje, são raros os casos de igrejas locais que recebam algum tipo de subvenção ou ajuda do Estado. Na sua grande maioria a Igreja é mantida pelos recursos dos seus fieis. A Igreja, mesmo na sua dimensão física, será sempre a imagem visível e real do amor partilhado pela comunidade.
      O pão, o vinho, o óleo, o azeite, o carvão, o incenso, a vela e os pavios substituíram, nos dias de hoje, os animais oferecidos em sacrifício pelo povo. O Sacrifício não é mais com animais, é incruento. Mas continuam sendo ofertas para o Sacrifício (que agora é o de Cristo). Mas ainda é o povo quem oferece sacrifícios ao Senhor seu Deus. O celebrante apenas oficia o sacrifício oferecido pela comunidade paroquial. Para esse mister a Igreja disponibilizou, aos fieis, a mesa de Dons.
      Os sacrifícios têm de ser oferecidos em determinado local. Este local também (como na antiga Tenda da Congregação) tem de ser providenciado e mantido (aluguel ou compra, impostos, luz, água e etc.) pelo povo. Para esse fim a Igreja conta com coletas, doações, bazares, festas, etc.
      Para celebrar o Sacrifício Eucarístico é necessário que haja um sacerdote validamente consagrado para tal ofício. Os clérigos necessitam, para o exercício do seu ministério sacerdotal, de conhecimento e estudo, de paramentos, de transporte e talvez mais alguma coisa. Para este objetivo a Igreja conta com a arrecadação de dízimos.
      O dinheiro apesar de ser uma questão básica e fundamental na vida de qualquer cristão é, ao mesmo tempo, uma questão muito séria e de difícil equilíbrio. É uma questão espinhosa desde os tempos apostólicos. São Paulo já labutava com ela:
      “Não sabeis que aqueles que desempenham funções sagradas vivem dos rendimentos do Templo, e aqueles que servem ao Altar têm parte no que é oferecido sobre o Altar? Da mesma forma o Senhor ordenou àqueles que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho” (I Cor. 9, 13-14).
      E ainda:
      “Somente eu e Barnabé não temos o direito de ser dispensados de trabalhar? Quem vai alguma vez à guerra com seus próprios recursos? Quem planta uma vinha e não come do fruto? Quem apascenta um rebanho e não se alimenta do leite do rebanho? Digo isto, baseado apenas em consideração humanas? Ou a Lei não diz também a mesma coisa?” (I Cor. 9, 6-8).
      Estas questões não são meramente questões financeiras. São questões de uma profundidade espiritual muito grande. Referem-se diretamente ao Amor Divino e a capacidade de amar do fiel, à Salvação e a comunhão com Deus. Não interessa se é mil ou um, o valor da oferta que se faz. O que importa é que, como sinal de fidelidade, sempre se faça as ofertas necessárias.
      Que elas sejam expressão de um amor verdadeiro. As ofertas são espiritualmente necessárias. A Igreja necessita delas para manter-se encarnada e atuante no mundo. O fiei necessita oferecê-las para assegurar pela prática sua comunhão com o Deus Criador dos Céus e da terra.
      Fonte:www.ecclesia.com.br

SUPLEMENTO LITÚRGICO

  • SACRAMENTO DA PENITENCIA
    • Na PENINTÊNCIA ou RECONCILIAÇÃO o confessor absorve em virtude do poder recebido do Salvador, quando, depois da sua ressurreição, soprou sobre os apóstolos e lhes disse: "Recebei o Espírito Santo, os pecados serão retidos àqueles a quem os retiverdes".
      Uma criança Ortodoxa recebe comunhão desde a infância. Assim que ela tem idade para saber a diferença entre certo e errado e a compreender o que é pecado, provavelmente com a idade de seis ou sete anos, ele deve ser levado para receber outro sacramento: Arrependimento e Penitência, ou Confissão (em Grego, Metanoia ou exomologisis). Através desse sacramento, pecados cometidos depois do Batismo são perdoados e o pecador é reconciliado com a Igreja: Por essa razão esse sacramento é frequentemente chamado de "Segundo Batismo". Ao mesmo tempo o sacramento age como cura para a alma, porque o padre não dá só absolvição mas também conselho espiritual. Desde que todo pecado é pecado não só contra Deus mas também contra nosso vizinho, contra a comunidade, a confissão e a disciplina penitencial na Igreja dos primeiros tempos, era um assunto público. Mas com o passar dos séculos tanto no oriente quanto no ocidente a confissão no Cristianismo tomou a forma de uma conferência “privada” entre o padre e o penitente sozinho. O padre é estritamente proibido de revelar para qualquer terceira pessoa o que ele ouviu em confissão.
      Na Ortodoxia a confissão é ouvida, não em um confessionário fechado com uma tela separando confessor e penitente, mas em qualquer parte conveniente da Igreja, usualmente no espaço imediatamente defronte à Iconostase; as vezes o padre e o penitente ficam por detrás de um anteparo, ou pode existir uma sala especial na Igreja se parada para confissões. Enquanto no ocidente o padre senta e o penitente se ajoelha, na Igreja Ortodoxa ambos ficam em pé (ou às vezes os dois sentam). O penitente fica de frente para uma mesa especial onde são colocados, a Cruz e um ícone do Salvador ou o Livro do Evangelho; o Padre fica ligeiramente de lado. Esse arranjo exterior enfatiza mais claramente que o sistema ocidental, que na confissão não é o padre mas Deus que é o Juiz, enquanto o padre é só uma testemunha e ministro de Deus. [...]
      Depois disso o padre questiona o penitente sobre seus pecados e dá-lhe conselhos. Quando o penitente tiver confessado tudo, ele ajoelha ou abaixa a sua cabeça, e o padre, colocando sua estola (epitrachilion) sobre a cabeça do penitente e pondo a sua mão sobre a estola, diz a oração de absolvição. A fórmula Grega diz:
      "O que você tenha dito para minha humilde pessoa,
      e o que você tenha falhado em dizer,
      seja por ignorância ou esquecimento,
      o que quer que seja,
      que Deus te perdoe neste mundo e no próximo…
      Não tenha mais ansiedade; vá em paz!
      Em eslavônio existe esta fórmula:
      “Que Nosso Senhor e Deus, Jesus Cristo,
      pela graça e generosidade de Seu amor pelo homem,
      Te perdoe, meu filho (nome),
      todas as tuas transgressões.
      E eu, um indigno padre,
      pelos poderes que por Ele me foram dados,
      te perdoo e te absolvo de todos os teus pecados."

A IGREJA

  • IGREJA SIRIAN ORTODOXA NO BRASIL: UMA IGREJA MISSIONÁRIA
    • Autor: Pe. Celso Kallarrari
      Doutor em Ciências da Religião
      1. INTRODUÇÃO
      De acordo com Dom José Faustino Filho (2001), havia – até o ano de 1982, na América Latina, de modo especial, no Brasil e na Argentina, sob a denominação de Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia e sem nenhuma vinculação orgânica -, um resíduo de oito comunidades sírias ortodoxas de origem oriental. Essas Igrejas eram denominadas Igrejas de colônia ou tradicionais, pois são destinadas, preferencialmente, aos sírios ortodoxos e seus descendentes com o objetivo de preservação e conservação de suas tradições.
      A Igreja Sirian Ortodoxa está presente no Brasil desde 1950 com a presença dos imigrantes das primeiras colônias sírias e suas primeiras comunidades religiosas. Esse ramo tradicional das Igrejas de imigração fora estabelecido com a construção da primeira Igreja de São João Batista, em São Paulo, em 1951. Mais tarde, em 1959, inaugurou-se a Igreja de São Pedro, em Belo Horizonte. No anos de 1962, foi lançada a pedra fundamental da Catedral de São Jorge, em Campo Grande – MS. No ano de 1981, inaugurou-se a última Igreja tradicional com o nome de Igreja Ortodoxa de Santa Maria. E, em 1983, com a criação da Igreja Missionária (ICOSB), a ortodoxia siriana se estendeu aos brasileiros.
      Em 1983, o arcebispo Dom Moussa Matamos Salama, inicia, no Brasil, uma missão evangelizadora aos brasileiros, abrindo as portas da Igreja Sirian Ortodoxa para todos os interessados, sem qualquer discriminação. Alguns padres que ingressaram na Igreja Sirian Ortodoxa vieram da Igreja Romana, outros vieram de comunidades evangélicas, sendo, posteriormente, ordenados pelo, então, arcebispo Dom Crisóstomos Moussa Matamos Salama. Deus abençoou esta obra missionária no Brasil, pois, em 1983, foi, oficialmente, registrada e autorizada pelo patriarca S.S. Ignatius Zakka I, através da Bula Patriarcal 128/1983 e, consequentemente, pelas demais Bulas 245/1988 e 246/1988. Na verdade, a missão siriana evangelizadora no Brasil teve forte influência da experiência vivida por Dom Moussa no campo missionário da Índia, pois lá ele desenvolveu um excelente trabalho missionário.
      2. UMA IGREJA MISSIONÁRIA
      A retomada do espírito antioquino missionário, quase esquecido pela Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia no Brasil, mas contrariada por algumas pessoas com ideais chauvinistas e pertencentes à Igreja Tradicional (isto é, de colônia), levou o Patriarca, numa decisão sinodal, a separar a arquidiocese no Brasil, em dois ramos: um tradicionalista, sob a administração direta do patriarca, e o outro missionário, sob a administração episcopal de Dom Crisóstomos Moussa Matamos Salama. Dessa forma, a Igreja Sirian Ortodoxa no Brasil, conhecida, naquele contexto, como Igreja Católica Ortodoxa do Brasil, por conta de sua índole missionária e estar aberta à evangelização de brasileiros, foi, então, intitulada pelo nome de Igreja de Missão e, consequentemente, Missionária.
      Por conta da perspectiva missionária da Sé Antioquina e pelo fato da Igreja Missionária no Brasil ter, inicialmente, recebido alguns padres e fiéis da Igreja Romana e, principalmente, por conta da inculturação, alguns padres da Igreja (Missionária) Sirian de Antioquia acabaram (em algumas comunidades) permitindo, naquele contexto, uso de imagens de santos tridimensionais (diferente dos ícones dimensional usados tradicionalmente pelas Igrejas Ortodoxas), vestimentas (estolas) católicas romanas (por conta da não produção desses materiais no Brasil) e, em alguns casos, até o uso da hóstia para a consagração do corpo de Cristo.  Essa situação desenvolveu-se, principalmente porque, após o falecimento de Dom Crisóstomos Moussa Salama, em 1996, a Igreja ficou, por muito tempo, sem nenhuma delegacia patriarcal.
      Nesse mesmo ano, por conta da morte de Dom Crisóstomos, Dom Gregórios Yohanna Ibrahim veio ao Brasil primeiramente para participar do Congresso Mundial das Missões Evangélicas e, num segundo momento, para reunir-se, em São Paulo,
      por diversas vezes com os membros da Igreja Tradicional no Brasil e promoveu uma reunião especial com a Igreja Missionária iniciada por S. Emcia Rev. Mar Crisóstomos Moussa Salama, de saudosa memória, no Brasil” (SURYOYE, 1996, p. 2).
      De acordo com o Jornal Suryoye (1996), Dom Gregórios Yohanna Ibrahim, na qualidade de emissário patriarcal reuniu-se com os 09 (nove) representantes da Igreja Missionária com a presença do cura-epíscopo Mons. Antonio Nakkoud e de mais cinco testemunhas da Comunidade Sirian Ortodoxa de São Paulo. Naquela oportunidade, S. Eminência dirigiu-se aos nove (09) sacerdotes que representavam a Igreja Missionária, solicitando-lhes a observância de quatro (04) pontos fundamentais na organização da Igreja Missionária relacionados ao nome da Igreja; às validações das ordenações sacerdotais emanadas do falecido arcebispo Mar Crisóstomos Moussa Salama e o uso correto das vestimentas, paramentos, ritos e liturgias da Igreja; regulamentação das paróquias brasileiras e sua vinculação patriarcal; e, por último, ao relacionamento das Igrejas Tradicionais (imigrantes) e as Igrejas Missionárias (SURYOYE, 1996, p. 3).
      Em 1998, depois de dois anos, Suas Eminências Reverendíssimas Dom Kirilos (Cirílo) Afram Karim, arcebispo do Leste dos Estados Unidos da América do Norte e Mar Severius Malke Murad, arcebispo de Jerusalém, estiveram no Brasil, designados pelo Santo Sínodo para acompanhar as resoluções anteriores acerca da Igreja Missionária.  Reuniram-se, durante dois dias consecutivos com os 02 bispos e 14 dos 32 padres da Igreja de missão, elaborando um relatório a S.S. Patriarca de Antioquia e de todo o Oriente. Em entrevista ao Jornal Suryoye, Dom Kirilos fez menção ao serviço missionário no Brasil, dizendo que
      Com a imigração, a Igreja encontrou esperança e agora pode voltar-se ao serviço missionário novamente. Mas devemos planejar o serviço missionário e deve acontecer naturalmente com o suporte das Igrejas Tradicionais. Nos últimos anos tivemos vários exemplos de agregações precipitadas e que não tiveram continuidade. Nesta nossa visita a estas igrejas ditas agregadas no Brasil, em verdade ainda estamos estudando a situação de fato e posteriormente apresentaremos um parecer ao nosso Santo Sínodo (SURYOYE, 1998, ano III, n. 18).
      Nesse ínterim, de tempos em tempos, sempre mantivemos contato com S. S. Ignátius Zakka I através de algum delegado patriarcal designado por ele. Recebemos várias delegações com o intuito de reunir as comunidades missionárias e buscar um diálogo mais profundo, em prol da unidade. Algumas dessas delegações procederam, diretamente da Síria, outras, vieram dos Estados Unidos, mas, infelizmente nosso diálogo não se concretizavam, de fato, porque nossa Igreja Missionária no Brasil não tinha condições de manter qualquer delegado no Brasil, pois, desde o início, ela era formada de pequenas comunidades (paróquias) distribuídas em vários estados brasileiro. Afinal, ainda hoje, a maioria dos nossos padres nem sequer pode ser mantido pelas suas comunidades, conforme explica Dom José Faustino Filho:
      Esta obra liderada por Mar Crisótomos é do Espírito Santo”, foi a solene declaração do Patriarca, repetida no Sínodo de 1983, em três Bulas Patriarcais. Fora de qualquer auxílio externo, sem recursos financeiros e com concorrência desigual, “a semente cresce, sem que se saiba como” (Mc. 4.27). Em 27 anos de trabalho árduo, a presença da Igreja estruturada por Mar Crisóstomos está consolidada em 16 Estados brasileiros. (FILHO, 2001).
      Depois de vários anos, após o falecimento de nosso arcebispo Mar Crisóstomo Moussa Salama, sempre nos mantemos, desde o início, submissos à Santa Sé Apostólica Antioquina, apesar de haver algumas pendências quanto às questões de paramentos litúrgicos e, principalmente, da vacância de um delegado patriarcal que pudesse, à luz da nossa cultura, direcionar os nossos trabalhos.
      Nossa Igreja de evangelização no Brasil é uma Igreja periférica, presente, atualmente, em 17 estados brasileiros é marcada, fortemente, pela diversidade cultural brasileira. Lembramos-lhe que cada estado brasileiro corresponde (em termos de proporção territorial) a alguns países da Europa. Imagine, pois, a imensidão de culturas regionais marcadas também pelos mais diversos povos (portugueses, holandeses, italianos, alemães, e orientais sírio-libaneses, etc.) que aqui desembarcaram há décadas e centenas de anos, por vários contextos históricos.
      Por outro lado, percebe-se que, no Brasil, a evangelização, iniciada por Dom Crisóstomos Moussa Salama, é, conforme Bula Patriarcal 128/83, “obra do Espírito Santo, reafirmando, assim, a continuidade da missão da Igreja de Antioquia e da visão antioquino-siriana, nas regiões do Brasil”. Por essa razão e, apesar das inúmeras dificuldades encontradas por nós, nesses longos anos, a exemplo das dificuldades de estabelecer uma comunicação direta com a Santa Sé Apostólica de Antioquia e da compreensão do idioma árabe, nunca deixamos de nos auto-denominar cristãos membros da Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia e de rezarmos, em todas as nossas celebrações, a liturgia siriana, pela Santa Igreja e seu Patriarcado. Dom José Faustino Filho, em correspondência à S. S. Ignátius Zakka I, assim se expressa:
      Cremos que a Vossa decisão de conferir ao Monsenhor Antônio Nakkoud, o título de Delegado Patriarcal também para a “Igreja Missionária” no Brasil vai nos ajudar, imensamente, para estreitar, cada vez mais, nossos laços filiais com a Igreja-Mãe. Achamos, pois, que a sábia decisão de Vossa Santidade, na escolha do Monsenhor Antônio Nakkoud como Delegado Patriarcal, foi, certamente, uma abertura maior para conhecer os nossos trabalhos in loco, uma vez que, desde os anos 50, o referido Monsenhor conhece nossa língua e, principalmente, nossa cultura e costumes. Este fato, sem dúvidas, possibilitará um melhor entendimento a ambos os lados (FILHO, 2009).
      Diante de inúmeras dificuldades, sempre mantivemos nossa postura de submissão e defesa da fé ortodoxa, conforme se observa, evidentemente, em nossos estatutos. A nossa liturgia, celebrada nas Santas Missas, é um árduo trabalho de tradução do nosso memorável Dom Crisóstomos Moussa Salama e em nada contradiz os princípios sírio-ortodoxos, nem, contudo, cria algo novo, mas busca devolver à Santa Igreja, a partir da inculturação, seus horizontes internacionais. Consciente de seu papel histórico, Dom Crisóstomos sempre lutou contra certa incompreensão de várias frentes: internas e externas. Tendo a missão de “defesa do Evangelho” e com sincera colaboração dos irmãos no Sacerdócio e no Episcopado, procurou implantá-lo, reavivá-lo e defendê-lo.
      Entre os dias 14 a 20 de maio de 2009, durante nossa visita ao patriarcado Siríaco Ortodoxo de Antioquia, em Damasco (Síria), houve, oficialmente, o reconhecimento da nossa Igreja Missionária do Brasil. O sonho do nosso fundador de uma Igreja Missionária no Brasil voltada aos brasileiros torna-se realidade.  2009, durante nossa visita histórica ao patriarcado Siríaco Ortodoxo de Antioquia, em Damasco. Esse sonho só se tornou realidade porque Dom Leolino Gomes Neto (Arcebispo Primaz no Brasil) e Dom José Faustino Filho (Bispo Auxiliar) lutaram incansavelmente contra todos aqueles que, interna e externamente, quiseram apagar da história e da memória da Igreja Sirian Ortodoxa, a obra evangelizadora missionária siríaca entre os brasileiros.
      Reiteramos que nossa Igreja no Brasil é uma Igreja simples, humilde e periférica. Contudo, Deus, para salvar o gênero humano, apoiou-se sempre em minorias fracas; outrora nos doze filhos de Jacó e mais tarde nos doze galileus. Ao invés de servir-se dos grandes impérios da Caldéia ou do Egito, buscou um pequeno povo, comprimido no meio de nações pagãs. Segundo Dom José Faustino,
      Muitas vezes, procuramos a quantidade por causa da nossa obsessão pelo número, mas Deus olha para a qualidade. Enfim, na realização de seus maiores desígnios, Deus utiliza-se sempre de alguns instrumentos fracos. Todavia, se estes obedecem docilmente à sua vontade, com eles transformará o mundo, pois de acordo com a palavra, “chegando ali, reuniram a Igreja e relataram tudo o que Deus tinha feito por meio deles e como abrira a porta da fé aos gentios [aos brasileiros]. E ficaram muito tempo com os discípulos (At 14, 28) (FILHO, 2009).
      Não podemos, pois, conceber, nos dias atuais, uma Teologia alheia às influências da modernidade ou da pós-modernidade. Nossa experiência mostra-nos que, partimos de uma Teologia Prática, a partir da periferia, cujas análises, juízos e prognósticos variam extremamente. Nossa Teologia é fatalmente humana, cultural e histórica e, sobretudo, transcendente. Nesse sentido, a tradição inaciana tem muito nos ajudado oferecendo enormes contribuições em nosso discernimento na história, na sociedade, na política e nos assuntos ecumênicos para além do nível puramente individual, discernindo na modernidade as coisas negativas que devem ser exorcizadas. É nesse contexto que procuramos nos situar diante das dificuldades financeiras e pastorais no anúncio do evangelho. O nosso patriarca, modelo de Pai e dinamismo, diplomacia e espírito ecumênico têm, em nossas lutas, tem nos ajudado a seguir os passos de nosso Senhor Jesus Cristo rumo à santidade.
      3. IGREJA SIRIAN ORTODOXA NO BRASIL
      A Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia – Missionária do Brasil (caracterizada pelo uso exclusivo do Credo Niceno-Constantinopolitano, em sua forma original e administrada pelo Colégio Episcopal – órgão executivo da Conferência Ortodoxa Nacional – CON) é uma unidade eclesial de forma patriarcal e sistema episcopal em submissão e comunhão ao Patriarca Sírio-Ortodoxo Sua Santidade Ignátius Zakka I, Iwas. A Igreja Sirian Ortodoxa no Brasil é representada, conforme Bula Patriarcal n. 300/2009, pelos respectivos bispos: Dom Leolino Gomes Neto e Dom José Faustino Filho.
      Em maio de 2009, uma delegação da Igreja Missionária do Brasil composta por 18 pessoas, liderada pelo Mons. Antônio Nakkoud, delegado patriarcal e acompanhada pelas Eminências Dom Leolino Gomes Neto e Dom José Faustino Filho, esteve reunido com o Patriarca, Sua Santidade Ignátius Zakka I, em Damasco, Síria. Neste encontro, de acordo com as palavras de Sua Santidade,
      tratamos a expansão da Igreja Missionária no Brasil, desde o ano de sua fundação (1983) até o presente momento, seu zelo pelas tradições da nossa Igreja Sirian Ortodoxa, sua fidelidade canônica a nossa Cátedra Petrina e seu amor a nossa língua oficial da Igreja, o Aramaico” (BULA PATRIARCAL n. 300, 2009).
      Em relação à legitimidade da Igreja Missionária, assim se expressa:
      Declaramos pela nossa autoridade Apostólica, na qualidade de Patriarca de Antioquia, todo Oriente, supremo chefe da Igreja Sirian Ortodoxa e Pai de todos os siríacos Ortodoxos no mundo, a legitimidade da nossa Igreja Missionária no Brasil, aprovamos a sua caminhada de fé, e nomeamos os nossos bispos Dom Leolino Gomes Neto e Dom José Faustino Filho para pastorear, e administrar a nossa Igreja Missionária Sirian Ortodoxa no Brasil, com o apoio e ajuda do nosso Legado Apostólico o Mons. Antônio Nakkoud (BULA PATRIARCAL n. 300, 2009).
      Mais recentemente, na Bula Patriarcal n. EE 430/2010, dirigida a toda clero brasileiro e, na Bula Patriarcal n. EE 428/2010, dirigida ao CONIC (Conselho Nacional das Igrejas Cristãs), Sua Santidade Ignátius Zakka I, informa, a fim de evitar ambiguidades e possíveis desentendimentos, a retirada do termo “Missionária” da Igreja no Brasil. Assim se expressa Sua Santidade, o patriarca Ignátius Zakka I, na seguinte Bula:
      Amados filhos espirituais: bispos, sacerdotes e membros da nossa Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia no Brasil [...] Apraz-me informá-los que retiramos o título “Missionária” da nossa Igreja no Brasil, cujo novo nome será o mesmo adotado por nós, ou melhor, “Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia”. Esta nossa Igreja no Brasil está ligada à autoridade da nossa Sé Apostólica e ao nosso Patriarcado Sírio-Ortodoxo de Antioquia, com sede em Damasco – Síria (BULA PATRIARCAL n. EE 430/2010).
      Entretanto, apesar do termo “Missionária” não fazer mais parte do nome oficial da Igreja no Brasil, não podemos ignorar sua origem e sua vocação missionária. Aliás, como já enfatizamos nesse artigo, a Igreja de Antioquia da Síria, de acordo com o livro dos Atos dos Apóstolos (11, 26-) é considerada a maior Igreja “missionária” e “gentílica” porque deu início às primeiras obras missionárias, enviando Paulo e Barnabé como missionários aos mais distantes países na época.
      4. EM TERMOS CONCLUSIVOS
      A Igreja Sirian Ortodoxa no Brasil é, por sua natureza e origem, uma Igreja Missionária e Tradicional. Entretanto, por conta de um Brasil de formação social, cultural e cristã e, especificamente, pelo seu caráter ecumênico, a Igreja Missionária tem maior destaque porque “O Brasil e os brasileiros têm uma vocação histórica e uma missão singular, inerentes no nome de Santa Cruz, que os grandes fundadores deram a esta Terra” (SALAMA,1993). Desde sua chegada ao Brasil e mais propriamente após assumir nossa cultura, Dom Moussa demonstrava ser um homem visionário e já vislumbrava uma Igreja Missionária que precisa
      reassumir os seus sagrados compromissos ecumênicos e [reviver] os grandes ideais de seus primeiros missionários Pedro e Paulo e demais apóstolos, “para a obra que foi lhe destinada” (At 13, 2). Ela tem tudo para satisfazer a religiosidade brasileira. Ela tem todas as vantagens de todas as demais Igrejas e nenhuma das desvantagens ou dos desvios das demais Igrejas (SALAMA, 1993).
      De fato, a história da Igreja Sirian Ortodoxa no Brasil, desde o início dos anos 80, tem se destacado por sua vertente missionária, abrangendo, dessa forma, os diversos brasis. A Igreja Sirian Ortodoxa no Brasil, desde seus primórdios, sempre sinalizou para sua missão evangelizadora, isto é, levar a mensagem de Cristo às diversas realidades brasileiras através da nossa liturgia, da palavra de Deus e, principalmente, do nosso testemunho de fé na Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica porque ser missionário é, antes de tudo, ser vocacionado.
      Muitas vezes, deparamo-nos com líderes que se dizem missionários, mas não são vocacionados e a missão acaba sendo comprometida. Dessa forma,
      A finalidade da Missão é tornar conhecido o Evangelho de Cristo, o Evangelho da vida, da verdade e da salvação, em todo o mundo, a fim de que todos cheguem ao conhecimento da verdade que é Cristo Salvador. [...] Cabe, portanto, à Igreja viver a sua missão com ardor, paixão e entusiasmo, porque sua missão é a própria missão de Deus (NAKKOUD, 2010, p. 69)
      porque Ele nos quer unidos e não divididos (I Cor 1, 13). Infelizmente, como dizia nosso saudoso fundador, Dom Moussa M. Salama, “Muitos ministros cristãos estão disputando os mesmos lugares, brigando entre si e desonrando o nome de Deus, enquanto muitos centros e campos missionários vastíssimos carecem de obreiros” (SALAMA, 1993). De acordo com Dom Moussa,
      (…) a autenticidade da Igreja se mede pelo seu grau de fidelidade a seu fundador. Nunca pelos ditos valores de cunho cultural, filosófico ou político. Eis a Igreja Católica. A autenticidade da Igreja Católica é dimensionada pelo grau de sua fidelidade ao Credo Niceno, como resumo do Evangelho. Portanto, qualquer Igreja, não importa o seu tamanho ou origem, que adultera, acrescenta, diminui ou inventa qualquer dogma fora do Credo Niceno, ou cria-lhe paralelos, condena-se e assina a sua abdicação do catolicismo ortodoxo.
      5. REFERÊNCIAS:
      ATO DO RECONHECIMENTO MÚTUO DA ADMINISTRAÇÃO DO SACRAMENTO DO BATISMO ENTRE IGREJAS-MEMBRO DO CONIC. Boletim do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil. Ano 23, n. 42, dezembro de 2007.
      BULA PATRIARCAL n. 300, 2009. Disponível em . Acesso em 15 de outubro de 2010.
      BULA PATRIARCAL n. 428, 2010. Disponível em . Acesso em 15 de outubro de 2010.
      BULA PATRIARCAL n. 429, 2010. Disponível em . Acesso em 15 de outubro de 2010.
      CONIC. Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil. Campanha da Fraternidade Ecumênica 2010: Texto-Base. Brasília, Edições CNBB, 2009.
      CONIC. Comissão Teológica do CONIC se reúne em Brasília. Disponível em: Acesso em dezembro de 2010.
      DAPNE – DIRETÓRIO PARA A APLICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS E NORMAS SOBRE O ECUMENISMO. São Paulo: Paulinas, 2000.
      FILHO, José Faustino. Coletânea de Textos Teológicos sobre a Igreja Cristã Ortodoxa. Tomo I. Goiânia: Gráfica Venâncio & Andrade, 2001.
      _________________. Discurso de Dom José Faustino Filho a Sua Santidade, o Patriarca Ignatius Zakka I Iwas. Maio/2009. Disponível em: . Acesso em 02 de maio 2009.
      KALLARRARI, Celso. Ortodoxos e Católicos: “Unidade sem Autoridade!”. Disponível em: . Acesso em 30 de janeiro de 2011.
      KALLARRARI, Celso. Ações das Igrejas Ortodoxas e Igreja Católica Romana. In. Jornal Regional. Ponta Porã, MS, 25 de jan/2010, p. 9.
      KALLARRARI, Celso. O Movimento Ecumênico na Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia. No prelo, 2009.
      SALAMA, Crisóstomos Moussa Matanos. Identidade Eclesial. In. Jornal o Estado Mato Grosso do Sul. Dez/1993.
      NAKKOUD, Mons. Antonio. Visita Histórica à Sede Patriarcal. Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia. Campo Grande, MS: Editora Alvorada, 2010.
      SURYOYE (Jornal). Visita de S. Emcia Ver. Mar Gregorios Yohanon Ibrahim ao Brasil. Ano II, n. 6, dezembro de 1996, p. 2-4.
      SURYOYE (Jornal). Comunidade Sirian Ortodoxa Hospeda Missão do Santo Sínodo em São Paulo. Ano III, n. 18, nov/dez de 1998, p. 8-12.
      S. S., o patriarca recebe delegação da Igreja Sírian Ortodoxa de Evangelização no Brasil. Disponível em.: . Acesso em 02 de janeiro de 2011.
      CNBB. Igreja no Brasil: Assembleia realiza Celebração Ecumênica com representantes das igrejas cristãs. In.: Notícias. Boletim semanal da CNBB. Disponível em: https://www.cnbb.org.br/documento_geral/Boletim-1208.pdf. Acesso em: 5 de junho de 2008.
      Com aprovação eclesiástica de:
      Dom José Faustino Filho (Bispo Auxiliar do Brasil)
      Mons. Antonio Nakkoud (Delegado Patriarcal do Brasil)
      Enviado em 27/02/2011
      https://www.cssmd.com.br/site/index.php/igreja-sirian-ortodoxa-no-brasil-uma-igreja-missionaria/

  • DORMIÇÃO E ASSUNÇÃO DE MARIA
    • As Igrejas Católica e Ortodoxas, em seu conjunto, celebraram a festa da Assunção ou Dormição de Maria. Na Igreja Síria-Ortodoxa chamamos a Festa da Assunção ou Dormição de Maria de Xunoi Dioldath Aloho. Ela é elevada por Cristo aos céus. Em Jerusalém, por exemplo, católicos e ortodoxos saem em procissão até o Sepulcro da Mãe de Deus, Teotokos.
      Num mundo marcado pela divisão do cristianismo cristão entre Oriente e Ocidente, Maria reúne seus filhos a sua volta, local da sua assunção aos céus. Na festa da Assunção, reúnem-se os ortodoxos grego, os Armênios, os Coptas e os Sírios e os católicos romanos.
      A assunção de Maria marca, profundamente, a escatologia dos últimos tempos, onde acontecerá, de fato, a ressurreição do corpo que se unirá a alma no céu.  Nenhum outro santo cristão teve o privilégio que Maria teve: ser elevado em corpo e alma para o céu. Tanto Católicos Romanos quanto Católicos Ortodoxos possuem seus sacramentos válidos, amam Nossa Senhora, reconhecem, mutuamente, sua Assunção aos céus e que ela é a Teotokos, isto é, a Mãe de Deus.
      Em Jerusalém, a Igreja Sirian Ortodoxa tem um lugar reservado na tumba de Maria. Nesse lugar, celebra-se constantemente a Santa Missa na língua de Jesus (o aramaico). Há uma diferença das festas da Igreja do Oriente e do Ocidente porque os calendários são diferentes. No Oriente, entre os ortodoxos, conserva-se o calendário antigo (Juliano), enquanto no Ocidente, na Igreja Romana, o novo (Gregoriano). Nesse ano, não só a sexta-feira Santa e a Páscoa foram celebradas juntas entre Católicos Romanos e Católicos Ortodoxos, mas a festa da Assunção de Maria.
      Em Homs, na Síria, os cristãos ortodoxos sírios reuniram-se na Catedral de Nossa Senhora do Cinto. Nesse lugar, conforme a tradição, é conservada um cinto de Maria que o apóstolo Tomé tinha recebido no momento da Assunção da Virgem. O texto que segue é de S.S. Inácio Zakka I, patriarca Sírio-Ortodoxo: “Segundo a tradição, a Virgem subiu ao céu. A questão que se coloca é: a morada de sua alma equivale a dos santos, justos e devotos? Ou será que ela subiu ao céu de alma e corpo? Sua assunção ao céu em seu corpo glorificado não é algo irrelevante para o Espírito Santo do Livro Sagrado, nem à tolerância cristã das verdades confessionais. Se ‘Enoque andou com Deus e ele não foi encontrado, pois Deus o tomou’ (Gn 5:24) e Elias, o profeta subiu ao céu em uma carruagem de fogo (2 Reis 2:11) não seria também levada ao céu a Virgem Maria, que teve o Senhor nove meses em seu ventre, deu-Lhe à luz e O amamentou, sendo considerada digna de ter seu corpo mantido sem corrupção e de tê-lo transformado em um corpo espiritual, sendo levada ao céu em corpo e alma, a fim de gozar das bem-aventuranças ao lado de seu amado filho Jesus Cristo?’
      St. Jacob do Serugh, o médico (521) assim se expressou em seu Memre em siríaco, sobre a morte da Virgem Maria, ‘Quando a virgem estava em seu leito de morte, os Anjos, os justos, os profetas e os pais do Antigo Testamento, desceram do alto pela ordem de Deus. Também vieram os doze Apóstolos e Evangelistas… eles a enterraram em uma caverna rochosa. A Glória prevaleceu no céu e na terra, quando os anjos viram sua alma subindo e voando para residências das luzes’. O livro atribuído a Dionísio, o Areopagita, bispo de Atenas, (95) relata que no momento da Dormição de Maria, todos os apóstolos vieram dos quatros cantos da terra com estranha velocidade e se reuniram acerca dela. Quando chegaram em Jerusalém, cidade onde a Virgem Santíssima morava, Jesus veio com os seus anjos. Então, Jesus recebeu sua alma e entregou-a Miguel, o Arcanjo.
      No dia seguinte, os Apóstolos colocaram o corpo em uma cova e guardavam o túmulo na espera que o Senhor aparecesse. Jesus apareceu mais uma vez e transferiu o seu corpo sagrado para o céu em uma nuvem. No céu, seu corpo uniu-se à sua alma, a fim de desfrutar da alegria eterna”.
      A caminhada da Igreja, especialmente na nossa época, está marcada pelo sinal do Ecumenismo. É Maria que faz com que nossas igrejas “se unam pacificamente num só rebanho e sob um só pastor” (Redemptoris Mater). Maria é fonte de unidade cristã entre Católicos Romanos e Católicos Ortodoxos. Esta unidade não é apenas um sonho de poucos, mas uma realidade que se constrói a cada dia. A Igreja na sua dimensão espiritual jamais poderá ser dividida. “Pode-se, acaso, dividir Cristo?”, dizia Paulo (1 Cor 1, 13). Nós, homens, podemos dividir a Igreja no seu elemento humano e visível, mas não a sua unidade profunda que se identifica com o Espírito Santo. A túnica de Cristo não foi e não poderá ser dividida (Jo 19, 24b). É a fé que professamos no Credo: “Creio na Igreja, una, santa, católica e apostólica“. De fato, essa unidade vai ser um sinal para as Igrejas, para o mundo. Ela foi perdida, mas, em breve, vai ser recuperada. Devemos orar constantemente por ela.
      Autor: Padre Celso Kallarrari, ISO
      Publicado originalmente em: Jornal Regional, 2010
      https://www.cssmd.com.br/site/index.php/a-assuncao-de-maria/

  • REDESCOBERTA DA IGREJA
    • Por Mor Crisostomos Moussa Salama
      Sou muito grato pelo gentil convite, para falar sobre o presente tema, o que faço com muito prazer, procurando dar minha humilde contribuição para a glória do Senhor e a grandeza de sua Igreja.
      Seria muita pretensão de minha parte, abordar um tema de tamanha envergadura, objeto multissecular de tantos homens ilustres, eruditos centros internacionais e de concílios regionais e ecumênicos de estudo e pesquisa. O assunto, contudo, ainda não se esgotou. Certas testemunhas não foram ouvidas, testemunhas que possuem sérios fatos a declarar, revelar ou denunciar, esclarecer e retificar. Saudamos o diálogo cristão, o diálogo aberto, responsável e objetivo. Renunciamos às polêmicas subjetivas, alimentadas por uma herança de conflitos milenares, tendenciosos e lamentáveis. De fato, o cristianismo está passando por um estágio de entendimento, reaproximação e redescoberta de sua identidade. Conseguimos amenizar o ambiente hostil entre irmãos, criar parlamento eclesial (o CMI, o Movimento Pan-ortodoxo e a Secretaria Vaticana para Unidade Cristã), mútua cooperação nos campos sociais, educacional e cultural e até a unificação entre certas confissões religiosas. Há, realmente, uma sincera vontade, de parte da maioria dos cristãos, de conviver debaixo do mesmo teto, como uma só família e um só rebanho. Prevalece, ainda, o resíduo de espírito proselitista, nacionalista ou desintegracionalista em alguns setores do cristianismo. A unificação cristã, para alguns, é a mera absorção dos demais grupos. Para outros, é a erradicação da Igreja, em nome do Cristo, como se a Igreja fosse inimiga do Cristo.
      Para mim, os cristãos não estão ainda bem preparados a aceitar a idéia de plena comunhão. Enfrentamos o radicalismo dogmático, posicionalista de um lado, tradicionalismo pseudo-dogmático, e de outro e o liberalismo teológico, de mais um lado. A falta de coragem da parte hierárquica para quebrar certos tabus crônicos é o que vem prejudicando a ação saudável da Igreja.
      A Igreja ainda balanceia entre Moisés e Jesus, entre a lei e o Espírito, entre o sábado e o domingo, entre César e Deus, entre a filosofia e o escândalo da cruz, entre o celibato e matrimônio. Esquecemos a singularidade do Cristo, a unicidade da Igreja, a mensagem da nossa salvação. Condicionamos Cristo a livros, leis, dogmas, costumes, tradições, comes, bebes, vestes, sexo, dias, lugares, sistemas, homens mortais e “outros elementos frascos e pobres” (Gl. 4:9). Cada grupo ou Igreja enfatiza um certo ponto de vista estreito, de um lado da Igreja ou de um membro do corpo de Cristo, deformando, assim, a integridade do esposo e a beleza de sua esposa, às custas de outros membros: adventismo, batistismo, presbiterianismo, episcopalismo, pentecostalismo, salvismo, últimos dias, benções e tantos outros nomes bonitos e significativos, mas, lamentavelmente, parciais, sectários, facciosos e divisionários. Isso jamais quer desfazer de contribuições positivas, que tais respeitáveis grupos tem feito em prol da causa cristã, mas não se justificam em cria igrejas paralelas ou credos análogos, pois a Igreja tem muito lugar para todos e ainda sobra para outros. Basta-lhes compreender a verdadeira natureza da Igreja e a plenitude de sua missão. Essa é a mensagem de abertura, que nos legaram, entre outros, dois visitantes ilustres. O Patriarca de Antioquia, Mar Ignátius Zaqueu 1 e João Paulo II, os quais realçam a singular personalidade do Cristo e a missão básica da Igreja.
      Um certo teólogo contemporâneo, infelizmente excomungado, em recente declaração à imprensa inglesa, dizia que “a teologia ainda não morreu”. De fato, estamos reeditando e reavaliando a sua história, a exemplo de outras ciências. E vamos reivindicar nossos deveres e direitos como membros vivos do corpo da Igreja, cordeiros de Jesus Cristo e associados do Espírito Santo: deveres e direitos que nos foram usurpados ou negados, em nome de um posicionamento cultural. E se existe o radicalismo dos velhos continentes, jungidos a seus privilégios petrificados, caberá ao Brasil e seus filhos e filhas sacudir as velhas estruturas e liderar o redescobrimento da Igreja.
      No presente estudo procuramos dar nomes aos coelhos, sem rodeios ou subterfúgios, partindo de pontos básicos, criticando o que parece desvio e dando sugestões que nos parecem viáveis, com todo desapego e toda imparcialidade, exceto uma verdade que nos convence. Pretendemos abordar os aspectos fundamentais ou essenciais da natureza da Igreja. O tempo, as fontes de referência e o material de pesquisa são, aqui e agora, escassos. Prevalece, então, a nossa experiência, vivência, convicção e o testemunho de nossa consciência.
      Para falar em nome de uma Igreja, devemos partir de nossa convicção de sua ortodoxia. Mas isso não nos impede de admitir ou censurar seus erros, falhas ou atitudes. A Igreja nunca negou a sua qualidade de formação de homens limitados e pecadores. Mas nunca renunciou à luta pelos ideais de seu fundador. Ela é consciente de sua tarefa e de sua missão principal, de levar Cristo a todos os confins da terra. E nunca deixou de redescobrir a si mesma e suas novas energias, buscando sempre a perfeição.
      Partimos, ad agumentum, de alguns pontos básicos: 1) a pessoa humana é o objetivo principal de Deus e, consequentemente, a Igreja; 2) A Igreja é o plano de Deus para a nossa salvação; 3) a Igreja é de Deus e mais de ninguém ou de qualquer sistema; 4) somos a Igreja, seus membros, membros do corpo de Cristo, como cristãos; 5) os cristãos possuem, ainda, muitos pontos comuns de concórdia, total ou parcial apesar de suas divergências; 6) as divergências devem ser buscadas em seu contexto evangélico e histórico, com a convicção de que a vontade de Deus é que “todos sejam um” e que as nossas divergências, frutos de nossos pecados, não fazem a vontade do Pai; 7) não haverá possibilidade de nossa unificação sem o reconhecimento de nossas culpas e divergências. Não adianta disfarçar. Não adianta tornar um fato consumado algo que deve ser objeto de negociação ou de diálogo.
      Podemos, então, estudar os referidos pontos básicos, sob diversos aspectos, histórico, evangélico, doutrinário, litúrgico, administrativo, ecumênico e jurídico; finalizado com noções e conclusões gerais.
      1. ASPECTOS HISTÓRICOS
      Nasci num lugarejo, no deserto sírio, onde havia uma mesquita e duas igrejas. Logo, desde a infância, defrontei-me com um problema, que herdei do passado. Acredito que todos nós tivemos situação semelhante. O total dos batizados das duas igrejas não passava de 15 famílias, aparentadas, vivendo e trabalhando juntas em todas as esferas da vida, menos a esfera religiosa. Havia barreiras imaginárias. Nenhuma das duas igrejas sustentava um pároco. Éramos visitados esporadicamente por padres de outras localidades. No decorrer de toda a minha carreira em diversos países, deparei-me com a mesma questão divisória. Gastei 90 % das minhas atividades de meio século, na inglória batalha de defender ou atacar, com pouco ou nada de aproveitamento positivo. Muitos ministros cristãos estão disputando os mesmos lugares, brigando entre si e desonrando o nome de Deus, enquanto muitos centros e campos missionários vastíssimos carecem de obreiros. A questão não é o aumento de fé ou de número de templos, mas, sim, a proliferação de credos e a inflação de entidades e hierarquias, como se Cristo tivesse sido dividido (1Co. 1:13). “Por vossa causa o nome de Deus é blasfemado”, dizia o apóstolo Paulo (RO. 2:24). É o escândalo da cruz.
      Nunca entendi como ainda não entendo: por que os cristãos brigam tanto por assuntos que não fazem parte do seu evangelho? Por que a Igreja procura complicar o simples em vez de simplificar o complicado? Por que exige de seus membros coisas que nem Cristo ou seus apóstolos exigiram? Por que a Igreja quer ser tudo: raça, nação, governo, estado, sistema social, clube, latifúndio... menos Igreja? Encontrei apenas uma resposta generalizada: a Igreja substitui a ação pela discussão. Ficou no extremo da infalibilidade de um só cristão. Esqueceu que “na Igreja, Deus constituiu primeiramente os apóstolos, em segundo lugar os profetas? São todos doutores? (1Co 12:28f) quero sublinhar ou grifar o verbo "constituir” aqui usado por São Paulo, de conceito jurídico, que estabelece autoridade exercida pelos apóstolos e conferida a seus sucessores (2Co 10:8, Ro 9:18, Lt 23:15, 2Co 13:10, lCo 9:12).
      A igreja por sua vez, consciente de seu papel e de sua autoridade “constitucional”, soube manter e defender a pureza de sua fé sem compromissos senão com seu esposo. E quando julgou necessário, recorreu aos concílios ecumênicos, sua autoridade inerente e máxima. Nunca foi conivente com o mal, interno ou externo, não poupando nem os seus próprios chefes. Lutou e vem lutando contra inimigos ferozes, internos e externos, procurando conhecer unicamente a Cristo, a Cristo crucificado (1Co. 1:23 e 2:2). Lutou contra desvios doutrinários, heresias, desordem, anarquia, poder escravagista ou absoluto e quaisquer outras tendências judaizantes ou pagãs, enfim, contra qualquer poder que se subleve, mine ou diminua a autoridade do Cristo, que lhe foi outorgada (2Co. 10:5). Foi e ainda é tarefa difícil lutar, não contra as forças do mundo, mas contra os desvios de seus próprios filho, chefes, pastores e doutores. Como é duro lutar contra filhos e irmãos, contra a supremacia humana, o amor pelo poder mundano (Mat. 20:25f), contra o agrado dos homens (Gal 1:10) e as variadas maquinações de Satanás (2Co 2:11).
      Como e o que fazer, então? Está tudo perdido ou confuso? É vã a nossa pregação? Cristo perdeu a batalha? A Igreja faliu? Não, de maneira nenhuma. Pois eu também sou cristão e vivo a esperança da Salvação por Cristo, que conheci através da Igreja.
      Sim, foi através da Igreja de minha aldeia, a Igreja da Síria ou na Síria, que conheci a Cristo. Essa tal de Igreja Síria, que acolheu o nascimento de Jesus (Lc. 2:2, que ouviu a sua viva voz (Mat.4:24), que recebeu a primeira carta apostólica (Atos 15:23) e foi episcopal (13:1) hoje é uma Igreja pouco conhecida, em comparação a outras Igrejas. Isso lhe constitui responsabilidade, mais que privilégios. Ela nunca pretendeu soberania como prêmio de sua ação missionária para o mundo inteiro, nunca assumiu o poder, graças a Deus. Nunca caiu em heresia ou cisma, nunca sujou as mãos pelo sangue, mas sempre está sendo martirizada. Nunca pleiteou nada, mas sempre foi pioneira. Nunca nada recebeu, mas sempre deu. Nunca se coligou com hereges, mas sempre foi fiel ao evangelho, ao Credo, a Cristo. Nunca manchou a sua sucessão apostólica. Nunca abandonou a comunhão dos santos. Sempre venerou a Virgem Maria, como Mãe de Deus, mas nunca a endeusou. Foi um dos seus filhos (Ignátius Teóforo) que usou pela primeira vez o termo de Igreja Católica, o nome que hoje lhe é negado. Sempre foi Ortodoxa, junto de suas Igrejas irmãs, mas a ortodoxia é dada hoje a outrem, pelo menos em dicionários. Sempre excomungou a Eutiques e sua heresia, mas muitos ainda insistem em alcunhá-la de eutiquina, monofisita ou jacobita. Nunca se separou de ninguém, senão dos desvios, pois nunca se sujeitou a nenhuma igreja. E mesmo assim, é denominada cismática. Esta é a minha Igreja, a Igreja de minha aldeia.
      É um fato histórico comprovado que Jesus nasceu em Belém da Judéia, na província da Síria, que fazia parte do Império Romano (Lc. 2:1 e 2). Jesus então, é um cidadão Sírio/brasileiro. Não importa a origem étnica de sua bendita mãe ou a religião tradicional de seu tutor, o São José. A descendência de Maria é mistura de moabita (síria) e judeu, de hittita e judeu (Rute 4.16f Mat. 1:5 e 6). A ideia de raça pura é invenção do sionismo, inspirador do nazismo. O fator principal na gênese das pessoas e nações é a terra de Canaan, um território sírio, antes, durante e após a invasão das tribos israelitas. A terra prometida não passa de inverdade, bem explorada. A promessa de Deus a Abraão tem apenas um sentido espiritual, de que de sua descendência nascerá o Cristo (cf.Gn.28:14, 26:4. Atos 3:25, Ro.4). Além do mais, Jesus só falava o aramaico (sírio) tanto ele como sua mãe e todos os seus apóstolos, que eram naturais da Galiléia dos Gentios (mat. 4/15).
      Foi pertinho da minha aldeia que os seguidores do Cristo adotaram o nome de cristãos, isto é, em Antioquia (Atos 11:26), a mesma cidade em que Pedro e Paulo desempenharam suas missões. Foi a primeira sede apostólica de São Pedro, após Jerusalém, também uma cidade síria, desde Melquisedeque. Os santos apóstolos estabeleceram outras sedes no mundo inteiro. Cabe a elas comprovarem a sua idoneidade. Mas Pedro não se enganou em estabelecer a sua sede em Antioquia, para transferi-la depois para outra cidade; como alguns alegam oficialmente (Bíblia Sagrada, página 1353, Edições Paulinas, 1953). Protestamos veementemente contra o desvirtuamento da história da sede petrina, principalmente contra a “inspiração divina” que diz que Pedro transferiu a sua sede para outro lugar e exigimos provas. Isso realça, mais ainda, a genuinidade, a singularidade e a importância da sede antioquina. Durante os dois mil anos da história da Igreja, nunca houve nenhuma prova, por mais remota que seja de que Antioquia, tenha sido submissa, e sim, plena comunhão a par da igualdade (Gal. 2:9). Em suas diversas atividades (sagrações, sínodos, concílios e deliberações doutrinárias. Antioquia agiu por conta própria, destacando-se na maioria dos encontros ecumênicos, como presidente. No 2º Concílio Ecumênico convocado em 381, Eustáquio, Bispo de Antioquia, presidiu, enquanto o Bispo de Roma nem representante enviou.
      Antioquia se manteve, ininterruptamente e em todas as épocas, com a intrusão de alguns bispos hereges ou cismáticos, mas esses nunca foram considerados bispos, sendo sumariamente excomungados, pela autoridade da própria Igreja. Antioquia é símbolo da ortodoxia; não apenas o bispo-patriarca de Antioquia, mas, todos os prelados de seu patriarcado, os quais são, por sua vez, sucessores diretos dos santos apóstolos, de fato e de direito.
      Em 6 de outubro de 512, Severo foi eleito como único Patriarca de Antioquia e expulso em 518, por ordem do tirano Justiniano I. Abrigou-se no Egito, de onde administrava o seu patriarcado. A perseguição de Justiniano atingiu a todos os bispos ortodoxos, menos 3 velhos em Marceus, Pérsia (Iraque) e Alexandria. Havia cerca de 500 bispos e dois patriarcas ortodoxos nas cadeias de Constantinopla. Mesmo na cadeia e com a colaboração dos demais prelados também prisioneiros, Teodósio, Patriarca de Alexandria, sagrou Tiago Severo. E assim se manteve a sucessão apostólica, à revelia do poder imperial (melkita). Tiago sagrou 102 presbíteros, 27 bispos e dois patriarcas. E até hoje, a Igreja da Síria mantém total comunhão com a Igreja de Alexandria, com a obrigação recíproca de citar o nome do Papa de Alexandria em nossas missas e o nome de nosso patriarca em suas missas. Vasken I, patriarca da Armênia foi sagrada por nosso falecido Jacob III, quando arcebispo de Beirut e Damasco.
      Prolongamo-nos nessa análise histórica, para cobrir um vasto período de quase dois milênios, traçando uma linha reta da continuidade ortodoxa da Igreja, no meio de tumultos, desvios e distorções: porque podemos compreender a evolução e a atualidade da Igreja, somente através da história e porque acreditamos que os historiadores honestos e imparciais irão colaborar na redescoberta da igreja.
      2. ASPECTOS LITÚRGICOS
      Bem antes de escrever, codificar e editar os documentos da época apostólica, que posteriormente, receberam o nome de Novo Testamento, a Igreja da Síria criou a sua liturgia, isto é, o manual da celebração do culto cristão ou métodos de orar, batizar, crismar, partir o pão, ordenar, sagrar, ungir, e oficiar os demais sacramentos e rituais. É a liturgia, atribuída nominalmente a São Tiago, Irmão de Nosso Senhor Jesus Cristo, primeiro bispo de Jerusalém, autor de uma das cartas católicas e mártir no ano 61. Algumas referencias da referida liturgia apareceram no Evangelho. Podemos perfeitamente avaliar a influência da referida liturgia, que é a vida cotidiana da comunidade cristã primitiva, na composição e no pensamento de todo o Evangelho. Daí, a suma importância que a Igreja hipoteca à santa liturgia os seus detalhes e implicações. Ai do cristianismo se não tivéssemos conservado a liturgia de São Tiago, único documento autêntico da antiguidade. Outras liturgias de outras Igrejas carecem de autenticidade e autoridade. Ninguém ira da Igreja Síria mais este privilégio de autenticidade e autoridade. Ninguém tira da Igreja Síria mais este privilégio. E esperamos, para o bem do cristianismo, que os movimentos litúrgicos voltem às puras origens da única liturgia historicamente cristã e salvem o cristianismo dessa balbúrdia litúrgica.
      3. ASPECTO EVANGÉLICO
                   A Igreja Síria foi pioneira na formulação, redação codificação, tradução e divulgação da literatura primitiva cristã, que denominou de Evangelho ou Novo Testamento. Ela fez tudo aquilo por sua própria autoridade, confiante em suas origens apostólicas. Ela é autora, mantenedora, depositária e expositora das Sagradas Escrituras. Com a mesma autoridade ela congelou e proscreveu o chamado Velho Testamento e seus preceitos e leis, ficando apenas como fonte de referência, mas isso, também, pela força de sua autoridade e não pela autoridade do Velho Testamento (Hb. 8:13). A Igreja, então, constitui o Evangelho, para seu uso particular, como uma norma de sua doutrina, disciplina e conduta. É por isso que ela o respeita, reverência e defende irrestritamente. Ela existe com ou sem o Evangelho escrito, pois viveu muitos anos, um século ou mais antes de editar, codificar e universalizar o Evangelho escrito. Em outras palavras, ela é o Evangelho escrito “Não com tinta, mas com o Espírito de Deus vivo, não em tábuas do coração humano” (2Co.3:3).
                  Não foi assim que procederam alguns grupos cristãos, que vem adulterando a palavra de Deus em diversas traduções tendenciosas, não respeitando nem o texto sagrado, do qual tanto falam e gritam. Eles agem assim, porque sabem que o Evangelho não é deles, é de outro dono, a Igreja, a Igreja que nunca adulterou nenhuma vírgula, no Evangelho que exclusivamente é seu dia. Dia chegará, quando, despertada a consciência cristã neles, os tradutores do Evangelho, em suas origens limpas e autênticas.
       4. ASPECTO DOUTRINÁRIO
                  O Credo da Igreja nasceu junto com ela, bem antes de ela escrever o Evangelho, “Confiando de uma vez para sempre aos santos” (Judas 3). O Evangelho é o testemunho escrito do credo ou da fé da Igreja. Os apóstolos registraram, apenas registraram e muito tarde, aquilo que a Igreja acreditava e ainda acredita que “No principio subsistia o Verbo, o Verbo coexistia com Deus e o Verbo tem sido Deus”. Antes que Mateus publicasse, a Igreja acreditava e rubricava “Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Antes que Paulo declarasse por escrito, a Igreja acreditava que “Jesus é o Senhor, um só Senhor”. Antes de João anunciar e antes de Credo Niceno-constantinopolitano definisse, a Igreja acreditava que o Espírito Santo do Pai procede”.
                   A Igreja, então, tem uma doutrina enraizada em si, manifestada no seu Evangelho e sintetizada pelo Credo Niceno. É o único credo que a Igreja Ortodoxa aceita, proibindo o uso de qualquer outro credo e qualquer alteração no mesmo. Para a Igreja Síria o Credo Niceno é o símbolo da ortodoxia católica, de qualquer Igreja. Não aceita nada mais e nada menos do que vem na letra e no espírito do Credo, para a salvação das almas, conforme a definição dos três primeiros concílios ecumênicos.
                  É lamentável constatar o abuso de algumas Igrejas, contrariando, solapando, minando e deformando o Credo Niceno. Mas saudamos o salutar movimento de redescoberta do mesmo.
      5. ASPECTO HIERÁRQUICO ADMINISTRATIVO
                   “Ele mesmo acolheu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para a edificação do corpo de Cristo, até que todos nós sejamos um na fé e no conhecimento do Filho de Deus e no estado de homem perfeito, na medida da estrutura da perfeição de Cristo” (Ef. 4:11 a 13).
                  A Igreja Ortodoxa segue fielmente esse sistema apostólico, valorizando seus prelados, como genuínos sucessores dos apóstolos, e eleitos por suas dioceses, ratificados e homologados pelo sínodo episcopal e consagrados pelo mesmo, presidido pelo Patriarca. Cada diocese e cada patriarcado legislam para sua jurisdição, no que diz respeito à disciplina e administração já que os assuntos da fé já foram definidos desde o início pelos três concílios ecumênicos, que são a autoridade máxima na matéria, mas por autoridade do próprio concílio e não de quem o presida ou de autoridade imperial. Isso significa que a Igreja Ortodoxa aceita a infalibilidade da Igreja como um todo, e de nenhuma outra pessoa ou outro sistema. É a colegialidade apostólica que conta com o penhor do Espírito Santo, que dirige os destinos da Igreja, em paz, amor, e harmonia. Isso não é novidade. A Igreja começou assim e assim vive, até que o Senhor venha.
                   Num mundo de contrastes, de jogos políticos e financeiros de interesses estratégicos e tendências nacionalistas; a Igreja, sabiamente, vem respeitando e defendendo as autonomias diocesana e patriarcal, sem a necessidade de recorrer a um poder absoluto ou rodeios administrativos. É muito difícil manter o equilíbrio entre a autonomia e a colegialidade, pois “onde está o Espírito do Senhor, ai há liberdade. É o milagre ortodoxo. O concílio de Éfeso, reunido em 431, em seu primeiro cânon prevê e adverte: “Os cânones patríticos não devem ser ultrajados, nem pelo pretexto do ministério sacerdotal permitiremos a penetração de soberania ou supremacia do poder, a exemplo da autoridade civil (mundana). Não nos devemos enganar, perdendo, pouco a pouco, a liberdade que conquistamos pelo sangue de nosso Senhor Jesus Cristo, libertador de toda a humanidade. “ Convém, neste contexto, citar mais uma advertência no mesmo sentido, desta vez, dirigida pelo apóstolo Paulo aos Cristãos de Corintos: “Porventura foi dentre vós que saiu a palavra de Deus? Ou veio ela somente para vós? (1Co 14:36). E, Paulo, outra vez: “se, no entanto, alguém quiser contestar.....nós não temos tal costume e nem as Igrejas de Deus”. (1Co 11:16).
                  Alegramo-nos, portanto, pela redescoberta do sistema administrativo da Igreja Ortodoxa e oremos pelas demais igrejas a chegarem à plenitude de Cristo.
      6. ASPECTO ECUMÊNICO
                  É bastante temerário desmentir as divisões doutrinárias e disciplinas na unidade cristã, acumuladas, alimentadas e inflacionadas por diversas razões, de ordens teológica, política e administrativa. Ressalta-se que todas as divisões provém das Igrejas, chamadas ocidentais e nenhuma, mas nenhuma, das Igrejas Orientais. Aliás, todas as divisões no cristianismo oriental tem sido impostas pelas igrejas ocidentais ou por sua ingerência , enfraquecendo, mais ainda, o seu testemunho cristão missionário. Parece, contudo, que as técnicas ocidentais vem se mudando, paralelamente ao colonialismo político. Acabou a técnica de proselitismo individual, para iniciar a conquista coletiva em nome do ecumenismo. Fazem parte do movimento ecumênico as guerras civis que o Ocidente, à luz do dia, vem provocando, em nome do fanatismo religioso, nas regiões das Igrejas Ortodoxas indefesas, para liquidá-las sumariamente. Já não basta o comunismo, fruto da decadência ocidental, em resposta ao capitalismo, da mesma procedência? Pode ser, também, o movimento ecumênico, uma forma velada da redescoberta da Estrada de Damasco. Perguntaremos: o que falta para a Igreja Ortodoxa, para ser ecumênica? Quais os seus erros fundamentais; evangélicos, doutrinários, sacramentais sucessores ou dogmáticos? “Se o nosso evangelho, diz Paulo, ainda estiver encoberto, está encoberto para aqueles que se perdem” (2Co 4:3). Se outras igrejas tiverem sentido de culpa, que voltem para as suas origens e serão muito bem recebidas.
      De fato, é muito salutar a preocupação e a vontade dos cristãos, que ocupam posições de responsabilidade, em verem o cristianismo unido em um só rebanho e um só pastor. O rebanho seria todos aqueles que confessam que “Jesus é o Senhor” (1Co 12:3). O único pastor chefe dos pastores é Jesus pelo testemunho do próprio São Pedro (1Pe.5:4). Aceitamos o ecumenismo na base do Credo Niceno. As ênfases teológicas ficariam à consciência individual, contanto que não se transformem em dogmas de fé. No aspecto administrativo, a Igreja Ortodoxa sustenta os privilégios históricos honoríficos, que as sedes apostólicas haviam auferido, mas sem nenhum sentido de soberania supremacia ou infalibilidade, senão a do Cristo. Para a Igreja, o chefe verdadeiro da Igreja, Jesus, está presente e visível na Eucaristia, no Espírito Santo, na Igreja. Durante o Império Romano, a administração hierárquica das Igrejas condicionou-se ao sistema da administração civil ou divisão política, dando prioridade honorífica às sedes metropolitanas. Jerusalém, o berço do Cristianismo, foi relegada a uma diocese de terceira ou quarta categoria, enquanto Constantinopla, que nem existiu nos primeiros séculos, se tornou segunda capital do Império e assumiu o privilégio honorífico de segunda cátedra, pela decisão do concilio ecumênico de Constantinopla, em 381 e o primeiro lugar em Calcedônia, 451.
      O mundo de hoje está ficando cada vez menor. A sociedade humana está se consolidando em termos nacionais, regionais e continentais; culminando na ONU e em outros órgãos internacionais. A ONU, apesar de suas falhas políticas, como instituição humana, tem servido como parlamento mundial, onde, pelo menos teoricamente, todas as nações, pequenas e grandes tem acesso e par de igualdade, de deveres e direitos, com algumas ressalvas, para satisfazer o capricho das chamadas grandes potencias. No caso da Igreja, defendemos o sistema da ONU.
      Resolvido o assunto do Credo doutrinário, podemos perfeitamente criar um CEC (Concilio Ecumênico Cristão), CEM (Concílio Eclesial Mundial), ou um organismo semelhante, onde todas as Igrejas apostólicas, ou mais numerosas. Por que “Os filhos deste mundo são os mais prudentes do que filhos da luz?” (Lc. 16:8). Seria, a meu ver uma nova Nicéia. Teríamos, como já temos uma só doutrina, um só corpo, um só espírito, uma só esperança, um só Senhor, uma só fé, um só batismo e um só Deus e Pai de todos (Ef. 4:4).
      7. ASPECTOS JURÍDICOS
      Nossa nomenclatura é questão polêmica e motivo de controvérsia. Já vimos que a Igreja na Síria foi a primeira a adotar o nome cristão e o adjetivo católico, desde o tempo apostólico. O adjetivo ortodoxo é exclusivo dela, desde tempos imemoriais, enfatizado, porém, na época de contestação ariana, nestoriana e calcedoniana, cujos seguidores exploravam o títulos de católicos . Ortodoxo, então, denominava os católicos fiéis ao Credo Niceno, que define a Igreja como una, santa, católica e apostólica.
      Hoje o nome da Igreja Síria é usurpado por outros grupos dissidentes. O nome católico também é disputado por muitas Igrejas e agremiações, com ou sem outros adjetivos. Isso não tira o nosso direito histórico e hereditário, atestado e confirmado pela magna carta do catolicismo, que nunca deixamos de citar em todas as nossas missas e cerimônias e principalmente nas sagrações episcopais. O nome ortodoxo é igualmente pleiteado pelas Igrejas Bizantinas ou Greco-Romanas. É sabido, porém, que as referidas Igrejas estavam em união com Roma até o século 11 ou, talvez, até o século XV e nunca cogitaram o uso deste título antes da referida época, enquanto a Igreja Síria, a Igreja Copta e suas demais irmãs usaram o nome ortodoxo como título, pelo menos desde o século V. O título atual de nosso patriarca é Chefe da Igreja Católica Sírio-Ortodoxa ou da Igreja Sirian-Ortodoxa Católica. É o fim de papo, para aqueles que fogem da realidade e aqueles que nos negam o que é genuinamente nosso.
       Longe de se ufanar da coisa alheia ou impor algum nome regional ou nacional estão aqueles que fazem parte da nossa comunhão. É o caso das Igrejas Copta, Etíope, Armênia, etc. Para os irmãos que, por convicção se unem à Igreja Católica Ortodoxa Síria no Brasil, o nome Sirian é apenas uma referência histórica, nunca deixando de ser católicos e brasileiros.
       NOÇÕES E CONCLUSÕES GERAIS
      O presente Trabalho, feito com isenção, é uma exclamação cristã e sincera, uma convocação a todos os cristãos, para redescobrirem a Igreja, à luz do Evangelho, da história e das novas realidades que vivemos. O mundo carece de ouvir a voz de uma Igreja única, que dê o testemunho da paz, num mundo de conflitos e guerras, à beira de catástrofes imprevisíveis. Centenas de problemas, considerados crônicos, foram ou tem sido resolvidos à luz das negociações. Nós, cristãos, que acreditamos na orientação do Espírito Santo, devemos redescobrir a nossa unidade em Cristo e em sua Igreja, removendo todos os obstáculos que obstruem a ação do Espírito Santo, na unificação de todos aqueles que invocam o nome do Senhor. A Igreja Ortodoxa dá a solução.
      Estamos já entrando no 3º milênio. Estamos, como cristãos, preparados para isso? Espero ver a Igreja do Cristo unida, sem barreiras, sem excomunhões, sem polêmicas, sem trincheiras; unida na fé, no Evangelho, no Credo, no batismo, na oração, na comunhão, no amor, na santidade e nos sofrimentos; “esforçando-se por conservar a unidade do Espírito no vínculo da paz” (Ef. 4:3).
      O calendário oriental do Advento abre-se no primeiro domingo de novembro, dedicando o primeiro domingo, entre oito, à santificação e o segundo domingo à renovação da Igreja, preparando os seus membros a receber o nascimento do Cisto com a devida dignidade . Isso é muito sugestivo e traz em si a intrínseca convicção da inerente unidade dos que chamam o Deus de Pai, alimentando viva a esperança imorredoura da chegada de um dia glorioso “para que fossem reconduzidos à unidade os filhos de Deus, que andavam dispersos” (Jô. 11:52) “para que o mundo creia e conheça que tu enviaste a mim” (17:21 a 23).
      O Brasil por sua formação social, cultural e cristã, tem a sua vocação ecumênica, manifestada e reconhecida em sua história e em suas relações internacionais, libertos de preconceitos discriminatórios de fanatismo, raça, ódio, colonialismo, camadas sociais, etc. Isso coloca o Brasil e os brasileiros em grandes vantagens à frente do Velho Mundo e de muitas culturas contemporâneas infestadas pelos vírus de doenças crônicas. O Brasil e os brasileiros têm uma vocação histórica e uma missão singular, inerentes no nome de Santa Cruz, que os grandes fundadores deram a esta terra. A proliferação desenfreada de ordens, igrejas e assembleias, que não se coaduna à alma brasileira, deve ser considerada como contestação e alienação entre Cristo e sua Igreja e como a busca de algo melhor, na tentativa de redescobrir os valores eternos da Igreja. E, como de fato comunidades, prelados e presbíteros, de diversas procedências vêm unindo-se à Igreja Católica Ortodoxa, resultado de oração, experiência e prolongados estudos, mesmo em obras tendenciosas; redescobrindo a si mesmos e a própria Igreja de seus sonhos. A Igreja Sírio-Ortodoxa, por sua vez, enxerga o dedo de Deus nessa aproximação espontânea, sem nenhuma conotação política, soberania cultural ou interesse comercial. Pelo contrário, a Igreja Ortodoxa carece desse movimento popular para sua sobrevivência e fixação em terras brasileiras e para sacudi-la a redescobrir a si mesma, saindo de sua inércia, voltando a reassumir os seus sagrados compromissos ecumênicos e revivendo os grandes ideais de seus primeiros missionários Pedro e Paulo e demais apóstolos, “para a obra que lhe foi destinada” (Atos 13:2). Ela tem tudo para satisfazer religiosidade brasileira. Ela tem todas as vantagens de todas as demais igrejas e nenhuma das desvantagens das demais Igrejas.
      Foi com esse espírito, que redigi o presente trabalho, que inspirou o próprio autor dirigindo de alma para alma “Isto é, para que juntamente convosco ou seja consolado pela fé comum, assim vossa como minha” (RO. 1:12). “Porque não me envergonho do Evangelho de Cristo, que é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê”(1:16). Sei que estamos tratando de coisas séries com homens sérios. Creio que dei o recado, que me apraz deixar em suas mãos para merecer sua meditação e seu estudo e julgamento; convocando teólogos, presentes e ausentes, para analisarem e ajuizarem o presente testemunho. Não devemos ficar apenas no ouvir ou ler. Devemos sim, apreciar, meditar, avaliar e sentenciar; saindo com decisões e resoluções práticas e quem sabe, com repercussões favoráveis, de âmbitos nacional e internacional, justificando a nossa vocação de bandeirantes e pioneiros, na redescoberta da razão da nossa fé, a salvação das almas.
      Campo Grande (MS), quarta feira, 05 de maio de 1982
      https://padrealexandremaia.blogspot.com/